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Médicos suspendem uso de novo medicamento contra a obesidade

Após alerta do órgão americano FDA, a lorcasserina, já aprovada pela Anvisa, teve venda suspensa por laboratórios e virou assunto na comunidade médica

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 fev 2020, 17h47 - Publicado em 18 fev 2020, 15h46

Nesta semana, médicos que costumam prescrever remédios para o tratamento da obesidade começaram a alertar seus pacientes – até via mensagens de WhatsApp – para suspenderem o uso da lorcasserina. A quem nunca ouviu falar, trata-se de um novo medicamento, aprovado pela  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2016 e comercializado no Brasil desde outubro de 2019 sob o nome comercial de Belviq. O motivo de tamanho alarde? A suspeita de que o remédio aumenta o risco de câncer após a divulgação, no último mês, de um estudo da fabricante, a japonesa Eisai.

Em 2012, quando a Food and Drug Administration (FDA, espécie de Anvisa americana) autorizou o medicamento nos Estados Unidos, ela exigiu o estudo dos efeitos da substância pelos cinco anos subsequentes. Cerca de 12 000 pacientes foram acompanhados durante o período. Um grupo adotava o Belviq, enquanto outro usava placebo. O principal objetivo era verificar se haveria danos ao coração, o que não se comprovou. Daí veio outra preocupação: aqueles que fizeram uso do remédio foram mais propensos a desenvolver câncer, ou seja, 7,7% deles tiveram a doença no pâncreas, pulmão ou reto. Em compensação, no grupo que ingeriu somente placebo, o índice foi de 7,1%. Ainda não se sabe a relação exata entre o remédio e a incidência do câncer, mas o FDA solicitou que a fabricante retirasse os produtos das farmácias na última quinta (13).

Por aqui, a Eurofarma, fabricante do produto, seguiu o exemplo da japonesa e interrompeu na sexta (14) a circulação do remédio, que custa em média R$ 400 (valor da caixa com sessenta unidades).

Em nota, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Abeso informaram que, por precaução, a “recomendação é avisar aos pacientes que estão usando a lorcasserina para suspenderem a medicação, interrompendo a prescrição. Não há motivo para preocupação, uma vez que o desequilíbrio ocorreu com o uso prolongado, a partir de um ano”.

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Presidente do Departamento de Obesidade da SBEM, Mario K. Carra ressalta que, no Brasil, o remédio só está à venda há quatro meses. “Podemos ficar tranquilos aqui, pois temos tempo para avisar as pessoas que usam medicamento para parar e trocar o medicamento. Esse é um alerta que, primeiro, é desesperançoso, porque o tratamento para a obesidade já é tão difícil que diante de uma notícia desse nível pode frustrar os pacientes. Na minha opinião, existe um pouco de exagero nessa estatística. Todo medicamento que se usa sempre tem efeitos colaterais”, ressalta o endocrinologista. “Temos sempre que avaliar o que é melhor para o paciente. Nessa pesquisa, o impacto do remédio é pequeno e não significa perigo. No entanto, é sabido que a lorcasserina é também comercializada em farmácias de manipulação, em fórmulas magistrais. Nesse caso, foge um pouco do nosso controle, porque não é um comércio que se possa ter um controle eficaz”, pondera.

Estudos mostraram que a lorcasserina foi eficaz em ajudar pacientes a eliminarem 5% do peso corporal. Isso porque, a grosso modo, ela inibe a fome, gerando uma sensação de saciedade.

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