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As foodtechs cariocas se destacam em diversos filões

Cresce o número de startups e empresas que apostam em inovações na produção dos alimentos, nos modelos de entrega e até na forma de fazer compras

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 mar 2020, 10h35 - Publicado em 6 mar 2020, 12h00

No meio da seção de carnes, uma embalagem com imagens apetitosas chama atenção pela informação inusitada: “feito de plantas”. Isso mesmo: a almôndega, a carne moída e o hambúrguer da marca Fazenda Futuro não levam 1 grama de alimento de origem animal, sendo inteiramente preparados com ervilha, proteína isolada de soja e de grão-de-bico, e beterraba, para dar cor. “Claro que é um produto ideal para vegetarianos e veganos, mas boa parte dos clientes é de pessoas que querem só diminuir o consumo de carne, frequentemente por motivo de saúde”, diz Marcos Leta, sócio de Alfredo Strechinsky no empreendimento.

Promissora e inventiva, a Fazenda Futuro integra o crescente rol das foodtechs, nome dado às empresas — geralmente startups — que desenvolvem novas tecnologias para revolucionar o setor alimentício no Brasil. De 58, em 2018, o número saltou, hoje, para 302 — e está subindo —, segundo dados do Foodtech Movement, que monitora o setor. “A área de atuação começa na produção e pesquisa de novos ingredientes, passa por processamento, distribuição e venda e chega à casa do consumidor, buscando entender e solucionar suas necessidades”, explica Ana Carolina Bajarunas, idealizadora do Foodtech Movement.

Em um mercado ávido por novidades, a expansão vem a jato. A carne vegetal produzida por Leta e Strechinsky, os criadores dos sucos Do Bem (marca que venderam à Ambev em 2016), está presente em mais de 6 000 pontos de venda no Brasil. Isso inclui redes como Bob’s e Spoleto. Pode ser encontrada ainda em lojas na Holanda, Chile e Uruguai. Começa neste mês a ser exportada para o México e, neste ano, chegará à Alemanha e à Inglaterra. Seguindo trilha parecida, o Grupo Mantiqueira, também do Rio, lançou no ano passado o N.Ovo, produto de origem vegetal que pretende substituir o ovo em receitas. Os ingredientes principais são, de novo, a ervilha (submetida a um procedimento de alta tecnologia em laboratório que isola a proteína dos demais nutrientes) e a linhaça dourada integral. A embalagem de 20 reais imita a versão tradicional, mas dentro, em vez da dúzia de ovos, encontra-se um pó para ser misturado com água e utilizado no preparo de pães, massas e bolos. “Nosso objetivo é ter uma linha com opções que sirvam para cada função específica do ovo”, explica Amanda Pinto, gestora de inovação do grupo.

A foodtech AeroFarms: entre as melhores invenções de 2019 (Aerofarms/Divulgação)

Liderado por Israel e Estados Unidos, com destaque para a Califórnia, o mercado global de startups no ramo de alimentos já produziu 35 unicórnios — nome dado àquelas avaliadas em 1 bilhão de dólares ou mais. No Brasil, a Região Sudeste concentra 85% das foodtechs. Sua multiplicação acelerada no mundo todo é atribuída, entre outros fatores, à conscientização da necessidade de minimizar impactos ambientais e de desenvolver formas alternativas capazes de alimentar os mais de 9 bilhões de seres humanos que habitarão a Terra em 2050. Um dos exemplos mais bem-sucedidos é o da americana AeroFarms, eleita pela revista Time uma das melhores invenções de 2019. Com sede em Newark, no Estado de Nova Jersey, a maior fazenda vertical do mundo cultiva mais de 800 variedades de vegetais usando 95% menos água que a agricultura tradicional.

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Aqui, a maior parte das novas tecnologias atende ao segmento de serviços. É o caso da Yellow Mango, que entrega kits com ingredientes frescos em porções exatas para elaborar, em até vinte minutos, receitas como espaguete à carbonara e moqueca indiana de salmão. “Nosso foco são pessoas ocupadas mas que querem comer bem, sem muito trabalho”, explica a empresária Eva Monteiro de Carvalho. O aplicativo, lançado no fim de 2018, dispõe de sessenta receitas semanais, de um total de mais de 200 elaboradas por chefs renomados, em porções individuais e a preços que variam entre 25 e 39 reais. “Não fazemos marmita nem quentinha. Oferecemos um serviço mais rápido em comparação com o padrão delivery e uma experiência inovadora, tanto sensorial quanto de sabor”, garante Eva.

Eva Monteiro de Carvalho, da Yellow Mango: refeições gourmet sem trabalho (Yellow Mango/Divulgação)

Outra iniciativa voltada para sofisticar o cardápio dos clientes é o ChefsClub, dos sócios-fundadores Fabrizio Serra e Guilherme Mynssen. Com assinatura mensal de 15 reais, o clube proporciona descontos de 15% a 50% em mais de 4 000 restaurantes e já conta com uma carteira de 100 000 sócios no Brasil, movimentando mais de 200 milhões de reais em faturamento para os estabelecimentos. “Para nós é um grande prazer saber que alguém pode desfrutar de um restaurante que, antes, lhe parecia caro demais”, diz Mynssen. Como a roda tecnológica não para, a Yellow Mango planeja agora instalar totens em prédios comerciais e supermercados que permitam ao cliente escolher um prato e receber os ingredientes no momento em que chegar em casa. Simples, gostoso e prático — a própria definição da boa cozinha.

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