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A causa da morte de Glória Maria, que faleceu aos 73 anos no Rio

Ícone da TV, ela foi pioneira em diversas frentes do jornalismo, tendo se tornado um dos principais nomes de sua profissão no país

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 fev 2023, 14h28 - Publicado em 2 fev 2023, 14h05
Glória Maria está sorrindo e usa blusa de alcinha marrom-clara. Ela tem os cabelos com as pontas aloiradas e penteado com ondas.
Glória Maria: entrevista sobre racismo num Dia da Consciência Negra (TV Globo/Divulgação)
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O Brasil amanheceu triste com a notícia da morte da jornalista Glória Maria, aos 73 anos. Ela sofria de câncer no cérebro. Ícone da TV, ela foi uma desbravadora. Foi a primeira repórter ao entrar ao vivo na televisão brasileira e visitou mais de 100 países em suas reportagens, além de ter feito coberturas de fatos marcantes na história do país. Ela deixa duas filhas: Maria, de 15 anos, e Laura, de 14.

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A batalha da jornalista contra a doença começou em 2019, quando ela foi diagnosticada com um tumor no pulmão. O tratamento com imunoterapia foi bem-sucedido, mas Glória sofreu metástase no cérebro. Ela foi submetida a uma cirurgia e tudo correu bem. Porém, teve novas metástases no órgão.

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“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, explica a Globo em um comunicado.

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Nascida em Vila Isabel, na Zona Norte, Glória Maria Matta da Silva era filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta. Com a separação dos pais, foi criada por muito tempo pela avó paterna, Alzira, na Zona Oeste. Tendo estudado em colégio público, sempre se destacou. “Aprendi inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”, contou ela ao site Memória Globo.

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Formou-se em Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), que conciliava com o emprego de telefonista na Embratel. Em 1970, levada por uma amiga, assumiu a radioescuta da Globo do Rio. Naquele tempo, o repórter ouvia as frequências de rádio da polícia e fazia rondas por telefone, ligando para batalhões e delegacias.

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Logo se destacou, se tornando repórter de campo em uma época em que eles não apareciam no vídeo. Sua estreia na frente das câmeras foi na cobertura da queda do viaduto Paulo de Frontin, em 1971. Glória foi pioneira em diversas frentes. Trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV e no Bom Dia Rio, do qual fez a primeira reportagem, há 40 anos.

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Foi a primeira repórter a aparecer ao vivo na televisão, em 1977, na primeira reportagem com imagem colorida no Jornal Nacional. Faltando um minuto para entrar no ar, a luz queimou. Os faróis do carro de reportagem foram acessos para iluminar o rosto de Glória, e ela e o repórter cinematográfico tiveram que ficar de joelhos.

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Entre outras passagens marcantes de sua carreira, está a cobertura da posse do presidente americano Jimmy Carter, em 1977. Em uma entrevista com João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, para o Jornal Nacional, o filme da câmera acabou e ela pediu para que ele repetisse a fala, mas ele se negou.

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“O ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim'”, revelou a jornalista. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2022, Glória Maria disse: “Nada blinda preto de racismo. Nada. E ainda mulher preta é pior ainda. Porque nós somos, como é que eu vou dizer?, mais abandonadas, mais discriminadas. Você tem que aprender a se blindar da dor. Se você for esperar o blindamento universal, você está perdida.” Com sua fala, Glória escancarava o racismo estrutural brasileiro, que não poupou uma das jornalistas mais importantes do país.

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Ao longo de sua carreira, seguiu quebrando barreiras na profissão. A partir de 1986, integrou a equipe do Fantástico, do qual foi apresentadora de 1998 a 2007. Ficou conhecida pelas reportagens especiais, visitas a muitos países (foram mais de 100 durante a carreira) e entrevistas com celebridades internacionais, como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo DiCaprio e Madonna.

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Também cobriu a Guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998). Em 2007, realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira.

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Depois de uma década no Fantástico, Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Em 2009, em uma viagem à Bahia, adotou as filhas. Laura tinha 17 dias, e Maria, 9 meses quando as conheceu. “Elas são minhas. De outra vida, ou de agora. Não é aquilo: ‘Ah, elas são filhas do coração’. Elas são minhas. De verdade”, disse ela à Trip.

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Ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter, programa do qual fez parte até sua morte. Foi a primeira mulher a fazer matérias de aventura na televisão: escalou o Himalaia e o Grand Canyon, e desceu o bondinho do Pão do Açúcar por uma corda. Sua visita à Jamaica em 2016, em que fumou cachimbo em um ritual rastafári e andou de montanha-russa, rendeu muitos memes, o que ela levava na esportiva. “Estou achando o máximo, adorando. Que venham mais memes. Que as pessoas estimulem a criatividade”, afirmou.

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