Chefs renomados investem em restaurantes mais acessíveis
O restaurateur Pedro de Artagão lança a Oficina do Estrogonofe e Lucio Vieira, do Lilia, aposta em petiscos de botequim com a marca Bar Labuta
Não restam dúvidas de que a crise econômica deflagrada pela pandemia causada pelo novo coronavírus devastou diversos setores e os fez se reinventar. Nessa seara inclui-se a gastronomia, claro. Em tempos de grana curta e, ao mesmo tempo, apetite por novidades, além do desejo por comidas que confortem e ajudem a atravessar este árduo período de confinamento, chefs renomados do Rio – em evidência na boa gastronomia ou na TV – investiram no desdobramento de seus bem-sucedidos negócios e apostaram na criação de marcas mais populares, com receitas de qualidade vendidas a preços mais em conta.
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Na mais recente safra de boas-novas, o chef Pedro de Artagão, restaurateur do Grupo Irajá, lançou na semana passada a Oficina do Estrogonofe. Como o próprio nome sugere, trata-se de uma operação digital, em funcionamento via entregas próprias ou pelo iFood, da clássica receita do mestre-cuca, em versões como carne, frango e camarão, acompanhadas de arroz, batata palha caseira ou sauté, vendidas em porções fartas a valores entre 38 e 48 reais ou em combos generosos entre 52 e 72 reais. “Desde a abertura de nossos outros negócios, já vínhamos ensaiando uma democratização do acesso aos nossos restaurantes e flertando com essa possibilidade de atrair a maior variedade de público o possível”, conta Artagão. “O estrogonofe não só é um prato delicioso, mas é uma receita compreendida e entendida por todos, independentemente da classe social. Ao trabalhar em larga escala e com volume, você consegue custos melhores. Fato que combina com o momento de as pessoas estarem em busca de uma comida mais comfort e ainda converge com o público querer preços melhores neste momento. Nesse sentido, foi uma marca abraçada por este modelo de delivery, em que conseguimos entregar uma comida diferenciada, gostosa e com preço imbatível”, explica o chef, cuja ideia era inicial era implementar o tipo de negócio em praças de alimentação de shoppings centers.
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Nessa mesma toada, o chef Lucio Vieira, do Lilia e Lilia Café, ambos no Centro, apostou na criação do Bar Labuta. Aberta poucas semanas antes do decreto que implementava o fechamento de bares e restaurantes, em março, a empreitada surge com a proposta de levar ao público petiscos típicos de botequim, a exemplo de croquete, coxinha e porção de sardinhas, por preços entre 8 e 35 reais. Por enquanto, tudo sai da cozinha do “irmão mais velho”, o Lilia, e é possível inclusive mesclar num mesmo pedido sugestões dos três menus do chef. “A ideia é ter opções simples e típicas de botequins da cidade para fisgarmos exatamente um público para o qual o Lilia possa ainda ser caro ou aqueles em que talvez o conceito não interesse tanto”, explica Vieira.
Da mesma forma, no último mês, o chef Thomas Troisgros, responsável pela cozinha de restaurantes como o sofisticado Olympe e à frente do T.T. Burger, inovou ao abrir no último mês o Três Gordos, uma hamburgueria 100% digital, com foco no delivery, e dedicada a lanches simples, bem executados e com preços atraentes: entre 15 e 39 reais (esse último referente ao combo mais robusto do menu). Seu pai, o “franco-carioca” Claude Troisgros, também apostou na inauguração do restaurante Do Batista, em parceria com Batista, seu-braço direito de longa data. Nele, é possível provar clássicos da dupla, como o picadinho, por 38 reais.
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Sócia do Aconchego Carioca e parceira de Claude e Batista no reality “Mestre do Sabor”, Kátia Barbosa também aderiu à onda há um mês, com o “Kátia Barbosa em casa”, um menu com clássicos de sua autoria para serem entregues resfriados e embalados a vácuo. No cardápio constam receitas como o tradicional bolinho de feijoada (23,75 reais; seis unidades), o bobó de camarão e a rabada. “Elas têm um ótimo custo-benefício pelo preço competitivo e também por permitir que o cliente se organize e peça delivery de forma mais sustentável e consciente. Em vez de comprar comida todos os dias, é possível escolher o menu da semana e pedir tudo de uma vez só”, explica Katita. Ela garante que, no freezer, os preparos duram até três meses. Como se vê, há opções para todos os gostos – e bolsos.