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Sara Antunes cria versão web de solo sobre sonhos e luto que rodou o mundo

Transmissões on-line da peça Sonhos Para Vestir acontecem neste sábado (12) e domingo (13), com ingressos gratuitos

Por Marcela Capobianco
9 jun 2021, 19h28
Sara Antunes num cenário todo bordado com um vestido e um véu sobre a cabeça
Sonhos para Vestir: Sara Antunes homenageia o pai e as vítimas da Covid-19 em monólogo on-line (./Divulgação)
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Onze anos após estrear o monólogo Sonhos Para Vestir no formato convencional, num teatro, com plateia presente, a atriz Sara Antunes voltou a se reunir com Vera Holtz, diretora do projeto, para formular a versão digital da peça.

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O solo é uma costura delicada de poesia, filosofia e teatro que reflete sobre os sonhos e o que cada pessoa guarda em seus desejos mais íntimos. É também a homenagem a relação de uma filha com seu pai. O espetáculo que já realizou diversas temporadas em mais de 20 cidades do pais agora ganhou uma versão web.

O resultado da imersão on-line poderá ser conferido neste sábado (12) e domingo (13), às 20h. VEJA Rio conversou com a atriz, que pela primeira vez contracena com os filhos, de 6 e 8 anos.

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Quais foram as principais adaptações para que a peça migrasse para a internet?

A peça nasceu num teatro pequeno, muito intimista, e durante os anos foi expandindo, fizemos em teatro enormes, como na última vez, em Cabo Verde, na África. Agora foi um movimento inverso para uma intimidade máxima, ressaltando a delicadeza, matéria rara atualmente. O cenário criado pela Analu Prestes tem riquezas que talvez só agora poderão ser reveladas. Um exemplo disso são as lâmpadas que foram envoltas por palavras bordadas uma a uma. Como o espetáculo é interativo, a Vera Holtz sugeriu que eu incorporasse meus filhos, Antônio (6) e Benjamim (8) ao projeto. Eles participam da transmissão representando o público e trouxeram um frescor a essa nova fase da peça.

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Já faz 11 anos que você estreou a montagem original. Além da mudança do formato, você também deve ter mudado. Acha que a peça faz mais sentido agora?

Em 2010, a Vera me ajudou entender que o trabalho se relacionava ao meu pai, que tinha acabado de falecer. Foi um processo de luto poético. Agora, tanto tempo depois, eu achei que calhava retomar a peça, porque estamos elaborando muitos lutos ao mesmo tempo. Pude provocar um encontro dos meus filhos com o avô que eles nunca conheceram. É impressionante como a arte é capaz de promover encontros, mesmo que nesse universo de poesia. Para mim, o novo projeto já fez um sentido imenso.

Na pandemia, sonhar é uma forma de fuga da realidade. Você concorda? Quais são seus escapes?

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Sonhar, na concepção que abordamos na peça, não é fuga mas um ato criativo ancorado na realidade, ligado a desejos profundos. Quando Shakespeare fala que somos tecidos para sonhar ele aborda a capacidade de invenção de outros mundos. Como estamos sendo soterrados por notícias ruins e tantos absurdos, precisamos de muita imaginação não para fugir, mas para inventar novos caminhos. Minha forma de pensar em outras coisa é mexendo na terra com os meninos.

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Qual é a maior dificuldade do teatro on-line? Acha estranho nao receber os aplausos do público?

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Essa é a terceira criação on-line em teatro que faço na pandemia. Gravei Leopoldina, Independência e Morte, fiz uma temporada do monólogo Dora. Eu preferia fazer sessões com transmissão ao vivo para ter a singularidade de cada apresentação, o risco do erro e o público saber que eu estava ali junto, ao mesmo tempo. De fato, a troca de energia que acontece num teatro não acontece em nenhum outro lugar. A experiência virtual é potente, mas nós, atores de teatro, estamos sedentos pela troca com o público.

Ingressos gratuitos ou por R$ 20,00 pela Sympla.

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