Fábio Barbirato Psiquiatra infantil
Continua após publicidade

Qual a diferença entre ser distraído e Transtorno do Déficit de Atenção?

Episódios de distração e esquecimento são normais, mas saiba quando se trata de um caso médico

Por Fabio Barbirato
13 dez 2022, 14h02
  • Seguir materia Seguindo materia
  • As redes sociais podem ser muito úteis para diversas coisas. Mas, definitivamente, não são médicas e não substituem a consulta com um especialista. Parece óbvio, mas o alerta se faz necessário num momento em que vídeos do TikTok – que já atingiram quase 20 bilhões de visualizações! – se incumbem de sentenciar o que é e o que não é sintoma de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Porém, um estudo apontou que mais da metade deste material é enganoso, o que é bastante grave para os usuários.

    Publicidade

    Quem fez a importante denúncia há alguns dias foi o jornal The New York Times, diante da explosão de buscas a respeito de comportamentos que podem ser absolutamente corriqueiros e não denunciam qualquer transtorno psiquiátrico. Os sintomas de TDAH variam não apenas de gravidade, mas também como se apresentam.

    Publicidade

    Apesar de este espaço se dedicar a falar da saúde mental de crianças e adolescentes, vale a pena abrir uma exceção para abordarmos os adultos, tendo em vista a polêmica levantada pelo jornal americano. A grosso modo, a principal forma de desconfiar que se trata de um sintoma de transtorno mental é quando o comportamento é grave ou sério a ponto de trazer prejuízo ao dia a dia do paciente, especialmente durante a infância.

    De acordo com pesquisas, cerca de 4% dos adultos americanos apresentam sintomas suficientes para se enquadrarem como TDAH, mas apenas 1% chegam a receber diagnóstico e tratamento. Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), no país temos cerca de 2 milhões de pessoas com TDAH.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    A dificuldade em fechar diagnóstico entre adultos se deve ao fato de que a imagem que cerca um paciente de TDAH é uma pessoa que simplesmente não consegue ficar parada e focar, mas tais sintomas estereotipados de hiperatividade são encontrados em apenas 5% dos casos em adultos. Nesta faixa etária, o mais comum é apresentar sintomas de esquecimento, problemas de concentração, de organização e procrastinação.

    Outro agravante da situação entre os adultos é que o TDAH é diagnosticado como outro transtorno psiquiátrico. Não é raro confundir os sintomas e acabar por diagnostica-lo como ansiedade, depressão ou até bipolaridade, tendo em vista a oscilação emocional que alguns pacientes apresentam.

    Publicidade

    De acordo com o psiquiatra americano que coordena o Programa de Pesquisa de TDAH para adultos no Hospital Geral de Massachussets, há três perguntas que ajudam a definir se uma pessoa tem TDAH ou apenas uma desatenção ou esquecimento normais. São elas: quantos sintomas o paciente tem? Desde que idade os apresenta? Em que grau eles afetam a sua vida?

    Continua após a publicidade

    Segundo o manual oficial de diagnóstico de psiquiatria, é preciso que um paciente apresente cinco dos nove sintomas desde a infância para estar apto ao diagnóstico de TDAH desatento, que se dividem em três subgrupos: problemas de produtividade ou desempenho (procrastinação no trabalho ou falha ao terminar tarefas); memória (perder chaves ou celular com frequência) e organização de tempo e de objetos (constantemente chegar atrasado ou ter a casa ou o escritório muito bagunçado, por exemplo). Esses sintomas precisam impactar negativamente duas ou mais áreas da vida, como casamento, trabalho ou casa.

    Publicidade

    A boa notícia aos pais é que TDAH é um transtorno perfeitamente tratável, em todas as idades. Medicamentos e terapia são bastante uteis, de acordo com cada caso. Se você se identificou com algum dos pontos abordados neste artigo, procure um médico especialista, ele saberá como ajudá-lo.

    Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

    Publicidade

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.