Cinco tendências para o mercado de bares e restaurantes na pós-pandemia
A frente do Meza Bar, a chef Andressa Cabral acredita que os clientes vão buscar "mais afeto e menos afetação na cozinha"
A frente do gastrobar Meza Bar, Andressa Cabral participou nesta quinta (18) do bate-papo promovido pelo Festival Banho-Maria, que apresenta diariamente, no Instagram de VEJA Rio, receitas de chefs convidados pela curadora Jack Marini. Durante a conversa, Andressa falou sobre os desafios de liderar um estabelecimento durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. “Fomos trocando a roda com o carro andando”, disse ela, que apostou no delivery inicialmente. Ao longo do bate-papo conduzido pela editora-chefe Fernanda Thedim, Andressa, que também é professora de gastronomia e pesquisadora de tendências, também contou quais são suas apostas para o futuro da área.
+Léo Paixão: “Vale mais a consistência do que a genialidade pontual”
A arte do delivery
Para quem já atuava com o processo de delivery, a pandemia foi realmente uma grande oportunidade de negócio. O segmento de pizza, hambúrguer, japonês, por exemplo, consegue se sair bem. Tem comidas, no entanto, que não “viajam” bem. Esses negócios tiveram que se adaptar até porque o delivery continuará como uma opção muito forte entre os cariocas por um bom tempo.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Transparência será fundamental
No momento da reabetura, vamos precisar mostrar tudo que estamos fazendo, pela segurança da clientela, com muita transparência. É natural que ele volte desconfiado, com receio, e não podemos nos sentir ofendido por isso. Sem dúvida, a confiança será um dos pilares dos novos novos hábitos de consumo daqui para frente e um dos fatores que irá pesar na hora do cliente escolher onde vai.
Afeto versus afetação
A alta gastronomia, da forma como ela estava caminhando, está em cheque. O momento agora é de mais afeto e menos afetação. As pessoas estão revendo as bases do seu consumo e vão fazer cada vez mais escolhas se baseando nos valores com os quais se identificam. Não acho que iremos estacionar na cozinha afetiva, mas vamos visitar outras movimentações gastronômicas que busquem isso.
+Falta de ar: psiquiatra explica a diferença entre Covid-19 e ansiedade
A vez dos sabores regionais
Acompanhando o que já era tendência antes da pandemia, o comportamento gastronômico deve mirar na cultura das regionalidades. Não quero ser a “Mãe Dinah” da gastronomia, mas acho que o que estamos vivendo agora vai deixar como legado a importância da gastronomia no nosso dia a dia. A comida voltou a ter um protagonismo imenso na vida das pessoas.
+William Reis: “O primeiro passo para ser antirracista é ter empatia”
Mais originalidade nos balcões
A coquetelaria é uma vertente do grande guarda-chuva da gastronomia que vai ganhar ainda mais espaço. Mas ela precisa descer os degraus da afetação. Não dá mais para só importar as receitas do outro lado do trópico, copiar o que estão fazendo ali do lado. Precisamos repensar o que oferecemos lembrando onde estamos. Fazer a coisa de maneira adequada e respeitando a nossa diversidade.