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Renata Silveira: “Desenvolvi o gosto por esporte brincando no subúrbio”

Pioneira na narração feminina de futebol, a carioca de 31 anos conta como a cidade, o Maracanã e a dança ajudam a impulsionar o voo profissional

Por Ana Beatriz Tavares e Sofia Harper*
Atualizado em 9 jul 2021, 16h27 - Publicado em 9 jul 2021, 16h20

Pioneira na narração feminina no mundo esportivo, Renata Silveira é uma carioca gente como a gente, apaixonada pelo Maracanã, amante das praias e da natureza. Extraiu o gosto pelo futebol da infância na Zona Norte, “brincando na rua, pulando muro e ralando o joelho”. Depois de ter narrado partidas do Mundiais de 2014 e 2018, ela comemora a estreia no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e na Eurocopa, pelo Grupo Globo.

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Enquanto sonha com o fim da pandemia e a normalidade dos estádios brasileiros, a ex-bailarina de 31 anos vive no dia a dia as dores e delícias de desbravar um ambiente de domínio masculino. “Minha voz representa todas as mulheres que lutam por seus espaços e sonham com a igualdade”, orgulha-se. Nesta breve conversa, Renata conta também as novas ambições, os lugares preferidos na cidade, as lembranças do subúrbio e os bastidores da rotina profissional, entre outros assuntos. 

Quando você pensou pela primeira vez narrar futebol?

Nunca imaginei ser uma narradora de futebol. Em 2014 eu estava terminando a pós em jornalismo esportivo e a Rádio Globo lançou o concurso “Garota da Voz”. Eu me inscrevi, mas sem pretensão alguma de virar uma narradora. Venci o concurso, me tornei a primeira mulher a narrar uma Copa do Mundo e me apaixonei por isso. (Renata narrou Uruguai 1 x 3 Costa Rica e Croácia 1 x 3 México no Mundial de 2014.)

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Quais as suas principais inspirações profissionais, em particular na narração esportiva?

Sempre adorei futebol. Admirava muito diversos narradores, principalmente os de rádio. Hoje minhas principais referências são Galvão Bueno, Milton Leite e Gustavo Villani.

Como você avalia o seu pioneirismo profissional para a representação feminina no mercado de trabalho e, em particular, na cobertura do futebol, uma área historicamente de domínio masculino?

Eu me sinto como uma desbravadora, entrando em uma mata fechada e abrindo caminhos para as próximas que virão. Um desafio e uma responsabilidade muito grandes. Minha voz representa todas as mulheres que lutam pelos seus espaços e sonham com a igualdade.

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Você já viveu algum constrangimento, por ser mulher, no ambiente de trabalho ou em alguma transmissão? Qual a maior dificuldade de uma comunicadora no meio esportivo?

Não, nunca vivi. Acredito que nós mulheres precisamos estar preparadas o dobro. Precisamos estudar mais, nos esforçar mais, e estarmos prontas 100% sempre, sem tempo para errar. Precisamos mostrar que somos competentes todos os dias. É uma luta diária.

Você estreou no Grupo Globo em março, narrando a goleada do Botafogo no Moto Club (5 a 2), pela Copa do Brasil. Algum comentário sobre essa largada a marcou ou a surpreendeu?

A repercussão foi maravilhosa. Melhor, impossível. Narrei um grande jogo do Botafogo, coisa que não acontecia havia muito tempo. A torcida me abraçou de uma forma muito legal. Os comentários supersticiosos foram os mais legais: “Queremos a Renata narrando todos os jogos do Botafogo”.

Você passou a narrar também o Campeonato Brasileiro. O que muda com esta experiência inédita?

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Estou muito empolgada em narrar o Brasileiro, competição que eu acompanho de perto desde criança. Além disso, é uma grande responsabilidade falar com duas torcidas apaixonadas a cada jogo.

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Narrar o futebol feminino é particularmente especial? Como a comunicação pode ajudar na valorização dessa modalidade?

Tenho um carinho especial pelo futebol feminino. A minha história é muito parecida com a das jogadoras. Elas lutam pelos mesmos objetivos que eu, buscando cada vez mais espaço. Com a qualidade que tem, o futebol feminino vai ganhar mais visibilidade e evoluir.

Imagino que você, carioca, tenha desenvolvido uma relação especial com o Maracanã. Você sonha narrar um jogo importante no estádio? 

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Sou apaixonada pelo Maracanã. Estou morrendo de saudades do estádio nesse momento de pandemia. Vivi no Maracanã muitos momentos tristes e felizes como torcedora. Agora quero poder ser a voz de várias histórias e jogos no Maraca. 

Que outras influências do Rio contribuíram para o gosto pelo esporte e a carreira?

A minha geração ainda brincou na rua. Nasci e cresci no subúrbio do Rio, brincando na rua, pulando muro e ralando o joelho. Minha infância foi maravilhosa e foi lá que desenvolvi o amor pelos esportes.

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Ainda sobre a sua relação com o Rio, quais os seus lugares preferidos? Como você curte a cidade quando tem uma folguinha, ou para se refugiar do estresse do dia a dia? 

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Eu não largaria essa cidade por nada. Meus lugares preferidos são as praias da Barra e da Zona Sul. Gosto de estar em contato com a natureza e me desligar da rotina. Dividir esses momentos de lazer com meu filho, de 8 anos, é muito especial e necessário.

Falando ainda em influências, você também é professora de sapateado e balé. Em que o mundo da dança contribui ao trabalho de narradora?

Danço desde os meus 3 anos. Costumo dizer que a dança formou o meu caráter. Ela me ensinou a ter disciplina, responsabilidade e postura. Sem a dança, eu teria sido uma pessoa completamente diferente. Hoje tenho uma academia de dança na Zona Norte, e quero que muitas pessoas vivam tudo isso também. Como narradora, o meu histórico como bailarina ajuda muito também na minha expressão corporal, no ritmo da fala, no meu condicionamento físico.

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Como você se prepara para uma narração?

São muitos dias de estudo. Leio informações sobre o jogo, os clubes, os jogadores. Amo estudar, e só me sinto segura e confiante para uma partida estudando bastante. O público merece ter o melhor.

Você sonha narrar alguma partida ou disputa em especial?

Uma medalha olímpica de algum atleta brasileiro ou algum título da seleção brasileira de futebol feminino ou masculino.

Quais os próximos passos na carreira?

Esperar essa pandemia passar e narrar pela primeira vez um jogo de futebol direto do estádio.

* Ana Beatriz Tavares e Sofia Harper, estudantes de Jornalismo da PUC-Rio, sob supervisão de professores da universidade e revisão de Veja Rio.

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