Churros de grife

O doce espanhol ganha versões sofisticadas em bares e restaurantes

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 15h31 - Publicado em 4 jul 2012, 19h51
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churros-01.jpg (Redação Veja rio/Divulgação)
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A receita é elementar. Misture farinha, leite e ovo, molde em formato cilíndrico e então frite. A seguir, coloque o recheio, polvilhe com açúcar e canela – e sirva imediatamente. De tão apetitosos, os populares churros acabaram saindo das carrocinhas estacionadas em praças e portas de escolas para ganhar lugar de destaque no cardápio de algumas das melhores mesas da cidade. Desbancando outras preparações muito mais elaboradas, o doce chega a liderar a lista de sobremesas mais pedidas em certos endereços. “É meu carro-chefe. Se eu pensar em tirá-lo, acho que os clientes são capazes de me apedrejar em praça pública”, brinca Roberta Ciasca, a chef do Miam Miam.

Os mestres-cucas são enfáticos ao dizer que o segredo está na maneira como a massa é servida. Para isso, eles lançam mão de ingredientes de primeira e de uma boa dose de criatividade. No Entretapas, por exemplo, o quitute chega na companhia de dois potinhos. O primeiro contém um doce de leite mineiro com toque de rum cubano. O segundo traz espuma de chocolate orgânico do sul da Bahia temperado com pimenta. Já o concorrente Venga optou pelo costume espanhol, que dá preferência à combinação com chocolate. Em vez da calda comum, uma espécie de ganache, mais encorpada, deixa a sobremesa ainda mais irresistível. Tanto refinamento tem seu preço: essas versões chiques podem custar cerca de cinco vezes o valor daquelas vendidas na rua – o doce sai a 16 reais no Entretapas e a 13,50 no Venga.

Embora alguns pesquisadores creditem sua origem a uma receita chinesa, que teria sido levada à Europa por navegadores portugueses, a versão mais aceita da história atribui a invenção a pastores espanhóis. Enraizado na cultura gastronômica local, o churro acabou dando origem a casas especializadas. Uma das mais conhecidas, a San Gines, em Madri, foi fundada em 1894. No Rio, ele só ganhou fama a partir dos anos 80. Um ônibus estacionado na Praça do Ó, na Barra, atraía famílias inteiras ávidas pelo quitute, preparado por um comerciante uruguaio. “É essa memória de infância que eu quis resgatar”, conta o chef Felipe Bronze, que recorreu a uma tradição francesa. Os minichurros do Oro vêm servidos com doce de leite, salpicado de flor de sal. É de dar água na boca, como nos tempos de criança.

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