‘Agredir a Lapa não vai tornar o Leblon um lugar melhor’, diz empresário

Dono do Rio Scenarium e agitador cultural, Plínio Fróes escreve sobre o preconceito de comerciantes e frequentadores da Dias Ferreira com o bairro

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 22 out 2020, 12h46 - Publicado em 22 out 2020, 12h46
Plínio Fróes: empresário sai em defesa da Lapa (YouTube/Reprodução)
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Um dos principais articuladores da revitalização da Rua do Lavradio e diretor do Polo Novo Rio Antigo, ambos na Lapa, o empresário Plínio Fróes leu a reportagem publicada por VEJA RIO sobre a Rua Dias Ferreira (leia aqui: Dias Ferreira: essa rua está diferente) e considerou preconceituoso o discurso de seus frequentadores e comerciantes em relação ao bairro. Ele escreveu um texto explicando seu ponto de vista, leia abaixo:

“Pelo Google Maps, aproximadamente 14 km separam a Rua Dias Ferreira no Leblon, do bairro da Lapa. Ambos representam muito fortemente a histórica, bela e única Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Esses 14 Km podem ser percorridos por cerca de 5 diferentes caminhos; neles você pode passar por diferentes bairros como Lagoa, Santo Cristo, Gamboa, Humaitá, Botafogo, Copacabana, Catete, Ipanema, Flamengo, Laranjeiras. Nestes lugares você encontra a culinária brasileira, japonesa, italiana, comida de boteco.

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Você vai encontrar bebidas nas champanherias, enotecas, casas especializadas em cervejas artesanais… botecos…, casas de shows, teatros e… botecos; diferentes estilos musicais e diferentes lugares para dançar com diferentes pessoas! Nesse último quesito, a surpresa se dá a cada cem metros. Se aventurem, recomendo… saiam da Dias Ferreira uma noite e se deem a esse prazer. Essa curiosidade vai crescendo e você vai avançando, e vai conhecer o melhor disso tudo, a DIVERSIDADE DE PESSOAS. Se antes já vivíamos em guetos, a quarentena nos deixou num gueto de poucos metros quadrados. Vamos aproveitar essa volta e aos poucos, com responsabilidade, nos conhecer melhor, isso vai dar muito certo.

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Vivemos numa cidade há muito tempo sitiada, alguns podem ainda viver numa bolha de conforto, mas essa bolha está sendo ameaçada há anos e ela tende a se romper. O preconceito de “minha bolha é melhor que a sua” não tem surtido bons resultados, esteja onde você estiver compare a sua liberdade de ir e vir de 10 anos atrás com a de hoje. Estamos na mesma cidade, mas a cidade não é mais a mesma. Eu mudei também, aprendi a conviver melhor com o diferente e como é cada vez mais prazeroso ver que o diferente quis me conhecer também, esse exercício é valoroso.

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A interessante reportagem da Veja Rio que foca na mudança de perfil da Dias Ferreira me motivou a escrever para a revista. Frequentei em momentos diferentes (e frequento) essa rua que já teve restaurantes estrelados, livrarias, expoentes da moda, centros culturais. Aos poucos, como em qualquer lugar do mundo, a rua foi mudando. Hoje, para uma perfil mais de vida noturna jovem, com bares de diferentes perfis, e PESSOAS na rua. O silêncio do refinamento e da sofisticação, foi rompido por esse novo público. Na reportagem, donos de estabelecimentos e frequentadores coincidentemente afirmam estar num lugar bom porque NÃO estão na Lapa. Num dos comentários fala-se que na Dias (sou íntimo da rua) não vende cerveja barata! Isso soa estranho! O prazer de consumir a cerveja deveria ser porque ela traz prazer.

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Leblon é Leblon. Gosto do dia e da noite. Estou no Rio há 30 anos e já morei em Santa Teresa, Botafogo, Copacabana e na Rua do Lavradio; e como sou apaixonado pelo Rio, ainda vou morar em Ipanema, Leblon… eu quero viver essa cidade. Lapa é ótima! Gosto exatamente do mesmo jeito. Moro e trabalho nela. Agredir a Lapa e seus frequentadores não vai tornar o Leblon um lugar melhor, o Leblon já é ÓTIMO.

Alguém já disse que a gente mora no lugar que todo mundo queria tirar férias: que certeira essa frase, mas esse alguém falava da cidade inteira, nós temos que pensar assim para que essa cidade seja ressuscitada. Quantas vezes estive com turistas nacionais e internacionais na Lapa, adoraram, disseram que iriam voltar na noite seguinte e eu disse, “Você tem mais algumas poucas noites no Rio, vai conhecer também o outro lado da cidade. Vá em Copacabana, Botafogo, Jardim Botânico, Porto Maravilha, Ipanema e Leblon onde tem um restaurante que espera os notívagos e serve uma comida japonesa inesquecível, o Sushi Leblon”.

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Eles sempre foram e de volta aos seus estados e países falaram da saudade da Lapa, da cidade, da comida e agradeceram a experiência de acordar na cidade única que é o Rio e terminar jantando de madrugada no Japão, o Sushi Leblon. A quarentena separou o mundo. Vamos vencê-la com a ciência, amor, o futuro abraço e substituir o PREconceito pelo NOVOconceito. O bairrismo foi vitimado por esse esse vírus maldito. #somostodoscariocas”

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