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Em tempos de pandemia, cariocas criam ações para ajudar o próximo

VEJA RIO foi em busca dos primeiros moradores da cidade que decidiram se mobilizar para ajudar as pessoas a seu lado

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 abr 2020, 15h51 - Publicado em 3 abr 2020, 11h56

A Covid-19 desembarcou no Rio de Janeiro em 5 de março, dia do anúncio do primeiro diagnóstico positivo em território fluminense. Desde então, a propagação só aumenta, o bate-boca entre os escalões políticos se intensifica e a população vai se fechando em casa, isolando em pequenos núcleos gente acostumada ao ar livre, ao boteco, à praia e a andar a pé pelas calçadas.

A hora é de um olhar para o outro dentro de quatro paredes e esquecer o mundo lá fora, certo? Errado. É justo na dificuldade ó e poucas se igualam a essa de agora ó que o sentimento de solidariedade acende uma chama que se espalha na sociedade civil. No Rio, este movimento vem crescendo e contagiando muita gente, na forma de gestos de fraternidade e atitudes de apoio e ajuda ao próximo.

Estudioso da grande aventura do pensamento, Márcio Tavares DíAmaral, professor emérito da UFRJ com pós-doutorado em filosofia e ciências sociais pela Sorbonne, ressalta que a corrente solidária chama ainda mais atenção por ocorrer em tempos de alta polarização, em que todo mundo briga com todo mundo por qualquer coisa. “O pessoal sai no pau discutindo política, educação, até BBB. Cria a impressão de que esta é a natureza humana”, observa. “Mas diante de um inimigo comum em escala planetária, diante da sensação de passarmos juntos perto da morte, pequenos gestos em direção ao próximo ganham visibilidade e manifestações solidárias ocupam o espaço”.

Para Yuval Noah Harari, autor do best-seller Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, uma escolha se coloca: “Vamos seguir ladeira abaixo na trilha da desunião ou adotar o caminho da solidariedade global?”, escreveu em artigo no jornal Financial Times.

VEJA RIO foi em busca da turma que cravou firme na segunda opção, os primeiros moradores da cidade que decidiram se mexer para ajudar as pessoas a seu lado. A sambista Teresa Cristina começou a soltar a voz na internet para aplacar a própria angústia, nos dias de quarentena doméstica, e logo passou a acalentar todo um vibrante público virtual, daqui e até da Itália. Sofia Cecatto, flautista do Theatro Municipal, defende seu repertório na varanda do apartamento onde mora, no bairro do Flamengo. O médico Alexandre Miranda integra um grupo numeroso de profissionais que está produzindo, com urgência, equipamento médico necessário ao enfrentamento da doença. David Hertz, depois de fechar o Reffetorio Gastromotiva, onde jantavam todo dia noventa moradores de rua, passou a providenciar alimento para mais de 1 500 pessoas carentes.

Cada um à sua maneira, eles e outros solidários cariocas (nascidos nessas praias ou da gema por adoção) levam conforto, assistência e soluções para amenizar os rigores da cruzada contra o nosso novo inimigo.

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Teresa Cristina, cantora.

Teresa Cristina: quem canta seus males espanta (Teresa Cristina/Veja Rio)

Ela estava à beira de um ataque de nervos. “Quando fico ansiosa, começo a pensar um monte de bobagem, mas sei que não posso entrar em pânico, sou a provedora, moro com minha mãe de 80 anos e minha filha de 10”, conta Teresa Cristina. “A música poderia me ajudar, é o que sei fazer melhor, então inventei esse live no Instagram”. A estreia nas redes, no dia 16 de março, arrebanhou quase 4 000 curtidas imediatas e aplausos de toda parte. “Teve gente da Itália mandando um alô”, lembra. “Aquilo me deu esperança, a felicidade de não me sentir sozinha, de ajudar as pessoas. Melhorou até o ânimo da minha mãe, que cantou comigo”. A aventura nas redes virou “temporada” no Twitter, onde a cantora já defendeu, a capela, clássicos de Paulinho da Viola, Candeia e Silas de Oliveira, além de bater papo com o público.“Recebi mensagens de gente que trabalha em hospitais, que não pode ficar em casa. É difícil falar de alegria em momentos como esse, então as canções falam por mim”, explica. E falam muitíssimo bem.

Alexandre Miranda, médico

Alexandre Miranda: esforço de guerra contra a covid-19 envolve mais de cem pessoas (Alexandre Miranda/Veja Rio)

O interesse antigo por técnicas de prototipagem e impressão 3D colocou o cirurgião geral Alexandre Miranda no olho do furacão. Quanto mais se informava sobre a pandemia da Covid- 19, através de estudos e conversas com especialistas estrangeiros, mais se alarmava. Contatos com colegas por aqui, igualmente preocupados, levaram à criação do SOS 3D Covid-19, grupo dedicado à produção de suprimentos hospitalares fundamentais para o combate à doença. O esforço de guerra envolve mais de cem pessoas, entre médicos, engenheiros, designers, advogados e estudantes de formações variadas. UFRJ, PUC e UNI-Rio são as principais instituições por trás do projeto, mas há uma multidão apoiando a corrida contra o tempo para o desenvolvimento e a produção, através de impressão 3D, de máscaras, protetores faciais e ventiladores. Só de máscaras, a meta é cravar 5 000 por dia, distribuídas em hospitais da cidade e, em breve, por todo o país. “Começamos tirando dinheiro do bolso, recorrendo a amigos, e o apoio tem sido fantástico”, anima-se Miranda. “Outro dia, enlouquecido atrás de elástico, entrei em um armarinho em Ipanema e comprei todo o estoque, o que deixou o dono curioso. Ele perguntou o que eu ia fazer com aquilo, expliquei e, quando cheguei no caixa, fui informado de que não precisava pagar nada”, relata. Pois é: ajudar é contagioso.

Rafael Soares, empresário

Rafael Soares: empresário virou o samaritano do álcool em gel (Rafael Soares/Veja Rio)

Na contramão da turma que saiu correndo para comprar suprimentos, Soares passou dias pensando em uma maneira de ajudar. Dono de uma empresa de carregadores de celular (aqueles totens que se encontram em aeroportos, lojas e outros lugares públicos), ele mora em Copacabana e trabalha em Duque de Caxias. No caminho para o trabalho, esbarrou com uma loja onde o galão de álcool em gel estava à venda por preço razoável. Comprou 16 litros e dezenas de bisnaguinhas, voltou para casa, recrutou a filha Laura, 9 anos, juntos encheram cada uma e agora vêm distribuindo tudo de graça. “Via o pessoal na internet desesperado atrás de álcool em gel e gente vendendo uma embalagem pequena por 40 reais. Quando passei por aquela loja, me veio o estalo”, diz. Ele dá o produto para vizinhos mais velhos, para pessoas que não podem comprar este item tão básico e a “gente que está na batalha”: PMs, guardas municipais, garis. Nas primeiras duas semanas, foram distribuídas mais de 700 bisnagas. Foi só o começo. Soares voltou à loja e comprou mais álcool em gel. O preço já havia subido.

+ Saiba como fazer uma doação a quem precisa em tempos de pandemia

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Nicolas Chovelon, chef da escola Le Cordon Bleu

Chef Nicolas Chovelon: mutirão do crepe em aula on-line (Nicolas Chovelon/Veja Rio)

No sábado, dia 14 de março, a unidade carioca da escola de gastronomia Le Cordon Bleu fechou as portas, por determinação do governo. “Fomos pegos de surpresa, mas, na hora, pensamos nas pessoas trancadas em seus lares”, diz Luisa Kassab Coladangelo, diretora de marketing da instituição. Começaram ali as mensagens no Instagram da escola ensinando receitas simples, fáceis de fazer em casa. Em uma das aulas, o chef Nicolas Chovelon revelou os segredos do preparo de um bom crepe. Para ele, foi uma espécie de volta à infância. “Nicolas comentou que estava sentindo aqui no Rio o que sentia quando era criança, na França, e chovia. A família não o deixava sair para brincar e, para alegrá-lo, preparavam crepes”, conta Luisa. “Nossa intenção é emprestar leveza a esse momento, reunir a família para botar a mão na massa, aproveitar esse tempo para fazer uma coisa boa”, completa.

+ Cesta solidária de alimentos é vendida a R$ 52,00. Saiba como ajudar!

Sofia Ceccato, flautista

Sofia Ceccato e Simon Bechemin: concerto na varanda (Simon Bechemin/Veja Rio)

A estreia foi na tardinha do dia 21 de março. Depois de acompanhar iniciativas parecidas no exterior – principalmente a cantoria italiana nas sacadas –, Sofia Ceccato, flautista da Orquestra do Theatro Municipal, e seu companheiro, o francês Simon Bechemin, fagotista da OSB, decidiram entreter a vizinhança no bairro do Flamengo com boa música. “Não usamos amplificação. Nossa primeira e maior preocupação era não incomodar”, lembra ela. Na varanda do apartamento, ao longo de vinte minutos, o duo interpretou composições como a ária da Bachiana Nº 5, de Villa-Lobos, e um tema da Flauta Mágica, de Mozart. Encerrou com Vou Vivendo, título sugestivo de Pixinguinha, e choveram aplausos ao vivo e nas redes, onde partes do espetáculo improvisado foram replicadas. “Não tínhamos expectativa nem imaginávamos um público tão grande e caloroso”, diz Sofia, grávida de oito meses. “Estou em casa, em isolamento total, preocupada. Foi bom para mim ter feito isso, me senti útil. Vamos repetir”, avisa. Vizinhos, ouvidos atentos.

Ana Luiza Badaró, psicóloga e educadora

Ana Luiza Badaró: redes de afeto para idosos em grupos de WhatsApp (Ana Luiza Badaró/Veja Rio)

Diretora de uma escola para crianças, autora de livros infantis e psicóloga, Ana Luiza ampliou seu campo de atuação quando inaugurou, em outubro do ano passado, a Old Is Cool, empresa de acompanhamento e atividades para idosos. A chegada da Covid-19 transferiu os serviços para o mundo virtual, abertos inclusive a quem não é cliente. “Nesta faixa da população, a depressão é um grande problema. Temos que ficar ainda mais atentos por causa do isolamento”, diz. “A informação de que o vírus só mata basicamente idoso, anunciada como boa notícia, é terrível para os mais velhos”. A estratégia desenvolvida por Ana Luiza envolve a criação de uma rede de apoio, formada por grupos de WhatsApp e salas de bate-papo virtual. “A conversa pode girar em torno de um livro e inspirar outras histórias. Também levamos a turma para passear em rede no Louvre virtual”, explica. Em outra frente, Ana Luiza organizou um esquadrão de voluntários em seu bairro, o Jardim Botânico, sempre disponível para, por telefone, fazer compras e ajudar idosos em 120 casas. “Gestos de solidariedade viralizam”, afirma, satisfeita.

Daniela Soria, instrutora de pilates

As primeiras manifestações de delicadeza e solidariedade registradas após o início da pandemia foram bilhetes, deixados em áreas comuns dos condomínios, com textos em que moradores se oferecem para ajudar vizinhos na terceira idade ó o grupo de risco ao qual se recomenda o confinamento mais rigoroso. Trancada em casa com o marido e o filho pequeno, a gaúcha Daniela logo colou o seu no edifício onde mora, em Laranjeiras. Ela conta que o empurrão foi uma ida ao supermercado, onde viu filas enormes cheias de idosos. “Fiquei pensando: gente, é teimosia, desinformação ou não têm quem faça isso por eles?”, lembra. No bilhete carinhoso, Daniela se oferece para fazer “alguma compra pequena no mercado, farmácia e/ou hortifrúti”, dá o telefone, o número do apartamento e avisa: “Não se constranja em pedir, mesmo que a gente não se conheça”. Essa é a ideia.

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Carina Tomaz, psicóloga

Carina Tomaz: psicóloga montou uma rede virtual com colegas para atender gratuitamente (Carina Tomaz/Veja Rio)

Três dias depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar de pandemia o surto da Covid-19, o Conselho Federal de Psicologia emitiu um comunicado alertando a categoria para a possibilidade de quarentena e isolamento. Foi a deixa para Carina, que tem autorização do próprio CFP para prestar atendimento on-line, começar a montar uma rede virtual com outros colegas, prontos a atender gratuitamente. “As restrições impostas pelo coronavírus resultam em evidente demanda emocional. Nós, profissionais voluntários, podemos prestar o que chamamos de acolhimento psicológico”, explica. Segundo ela, neste momento as pessoas solitárias estão com a sensação de isolamento aumentada, pacientes crônicos podem sofrer agravamento do quadro clínico e gente sem problema algum corre o risco de desenvolver algum distúrbio. “Temos que estar muito atentos a tendências suicidas, ansiedade, pensamentos obsessivos, insônia, falta ou excesso de apetite”, lista Carina. “Tudo isso é muito humano”. E difícil de atravessar sem ajuda.

+ A luta dos médicos contra o coronavírus está marcada na pele

David Hertz, chef e empreendedor social

David Hertz: mesmo com o Reffetorio Gastromotiva fechado, pessoas necessitadas estão recebendo refeições (David Hertz/Veja Rio)

Aberto desde a Rio 2016 no coração da Lapa, o Reffetorio Gastromotiva é um projeto social de dar orgulho: todas as noites, chefs convidados e jovens talentos da cozinha preparam saborosas receitas com ingredientes excedentes que voluntários servem, no jantar, para noventa pessoas em situação de rua. Essa bem-sucedida experiência contra o desperdício de alimentos e a exclusão social foi interrompida no dia 16 de março, mas o ativismo incansável de seus integrantes provocou uma espécie de milagre da multiplicação. “Nosso espaço foi fechado por causa do coronavírus e passamos a pensar em como extrapolar os limites do Refettorio. Sempre doamos a comida que sobrava para organizações do entorno. Agora aumentamos a rede e estamos apoiando a alimentação de mais de 1 500 pessoas nas redondezas”, conta Hertz, um dos fundadores do Reffetorio e criador do Gastromotiva, pioneiro empreendimento de gastronomia social. O grupo não vai parar por aí. “Estamos nos organizando para abastecer outras ONGs em áreas vulneráveis, como o Complexo do Alemão e regiões de Campo Grande, com doações recebidas de restaurantes que foram obrigados a fechar”, diz. A batalha está só começando.

Mariana Miranda, funcionária pública

Mariana Miranda: ajuda à população de rua (Mariana Miranda/Veja Rio)

A população está dentro de casa, colada às notícias sobre como se proteger – menos quem não tem casa. “No começo, as pessoas que dormem na rua ficavam sem entender porque tinha gente andando de máscara”, diz Mariana. Moradora de Ipanema e voluntária há três anos do Projeto Ruas, que alimenta e promove atividades para sem-teto, desde que as rondas das terças-feiras foram suspensas ela se dedica a uma forma alternativa de assistência, divulgada através da hashtag #popruaeumeimporto. Funciona assim: quando tiver que sair de casa, por qualquer razão, leve uma sacola com lanche, água, sabonete e informação (um panfleto sobre prevenção está disponível para download na conta do projeto no Instagram) e dê para algum morador de rua. “Aquele mesmo por quem você passa quando vai à padaria, ao mercado, quando pega o transporte para o trabalho. Com as ruas vazias e o comércio fechado, estas pessoas estão ainda mais desamparadas”, ressalta Mariana.

+ Pandemia: quem não era digital, vai ter que passar a ser

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Thiago Ferreira, professor de educação física

Thi Ferreira: acostumado a orientar treinos de corrida, professor passou a oferecer aulas gratuitas, on-line, para fazer em casa. Ele tem até alunos da Europa (Thiago Ferreira/Veja Rio)

Especializado em treinos de corrida, Ferreira sentiu no corpo as limitações impostas pelo combate ao Covid-19, ao ter que abrir mão dos treinos. “Com a galera sem poder sair na rua e o fechamento das academias, fiquei pensando no que podia fazer para ajudar”, conta. Resposta: treinos ao vivo, gratuitos, comandados por ele diante da câmera e divulgados via Instagram, a exemplo do que alguns de seus colegas estão fazendo nesses tempos de reclusão. “Não é bate-papo, é aula mesmo, para suar”, garante. A primeira turma virtual, com cerca de 150 pessoas, incluiu malhadores até da Espanha e da Suíça. Empolgado, ele oferece aulas às segundas e quartas, sempre às 19h30, e desenvolve projetos temáticos, como os “quarentreinos” para pessoas mais velhas ou com problemas de saúde. “Quero deixar o pessoal ativo. Isso ajuda na imunidade”, justifica.

Thais Lima, profissional de comunicação e marketing

Thais Lima: desenvolvimento de sistema eficiente de aquisição e distribuição de cestas básicas (Thais Lima/Veja Rio)

Gerente de gestão do conhecimento de uma instituição filantrópica americana, Thais sempre adotou a rotina do trabalho remoto. Quando ela se estendeu para boa parte da população, dispôs-se a ajudar os conhecidos na implantação de home office em troca de doações para quem, por causa das restrições impostas pela Covid-19, não estava conseguindo trabalhar. Logo percebeu uma grande disposição das pessoas para contribuir. Entrou em contato então com a associação de moradores do Rio2, megacondomínio em Jacarepaguá, onde mora, e, usando a experiência na área de gestão, desenvolveu um sistema eficiente de aquisição e distribuição de cestas básicas. O dinheiro não passa por ela – é pago às empresas fornecedoras, que liberam o produto para distribuição. O passo seguinte foi montar um cadastro de pessoas necessitadas e buscar o auxílio da Ação da Cidadania Contra a Fome para a distribuição. Thais antecipa grande demanda de serviços como o que montou. “Vivemos em uma bolha”, diz. “A maior parte da economia brasileira é informal e será muito afetada”. Mãos à obra, portanto.

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