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Adriana Camargo

Por Adriana Camargo, criadora do método Onix Yoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Quando o corpo fala – escutar para prevenir, viver para florescer

Um convite para escutar o corpo antes que ele precise gritar — inspirada pela força de Preta Gil, uma reflexão sobre escolhas diárias e autocuidado.

Por Adriana Camargo
Atualizado em 12 ago 2025, 23h19 - Publicado em 12 ago 2025, 22h57
Preta Gil com adereços de Carnaval
Preta Gil: cantora fará live diretamente do Morro da Urca na sexta pré-Carnaval (Divulgação/Divulgação)
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despedida-preta
A força de Preta, que nos inspirou com sua força e arte (Alice Venturi/Divulgação)

Algumas notícias chegam como se pausassem o ar. A morte de Preta Gil, aos 50 anos, vítima de câncer colorretal, foi assim. Um silêncio que atravessa, mesmo para quem não a conhecia pessoalmente. Porque ela era uma de nós: mulher, filha, amiga, artista. E, acima de tudo, humana o suficiente para mostrar ao mundo que, no corpo doente, cabem força e fragilidade na mesma medida.

Preta dividiu sua jornada com o público de forma generosa e rara. Falou dos procedimentos, das dores, dos medos, do corpo em transformação. E nos lembrou de algo que às vezes esquecemos: a saúde não é um dado garantido. Ela é construída, ou negligenciada, todos os dias, nas escolhas aparentemente pequenas que fazemos.

Mas, mesmo diante dessa despedida, não faltam vozes apressadas em apontar culpados, como se a doença fosse um fracasso pessoal. Não é. A vida é mais complexa que isso. Cada organismo carrega uma história única, influenciada por genética, ambiente, cultura, hábitos, afetos e traumas. E é justamente por ser complexo que precisamos aprender a enxergar os sinais com antecedência, enquanto ainda há tempo de agir.

O câncer colorretal é um dos mais preveníveis quando detectado cedo. E, ao mesmo tempo, é um dos que mais cresce no mundo, especialmente entre pessoas com menos de 50 anos. O que está por trás disso? A ciência aponta um conjunto de fatores: dietas cada vez mais distantes do alimento de verdade, sedentarismo crônico, excesso de peso, consumo frequente de ultraprocessados e carnes embutidas, baixo consumo de fibras, sono irregular, álcool em excesso. Tudo isso favorece uma inflamação silenciosa, conhecida como síndrome metabólica, que não afeta apenas o intestino, mas o corpo inteiro.

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Não é coincidência. O corpo fala antes de gritar. Fala na fadiga que você chama de “normal”. Na prisão de ventre que você ignora. No inchaço que você disfarça com roupas mais largas. No humor que oscila sem motivo aparente. Pequenos sinais que, somados, contam a história de um corpo sobrecarregado.

E é aí que entra a parte mais difícil: mudar. Não basta saber que algo faz bem — é preciso reorganizar a vida para que isso caiba no dia. É trocar uma refeição corrida e industrializada por comida de verdade. É interromper horas sentado para andar. É fortalecer músculos não só por estética, mas porque músculos ativos regulam hormônios, melhoram a imunidade, sustentam o corpo para o envelhecimento. É cuidar do sono, não como luxo, mas como ferramenta de reparo profundo.

Não estou falando de perfeição. Estou falando de compromisso com a vida. De criar um terreno fértil para que a saúde floresça. De marcar aquela colonoscopia que você adia há anos. De ouvir aquele incômodo que você prefere ignorar. De assumir que autocuidado não é vaidade, é sobrevivência.

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Eu também já falhei com o meu corpo. Já o silenciei com dietas restritivas demais, treinos extenuantes demais, pressões internas demais. Até entender que presença não é viver em guerra com o corpo, mas em parceria com ele. É ter coragem de parar para sentir. É reconhecer que saúde de verdade é física e emocional ao mesmo tempo, e que um não se sustenta sem o outro.

O que me move hoje é traduzir a ciência para a vida real. É fazer com que a informação se transforme em ação, que o conhecimento técnico encontre um espaço na sua rotina, e não apenas na sua lista de intenções.

No Rio, tenho visto mulheres ocupando as ruas, as praias, as próprias peles com mais liberdade. Isso é um movimento lindo, mas ele precisa vir acompanhado de consciência: liberdade não é deixar o corpo para depois. É dar a ele a chance de viver com vitalidade para acompanhar os sonhos.

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Preta Gil
Preta, força e alegria que seguem ecoando. (./Divulgação)

A morte de Preta Gil nos toca fundo porque ela nos lembra que a vida é urgente, e preciosa demais para ser vivida no automático. Que o que ela deixou, mais que música e alegria, pode ser semente de autocuidado. E que cuidar de si não é egoísmo, é a base para estar inteira para o mundo.

Se esse texto te fez parar para pensar, que ele também te mova para agir. Que você escute o seu corpo antes que ele precise gritar. Porque ele não quer punição. Quer atenção. Quer cuidado. Quer presença.

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E, se você quer aprender a cuidar de si de forma prática, real e consistente — sem modismos e sem extremos — me acompanha no Instagram: @adrianacamargo_yoga. Todos os dias, trocamos ideias, experiências e estratégias para viver com mais vitalidade e prazer.

Até a próxima coluna — e que a força que Preta irradiou continue ecoando em nós.

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