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O sucesso dos Gilsons, trio formado por filho e netos de Gilberto Gil

Durante a pandemia, grupo viu as reproduções de suas músicas darem um salto. Eles lançaram recentemente o primeiro álbum e fazem show — esgotado — no Circo

Por Kamille Viola
Atualizado em 18 fev 2022, 19h30 - Publicado em 18 fev 2022, 06h00

No início de 2020, o clima era de muita expectativa para os Gilsons. Formado por Fran, 28 anos, João, 31, e José, 30, respectivamente netos e filho de Gilberto Gil, de quem herdaram o sobrenome, o trio havia lançado seu primeiro EP no fim do ano. A popularidade da banda vinha crescendo nas plataformas digitais, e eles planejavam um álbum para aquele ano e já tinham shows maiores agendados quando todos os planos foram suspensos pela pandemia.

Pois o que parecia um balde de água gélida acabou se transformando em um momento auspicioso na carreira dos três, que lançaram uma série de parcerias com outros jovens músicos e fizeram da internet palco para canções embaladas pela mistura de ritmos dos blocos afro da Bahia com beats eletrônicos, violões suaves e o toque jazzístico dos metais. Resultado: em um intervalo de dois anos, o grupo saltou de 2 milhões de reproduções nos serviços de streaming para 84 milhões, alavancado por sucessos como como a regravação de Várias Queixas, do Olodum, e Love Love, que foi parar na trilha sonora da novela Um Lugar ao Sol, em horário nobre.

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Musicalmente, Fran, José e João Gil estão juntos desde 2014, época em que formaram com dois amigos a banda Sinara. Mas foi em 2018, muito por acaso, que acabaram por se converter no trio batizado de Gilsons, em referência ao sobrenome dos integrantes — ideia, aliás, de Preta Gil, mãe de Fran, que em um primeiro momento eles odiaram. José foi fazer um show no Dumont Arte Bar, na Gávea, e convidou os sobrinhos a se apresentar ao lado dele. A noite rendeu. E várias pessoas começaram a perguntar por que não levavam o trio adiante.

Em outubro do mesmo ano, eles disponibilizaram as duas músicas já citadas. Em 2019, lançaram pela Som Livre o EP Várias Queixas, com cinco faixas, três inéditas e os dois singles anteriores. De repente, de projeto paralelo o grupo foi se tornando prioridade para seus integrantes.

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O mais novo trabalho, o álbum Pra Gente Acordar, saiu no início do mês — pela Xirê, de Flora Gil, com distribuição da Believe — e será exibido pela primeira vez no Rio no Circo Voador, em 12 de março. Mais de um mês antes da data, os ingressos já estavam esgotados. “A gente batalhou muito, fez muito show pequeno, não escolhia lugar. Estávamos a fim de mostrar nosso som e agora estamos colhendo o resultado disso”, comemora José Gil.

Em 2021, os três mais o técnico de som Elton Bozza e o produtor Pep Starling, nome da cena hip-hop carioca, passaram duas semanas no sítio da família em Araras, na serra, para criar o recém-saído álbum. Lá, pela primeira vez fizeram uma canção em parceria. “Foi um processo muito gostoso produzirmos juntos no isolamento. Os três conseguiram botar as ideias para fora”, lembra José.

Nos Gilsons, todos cantam, tocam e compõem, mas também têm atribuições paralelas. José vem se envolvendo na produção das canções. Fran está dedicado aos clipes, um show à parte, ao lado do diretor Pedro Alvarenga — a música Proposta, que estreou no fim do ano, ganhou participação de Lázaro Ramos, Fabio Assunção e Caio Blat na versão audiovisual. “Trabalhei com cinema e foi através da música que eu pude revisitar esse lugar”, conta Fran. Na infância, ele vivia em sets de clipes dirigidos por sua mãe, Preta Gil, que trabalhou com nomes como Ivete Sangalo e É o Tchan.

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arte Música

Os três são cariocas, mas a capital baiana, onde conviviam em família, os aproximou muito. “A gente passava os verões lá, ficava bastante tempo uns com os outros, e muitas experiências da infância, adolescência e vida adulta se passaram ali, em Salvador. Então é uma cidade superimportante para nós, nossa segunda casa”, resume João. Além da influência na sonoridade do trio, Salvador está presente de forma explícita em letras como Duas Cidades (com Júlia Mestre) e Voltar à Bahia (com Clara Buarque, filha de Carlinhos Brown e neta de Chico Buarque).

O diretor artístico do palco Sunset, do Rock in Rio, Zé Ricardo, é fã do que considera a consistência musical do grupo: “Os arranjos são bons, eles têm ótimas letras e fazem uma mistura de ritmos muito original”. Segundo o produtor e compositor, neste momento em que o mercado se preocupa em lançar hits para emplacar no TikTok, eles estão fazendo música como os grandes da MPB sempre fizeram. “Têm potencial para estar nos grandes festivais e tocar pelo país todo”, acredita.

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O sobrenome famoso, eles juram, não exerce pressão sobre o grupo. “Teve gente na família que passou por isso antes. Cresci vendo minha mãe, por exemplo, tanto colher frutos como sofrer em relação a isso, então tivemos a oportunidade de aprender”, fala Fran, o herdeiro de Preta — João é filho de Nara, a primeira do clã e backing vocal do patriarca, e José é o caçula do próprio Gilberto com Flora Gil. “Na verdade, é um tremendo privilégio ter tanta gente incrível por perto, não só meu avô, mas todos das gerações que vieram depois”, define Fran.

A família se une muitas vezes no palco: João atualmente é o guitarrista da banda de Gil e José, o baterista. Fran se juntaria à trupe na turnê Nós, a Gente, que aconteceria no verão europeu de 2020 e foi transferida para 2022. Os preparativos e ensaios para o show, por sinal, viraram parte de uma série da Amazon sobre os Gil, gravada durante a pandemia na casa da serra com direção de Andrucha Wadding­ton. A previsão é que seja exibida a partir de julho.

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Bem no comecinho de 2022, os Gilsons chegaram a sentir um gostinho do contato com o público depois da fama conquistada, em uma maratona no Nordeste. Mas o vírus, mais uma vez, forçou a uma pausa. “Fizemos um show maravilhoso em Salvador, foi uma catarse. A galera cantando alto as nossas músicas”, recorda João, ansioso para voltar à estrada.

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Eles têm apresentações agendadas em grandes festivais, como o Nômade, e vão pousar com a turnê de Pra Gente Acordar em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Belém e Maceió, além da exibição na emblemática lona da Lapa, motivo de grande expectativa para os três. “Estar no Circo com os ingressos esgotados é um negócio muito louco. De repente a gente se vê no palco de um lugar onde passamos a vida inteira assistindo a shows”, resume Fran. Os ventos mudaram mesmo de direção — e estão a favor deles.

Álbum de família
Da infância aos shows, as imagens do trio em ação

Brincaderias
(./Arquivo pessoal)

Brincadeiras
Desde pequenos, os três passavam as férias juntos, na casa da família em Salvador

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Hora de gravar
(Pipo Fontes/Divulgação)

Hora de gravar
O grupo lançou o primeiro EP em 2019, com cinco faixas, três delas inéditas

Refúgio na serra
(./Arquivo pessoal)

Refúgio na serra
Eles se reuniram no sítio em Araras para produzir o novo disco durante a pandemia

Na estrada
(Andrea Franco/Divulgação)

Na estrada
“A gente não escolhia lugar. Estávamos a fim de mostrar nosso som”, diz José Gil

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