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Com uma dúzia de opções, Tijuca vira polo cervejeiro

Bairro reúne diversas casas especializadas em cervejas artesanais e aumenta o orgulho do morador, além de atrair visitantes

Por Rafael Cavalieri
Atualizado em 2 jun 2017, 12h36 - Publicado em 23 Maio 2015, 01h00
Bares Tijuca
Bares Tijuca (Felipe Fittipaldi/)
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Na crônica da cidade, o perfil de um personagem pode ser definido por seu bairro de origem. Não é ciência exata, mas é divertido. Quem nasce na Tijuca, por exemplo, distingue-se pelo orgulho danado que sente do torrão natal. Por lá, uma emoção imodesta brota de tradições locais, como os bares que resistem há décadas. A lista vai da simplicidade do Bode Cheiroso à fartura dos pratos do Salete, passando por Dona Maria, Momo e Varnhagen, entre outros redutos de prestígio. Pois justamente nessa área, a dos comes e bebes de botecos e congêneres, há um novo motivo para ufanismo tijucano: o bairro concentra pelo menos doze endereços dedicados a cervejas artesanais (veja o mapa na pág. ao lado). A proliferação de geladas, acompanhada do notável aumento da qualidade do produto, levou ao surgimento de negócios que fizeram da Tijuca um polo.

+ Veja os demais destaques de bares da cidade

O movimento começou na Praça da Bandeira — que, como todo tijucano acredita, é um bairro gentilmente anexado pelo vizinho orgulhoso. Ali, em 2006, o Aconchego Carioca serviu de sede para as primeiras reuniões da Associação dos Cervejeiros Artesanais (Acerva Carioca). Kátia Barbosa, dona do bar, investiu desde cedo na variedade de rótulos. Hoje, em um imóvel mais amplo do outro lado da rua, oferece até uma marca própria entre 150 sugestões. O endereço dos primeiros encontros é ocupado atualmente pelo Bar da Frente, que já chegou a respeitáveis sessenta opções disponíveis, todas de produção nacional. Logo ali, na mesma Rua Barão de Iguatemi, Leonardo Botto, o mestre-cervejeiro que liderou as pioneiras assembleias, inaugurou o Botto Bar, em 2013. Sua especialidade é o chope, atração em vinte torneiras. No início, não havia margem de lucro. “Buscamos novas cervejas para fazer burburinho, mas o interesse foi aumentando cada vez mais e resultou nesse boom”, diz Kátia.

Infográfico Bares
Infográfico Bares ()
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O número de negócios do gênero, e de garrafas, cresceu e multiplicou-se na Tijuca. Aluguéis mais baratos do que os cobrados na Zona Sul ajudam a entender o fenômeno, mas não o explicam por completo. É aí que entra, mais uma vez, o brio local. Onze dos doze pontos cervejeiros de primeira listados nesta matéria são administrados por moradores locais — Leonardo Botto mudou-se para Copacabana, mas continua dando expediente na casa. Afinal de contas, a proximidade faz a diferença. “Apareço na loja todos os dias, e as pessoas percebem isso. Conversamos sobre cerveja, dou sugestões e noto que minha atitude cativa os clientes”, opina Paulo Mello, sócio do Yeasteria, ao lado da mulher, Luciana Maranhão, e do amigo Igor Lopes.

Yeasteria
Yeasteria ()

Renata Souza comprova a teoria de Mello. Moradora do Catete, na Zona Sul, um lugar menos afortunado no quesito cervejeiro, a médica de 29 anos curtia, no último dia 9, uma animada mesa entre amigos no Bento, empreitada com 170 variedades de cerveja e três torneiras de chope. Entre outras, dividiram uma Gouden Carolus Cuvée van de Keizer Blauw 2013, preciosidade belga vendida por R$ 85,00 (750 mililitros). “Já fui ao Bar da Frente e ao Aconchego. O clima é ótimo, o programa compensa o gasto com o táxi”, conta. No resto da cidade encontram-se portentos como o Delirium Café, em Ipanema, com 480 rótulos, e o Lapa Café, com cerca de 500 opções no freezer. A Tijuca, no entanto, ganha pela variedade de endereços disponíveis. É digna de orgulho, como defendem os nativos — principalmente para quem gosta de cerveja. ■

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