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Estudo vai investigar racismo nas abordagens policiais no Rio

A reedição da pesquisa Elemento Suspeito, realizada pela primeira vez entre 2003 e 2005, avaliará opiniões da população sobre a polícia

Por Agência Brasil Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 Maio 2021, 11h42 - Publicado em 21 Maio 2021, 11h40

Foi lançada na quinta (20) a reedição da pesquisa Elemento Suspeito, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC). O objetivo é conhecer a incidência de abordagens policiais nas ruas do Rio, levando em conta idade, raça e território, além de verificar a qualidade dessas interações e as opiniões de diferentes setores da população sobre a polícia.

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A primeira edição, feita entre 2003 e 2005, apontou que 55% das pessoas negras abordadas eram revistadas, enquanto entre os brancos o índice era de 33%. As revistas corporais ocorriam em 77% das pessoas paradas a pé e em apenas 20% dos parados em carros particulares. Agora, os pesquisadores procuram saber o que mudou nessas quase duas décadas nas políticas e nas práticas de policiamento.

O primeiro boletim da pesquisa atual, Elemento Suspeito: racismo e abordagem policial no Rio de Janeiro, apresenta a metodologia que será seguida, como a formação de um conselho para assessorar os pesquisadores e como serão tratadas as faltas de resposta por parte das autoridades policiais.

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A pesquisa vai incluir um levantamento quantitativo sobre a proporção de pessoas abordadas, a qualidade da interação policial e opiniões a respeito das polícias e das operações policiais. Na parte qualitativa, serão explorados aspectos sobre as perguntas que os policiais fazem nas abordagens, o que caracteriza uma revista humilhante, qual é a sensação de ter uma arma apontada para você e como é se sentir o elemento suspeito em uma abordagem policial.

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O lançamento ocorre na semana em que a morte do menino João Pedro, no município de São Gonçalo, completa um ano e às vésperas do aniversário de morte do americano George Floyd, em Mineápolis, ambos vítimas de violência policial.

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O pesquisador Diego Francisco destaca, no boletim, que as redes sociais proporcionam, atualmente, a possibilidade de construção de narrativas, denúncias de violações de direitos e compartilhamento de vivências da população negra, sejam elas periféricas ou não. Para ele, a pesquisa vai contribuir com essa análise dos fenômenos sociais.

“A primeira edição desta pesquisa foi capaz de produzir dados elementares para a discussão no campo de pesquisa da segurança pública; desta vez temos a chance de radiografar os impactos persistentes de um fenômeno que se aprofunda, se intensifica e se amolda ao seu tempo. É empreender a busca por compreender mecanismos que reforça cotidianamente o lugar das pessoas negras nesta cidade. Ampliaram-se os interlocutores e, ainda mais, a responsabilidade”.

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A coordenadora da pesquisa, Silvia Ramos, explica que a publicação de hoje é a primeira de uma série que será produzida sobre a realidade atual das ruas cariocas, que vem se mostrando mais severa e justifica uma atualização do estudo.

“Em 2003, coordenei, junto com Leonarda Musumeci, uma pesquisa pioneira no CESeC sobre abordagem policial no Rio de Janeiro. Um dos policiais entrevistados disse: como os policiais dizem pelo rádio da viatura, o abordado é sempre o elemento suspeito cor padrão”.

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Para ela, a pesquisa pode contribuir para mudar a realidade vivenciada pelos jovens negros. “O que vai mudar as polícias é a pressão organizada da sociedade, de fora para dentro e de cima para baixo”.

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