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Treinos híbridos conquistam cariocas em busca de saúde e bem-estar

Práticas aliam técnicas de capoeira, ioga, pilates, dança, luta e, ufa, levantamento de peso

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 14 ago 2020, 21h46 - Publicado em 14 ago 2020, 07h00
Jorge Itapuã: criador do Organic Flow Method (Pedro Monteiro/Divulgação)
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Tão repisada nos livros de autoajuda, a frase “Inspira, respira, não pira” vem sendo empregada com afinco por uma turma que encontrou em atividades para o corpo e a mente uma boa maneira de enfrentar estes tempos em casa. Para atacar males como a inércia, a ansiedade e a dificuldade de dormir – que, segundo pesquisa recente da consultoria internacional The Bakery, atinge no período pandêmico quase metade dos brasileiros -, os cariocas estão optando por aliar exercícios com técnicas distintas em uma única aula.

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Em uma só tacada, entram em cena movimentos de capoeira, ioga, pilates, dança, luta e até levantamento de peso. “Afora, em geral, não demandarem equipamentos, essas atividades vão muito além do físico. Elas trabalham o lado mental e emocional e ajudam a lidar com a angústia do momento”, diz Tiago Haddad, especialista em fisiologia do exercício e um dos difusores da bioginástica no Espaço Orlando Cani.

A busca por saúde e bem-estar (mesmo entre os mais sedentários) se viabilizou durante a quarentena com a profusão de aplicativos. E os métodos “híbridos” – palavra aliás em alta nestes tempos de gradativa volta à normalidade – se disseminaram através dessas plataformas. “Nunca havíamos pensado em dar aulas on-line. Foi surpreendente ver quão adaptável é a nossa prática a esse novo ambiente”, avalia o instrutor Vicente Sauer, sócio de Ju Dominguez no Vertebra.

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A escola se inspira no método do israelense Ido Portal, um ex-praticante de artes marciais e capoeira que difunde a chamada “cultura do movimento” (a ideia é justamente mexer o corpo através de técnicas distintas). “Às vezes, numa modalidade, você fica preso a determinadas posturas e hábitos. A variedade de movimentos rompe com isso”, defende Taoli Wong, 29 anos, professor de ioga e também aluno do Vertebra. Com as aulas via Zoom, o número de inscritos na escola quase triplicou desde o início da quarentena e, mesmo depois que as turmas presenciais voltarem, a alternativa virtual deve ser mantida.

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O modelo, digamos, transdisciplinar está contemplado entre as tendências listadas pelo prestigiado Colégio Americano de Medicina do Esporte para 2020. A publicação enfatiza a alta da ioga, do treino com peso corporal e do estilo de vida saudável. Os especialistas dizem que, para aderir à fórmula híbrida, não há limite de idade ou peso. Basta ter ânimo para querer pôr o corpo em ação.

Bruno Jacques
Bruno Jacques: à frente do Movimento Finta (Léo Lemos/Veja Rio)
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“A mistura de atividades serve para qualquer um que busque desenvolver agilidade, coordenação, equilíbrio, força, velocidade de reação, além de ajudar na autonomia e na consciência emocional, já que um movimento corporal saudável traz comprovados benefícios à mente”, explica o fisioterapeuta, psicomotricista e mestre de capoeira Bruno Jacques, à frente do Movimento Finta.

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Em uma só aula, o aluno pode exercitar técnicas de respiração de ioga, executar abdominais do pilates e ainda fazer os rolamentos do zen-jítsu, vertente ligada aos primórdios da modalidade criada por Carlos e Helio Gracie. Esse tipo de treino envolve uma filosofia segundo a qual a estética é decorrência natural dos cuidados com a saúde. “Dou especial atenção ao bem-estar e às articulações. O resto é consequência”, resume o mestre de capoeira (e cineasta) Jorge Itapuã, do Organic Flow Method.

Os benefícios são atestados por praticantes como o cantor e compositor Moyseis Marques, que largou a academia há seis anos e há três aderiu ao modelo híbrido. “Ali, as prioridades são outras. Você começa trabalhando o equilíbrio corporal e acaba mudando hábitos no dia a dia, desde o jeito de andar até a forma de sentar e a maneira de respirar. Não fosse o movimento orgânico, não sei o que seria da minha quarentena”, diz Moyseis.

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A ideia de fundir técnicas diversas em um único treino vem se popularizando nas últimas décadas. Criado na Califórnia pelo treinador Greg Glassman há vinte anos, o crossfit é um exemplo – combina movimentos do atletismo, da ginástica olímpica e do levantamento de peso. Outro método híbrido, que se disseminou no Brasil conquistando famosas como Leandra Leal, Camila Pitanga e Letícia Lima, foi desenvolvido pelo carioca Jun Igarashi, que morreu no ano passado: sua prática mescla princípios do pilates com levantamento de peso olímpico.

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“Aprendi que força é autonomia. Hoje, treino e não apenas reproduzo séries de exercícios. Ao entender esse conceito, você não fica mais refém de equipamentos”, afirma a atriz Nanda Costa, há seis anos matriculada no Estúdio Igarashi, no Jardim Botânico. “Tinha um pouco de dores nas costas, o que não sinto mais. Vi minha postura melhorar, além do sono, da alegria e da disposição. É um trabalho muito completo”, acrescenta a atriz.

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“Primeiro é preciso gerar equilíbrio e função para o corpo para depois buscar a potência”, ensina Lu Igarashi, viúva de Jun. Lembrando o poeta romano Juvenal, “mente sã, corpo são”.

Corpo em movimento

Cinco opções de método híbrido em aulas virtuais

Movimento Finta (@movimentofinta) – O fisioterapeuta e mestre de capoeira Bruno Jacques integra bioginástica a zen-jítsu e capoeira para desenvolver aspectos psicomotores, equilíbrio, força, agilidade, autonomia e até habilidades emocionais. Mais informações: 99706-3582.

Estúdio Igarashi (@estudio_igarashi) – A técnica, inventada por Jun Igarashi, combina os princípios do pilates e do levantamento de peso olímpico visando força, equilíbrio e autonomia para o corpo. Aulas em grupo de até três pessoas via Zoom ou individuais. Mais informações: 98100-9879.

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Vertebra (@vertebra.mov) – A escola de movimento generalista foi inspirada no método do israelense Ido Portal. Em uma hora e meia de aula via Zoom, exercitamse mobilidade, capacidade de improvisação, ritmo e reflexo. Mais informações: info@vertebramov.com.br.

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Vertebra: escola de movimento generalista inspirada no método do israelense Ido Portal (Leo Lemos/Divulgação)

Bioginástica (@bioginastica_official) – Criada por Orlando Cani na década de 70, a bioginástica busca desenvolver força, flexibilidade e equilíbrio, além de trabalhar a consciência corporal e o controle da respiração. Aulas gratuitas pelo Facebook com Tiago Haddad, às segundas e quartas.

Organic Flow Method (@organicflowmethod) – Mestre de capoeira e fisioterapeuta, Jorge Itapuã é autor do método (em português conhecido como movimento orgânico), que alia ioga a capoeira, bioginástica e outras práticas. Aulas via Zoom e treinos-live abertos no Instagram.

 

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