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Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos
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Freixenet, gigante das borbulhas

Espumante importado mais vendido no Brasil oferece uma visita belíssima aos enoturistas

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 abr 2022, 16h58 - Publicado em 11 abr 2022, 08h00

Por Marcelo Copello

 

Após 30 anos trabalhando no mundo do vinho, tornam-se cada vez mais raras as ocasiões em que sou surpreendido, arrebatado. Afinal, já devo ter visitado mais de 1.000 vinícolas e provado mais de 100.000 vinhos.

 

Pois uma destas raras ocasiões de encantamento aconteceu em minha mais recente viagem à Espanha, quando visitei Freixenet. Localizada próxima a Barcelona, em Sant Sadurní d’Anoia, capital do Cava, a Freixenet é um gigante.

 

Com a compra pela alemã Henkell em 2018, o grupo Henkell Freixenet, tornou-se o maior produtor de espumantes do mundo – em 2020 comercializou 225 milhões de garrafas. E é exatamente pelo tamanho que a empresa primeiramente impressiona, mas não só por isso.

 

A história da Freixenet, fundada em 1914, confunde-se com a história do Cava, a grande Denomicação de Origem de espumantes na Espanha. O Cava não tem uma região única, embora o original e principal (85%), seja no Penedés/Catalunha. Desde do século XVIII, os catalães tinham relação com a região de Champagne na França pois eram os principais fornecedores de rolha de cortiça. Na primeira metade do século XIX, as primeiras tentativas de elaboração pelo de espumantes pelo método tradicional na Catalunha, coincidem com a Filoxera, uma praga que afetou os vinhos a França, mas ainda não havia chegado à Espanha, causou uma “corrida do ouro” por vinhos espanhóis, impulsionado a produção de espumantes na região

 

O nome Cava vem de “Criado em Cava”, referindo-se às cavernas subterrâneas construídas para proteger o processo do clima quente da região. A partir de 1960 o Cava ganhou um salto de qualidade, com regras e novas tecnologias, com foco no mercado internacional. Em 1986 o governo oficializou o uso do nome Cava para vinhos espumantes de qualidade elaborados pelo método tradicional, fixando assim as regras para esse produto.

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As principais castas permitidas são as espanholas Xarel·lo (que aporta corpo e acidez) e Macabeo e Parellada, mais presentes nos aromas. Há algumas décadas foram também permitidas o uso das francesas Chardonnay e Pinot Noir, dando ares mais internacionais ao produto. Os Cavas são classificados por seu tempo de amadurecimento com as borras, como acontece no método tradicional. Assim, todo Cava por lei precisa ter ao menos 9 meses de maturação, enquanto os Reserva precisam de ao menos 15 meses e os Gran Reserva de ao menos 30 meses. Desde 2017 um novo nível, de qualidade superior, foi criado, caracterizado pela origem de vinhedo único, são os Cavas de Paraje Calificado.

 

O método champenoise ou tradicional, obrigatório para os Cava, inclui longo envelhecimento das garrafas em uma cave. Imaginem então meu deslumbramento ao visitar os vários andares de túneis na Freixenet, 20 metros abaixo da superfície, passeando em um trenzinho e ver corredores que guardam literalmente centenas de milhões de garrafas. Nos longos túneis pelos quais passei, há centenas de nichos de garrafas empilhadas. Cada nicho de 25 metros de profundidade, guarda módicos 1 milhão de garrafas. Cada tanque de fermentação, e são dezenas, comporta 600 mil litros (mais que a capacidade de muitas vinícolas inteiras). Para colocar em perspectiva, saibam que a produção inteira de espumantes brasileiros está na casa de 30 milhões de litros.

 

Mas não falamos apenas de quantidade aqui, a qualidade está muito bem cuidada. Não é à toa que a filial brasileira protagonizou uma virada histórica nas vendas. “Formos de 100 mil garrafas em 2009 para mais de 1,9 milhão em 2022”, conta Fabiano Ruiz, o CEO da Henkell Freixenet Brasil. Fiz uma prova in loco de toda a gama alta de produtos e fiquei muito bem impressionado. Além dos dois que destaco abaixo, tive o privilégio de provar um Malvasia 2011, um espumante doce de 10 anos de idade, sensacional para a sobremesa, com grande complexidade.

Obs: o passeio que fiz é aberto a público, e por 15,50 euros, dá direito a prova de 2 cavas.

Reserva Real Extra-Brut

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Elaborado com Macabeo, Xarel-lo e Parellada, com ao menos 30 meses sur lie. Palha dourado claro, perlage muito pequena. Aroma bastante autolítico, remetendo muito a champagne, fruta mais madura, crème brulée, (crema catalana, no caso), frutas secas, tostados Paladar encorpado, cremoso, firme de acidez, aroma oixidativo, com ótima evolução, com algum potencial de guarda. Nota MC 93 pontos

 

Freixenet Reserva Real
(DIvulgação/Divulgação)

Elyssia Grand Cuvée Brut

Elaborado com Chardonnay, Macabeo, Parellada e Pinot Noir, com ao menos 15 meses sur lie. Perlage muito pequena. Aroma fresco e frutado, frutas amarelas, maçã, mel, elegante e com boa complexidade, autolítico, fermentos. Paladar de média estrutura, chama atenção pela elegância, textura macia, muito bem equilibrado e integrado, nota salina ao final. Nota MC 90 pontos

Freixenet Elyssia Gran Cuvee

 

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Cuvée Prestige Trepat 2020

Elaborado com a casta tinta local Trepat, 18 meses de autólise. Cor de casca de cebola. Aroma fresco, sinto o SO2, notas de autolise, frutas vermelhas, frutas secas, leveduras, nota mineral. Paladar seco, fresco, de boa acidez, estrutura, textura onde-se sinto uma ponta de taninos.

Nota MC 91 pontos

Trepat
(Divulgação/Divulgação)

Meritum Gran Reserva 2015

Elaborado com Macabeo, Xarel-lo, Parellada, com 30 meses sur lie. Amarelo intenso, brilhante, perlage muito pequena, mais focado na fruta e menos autolítico que o Reserva Real, concentrado, encorpado, muito cremoso, sem perder o frescor

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Nota MC 91 pontos

Maritum
(Divulgação/Divulgação)
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