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Lelo Forti

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Churrasco & caipirinha: muito mais do que uma paixão

A dobradinha que une o Brasil e nos deixa mais brasileiros do que nunca

Por Lelo Forti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 fev 2021, 12h59
o fogo sempre foi acalento e sobrevivência.
Uma tradição, uma paixão e um estilo de vida.  (divulgacão internet/Internet)
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Nada é tão democrático quanto o churrasco. Me arrisco dizer que não existe nenhum outro motivo mais forte para se reunir amigos do que em volta do fogo. O brasileiro é apaixonado pelo braseiro. Assim como somos palpiteiros da escalação da seleção brasileira, todo brasileiro e brasileira dá palpites no churrasco. Dos truques de como acender o carvão, ao tipo de corte e maturação desta ou daquela peça de carne. Nada disso importa quando o assunto é carne, carvão, cachaça, cerveja & caipirinha. Notaram que todas essas palavras, transformadas em sentimentos, lembranças e sabores, começam com a mesma letra: C. Mais pra frente falaremos disso.

O ritual é o mesmo: reunir os amigos, firmar um noivado, casamento, ou simplesmente passar o tempo ocioso, não importa, o negócio é Celebrar, e é através do Churrasco que gira nossa diversão. Como bom gaúcho que sou, o Churrasco é uma tradição, ou melhor, uma religião dominical, quase uma seita extremista. Quer ver um gaúcho bravo: se mete no churrasco dele. É briga feia e fim de amizade. É tão importante, que durante a celebração da Semana Farroupilha (20 de setembro), o churrasco é diário e obrigatório no acampamento montado no coração de Porto Alegre. Vale a visita. A experiência é única. Cavalos, celas, peixeiras (faca do gaúcho), e muito, muito churrasco. Detalhe: você ficará defumado o dia todo. Faz parte.

Diferente em todos os estados da federação, o churrasco é motivo de festa. Enquanto no sul do Brasil as churrasqueiras são cheias de grandes espetos de costela, no sudeste brasileiro são as grelhas que assam as diferentes carnes (carioca ama picanha). Uma heresia para os gaúchos, uma facilidade para paulistas e cariocas, afinal, nem toda varanda tem uma churrasqueira. Aqui pelos lados cariocas, o churrasco normalmente acontece na porta do botequim amado, improvisado na calçada, quem se importa. É o estilo carioca de ser, e não existe resenha boa se não for com Churrasco & Cerveja. Adicione farofa e molho à campanha.

Pelos lados nordestinos brasileiros, o churrasco segue a mesma cartilha que o sudeste. Mais grelhas, menos espetos. A diferença por lá são as carnes oferecidas aos convidados. É bem comum termos frutos do mar dividindo espaço com alcatras e maminhas. Nada mais justo e justificável, afinal, existe um mar azul quentinho, cheio de iguarias a disposição. Vivi esta experiência em Fortaleza no mercado de peixe local. Detalhe: você escolhe a peça fresquinha e o próprio peixeiro assa pra você ali no ato. Incrível e inesquecível.

Domínio do Fogo

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Não existe referência exata sobre a origem do churrasco, mas presume-se que a partir do domínio do fogo na pré- história, o homem passou a assar a carne de caça quando percebeu que o processo a deixava mais macia. Com o tempo, as técnicas foram sendo aperfeiçoadas, principalmente entre os caçadores e criadores de gado, dependendo sempre do tipo de carne e lenha disponíveis.

Os índios tupis sul-americanos, por exemplo, costumavam defumar a carne sobre grelhas de madeira, no chamado moquém (moka’em), um antepassado do atual churrasco, conservando-a para o consumo durante longo tempo. Na América do Sul, a primeira grande área de criação de gado foi o pampa, uma extensa região de pastagem natural que compreende parte do território do estado do Rio Grande do Sul, além da Argentina e Uruguai. Foi ali que os vaqueiros, conhecidos como Gaúchos, tornaram o prato famoso e típico nacionalmente.

A carne assada era a refeição mais fácil de preparar quando se passava dias fora de casa. Bastava uma estaca de madeira, uma faca afiada, um bom fogo e sal grosso, ingrediente abundante e que é utilizado também como complemento alimentar do gado.

A partir dali, o costume cruzou as regiões e se tornou um prato nacional, multiplicando-se as formas de preparo, o que gera entre os adeptos muita discussão sobre o verdadeiro churrasco, como a utilização de lenha ou carvão, de espeto ou grelha, temperado ou não, com sal grosso ou refinado, de gado, suíno, aves ou frutos do mar.

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Sinceramente: a maneira como é feito, se tem carne bovina, frango ou peixe, polvo ou legumes e batatas, não estamos nem aí. Queremos é um motivo para celebrar e o Churrasco (mesmo que só de linguiça e pão de alho), o suficiente para o verdadeiro objetivo: beber Cachaça, caipirinha e cerveja. Polêmicas a parte, todos concordamos que não existe Churrasco sem cachaça e cerveja. Não existe churrasco sem carne e carvão. Não existe churrasco sem conversa. Não existe churrasco sem os “compadres” da vida.

Percebo que tudo que é prazeroso, divertido e muito necessário começa com a letra C. Fiz uma lista de coisas, sabores e situações, que nos deixam muito bem e felizes, que começam pela terceira letra de nosso alfabeto. Coincidência ou não, deixo aqui uma lista para reflexão. Com Certeza, será motivo de boas Conversas no seu próximo Churrasco.

Todo Churrasco é acompanhado de muitas coisas, mas, com certeza, o compromisso é a primeira missão desta lista. Conversas, cumplicidades e coragem se misturam a carne, carvão, cachaça, (derivada da cana-de-açúcar), cerveja, conhaque, ou ainda costela, cupim, contra-filé. Que coisa boa. Ahh, ia esquecendo coxas, cenouras, cebolas, camarões, todos em condições de consumo contínuo. Concorda?

Aos vegetarianos e veganos as opções são com S. Sucos, sopas, soja, sorbet, sementes, seriguela, sapotã, sapucaia ou shiitake. Deixo uma sugestão: acompanhe sua escolha com saquê ou shochu, o álcool vai te trazer sorte.

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Cheers!

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