Prefeitura adia reabertura de teatros: “Profissionais estão passando fome”
Associação de Produtores de Teatro do Rio não discorda da medida e clama pela regulamentação da Lei Aldir Blanc, que vai distribuir recursos ao setor
A reabertura de cinemas, teatros e casas de eventos no Rio foi adiada por mais quinze dias, seguindo a recomendação de especialistas do comitê científico da prefeitura. A sexta fase do plano de retomada da prefeitura do Rio estava prevista para começar no último domingo (16).
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Como pontos turísticos voltaram a funcionar neste fim de semana, a equipe de especialistas que orienta o prefeito Marcelo Crivella entendeu que é necessário medir melhor o impacto dessas atividades antes de liberar a operação de teatros, museus e cinemas.
A Associação de Produtores de Teatro do Rio não discorda da orientação, mas clama para que a Lei Emergencial Aldir Blanc, que promete liberar até 3 bilhões de reais para estados e municípios, com recursos do Fundo Nacional de Cultura, seja regulamentada e o repasse da verba comece o quanto antes.
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“O setor cultural foi o primeiro a parar e vai ser o último a voltar às atividades. Não tivemos uma estratégia governamental para manter a renda dos trabalhadores. Eu recebo ligação de camareiras e técnicos de teatro dizendo que não têm dinheiro para comer. A situação é calamitosa”, desabafa Eduardo Barata, presidente da APTR.
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Barata pondera que grande parte do público do teatro carioca é composto por idosos, que dificilmente voltarão a assistir os espetáculos presencialmente enquanto não houver vacina para a Covid-19. No entanto, segundo ele, é premente que o setor receba o quanto antes o repasse prometido pela Lei Aldir Blanc. Após a regulamentação, os municipios terão sessenta dias para fazer os cadastros e executar a distribuição da verba. Já para o Governo Estadual esse prazo é de 120 dias.
“A cada dia que passa sem que a lei seja regulamentada é um dia perdido para o setor. Essa lei não resolve a nossa questão, mas minimiza os problemas urgentes que estamos enfrentando. Antes da pandemia, o setor cultural era responsável por 3% do PIB brasileiro, mas os governos – federal, estadual e municipal – parecem não se dar conta da importância da cultura. Os profissionais da área são, antes de tudo, cidadãos que precisam sobreviver”, diz Barata.
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Antes da pandemia, havia cem peças de teatro em cartaz na cidade, empregando, em média, dez pessoas. Apenas 20% das montagens tinham patrocínio. A campanha de apoio a profissionais da área liderada pela APTR conseguiu ajudar 1 200 famílias, que após quase seis meses sem trabalho, seguem enfrentando dificuldades financeiras.
A situação incerta faz com que alguns teatros, a exemplo do Oi Futurom no Flamengo, e XP Investimentos, no Jockey, sequer tenham uma programação pronta para a reabertura. Nesse último, o local já está preparado para receber o público sem aglomerações, mas ainda está em contato com produtores para definir o que entrará em cartaz. Entre maio e julho, o teatro promoveu leituras de peças clássicas pelo perfil do Instagram. No Oi Futuro, há apenas previsão de lançamento da exposição de Luiz Zerbini, que está montada e pronta para visitação.
O Teatro PetraGold, no Leblon, está se organizando para reabrir ao público no início de setembro, recebendo apenas sessenta espectadores (menos de um terço da capacidade), entre sexta e domingo. A princípio, os espetáculos Os Vilões de Shakespeare, com Marcelo Serrado, A Alma Imoral – monólogo de Clarice Niskier – e A Vida Passou Por Aqui, com Claudia Mauro, vão ocupar o palco principal. As peças de Serrado e Mauro também serão transmitidas pela internet, paralelamente ao projeto Teatro Já, que é 100% voltado para as plataformas digitais.
Os teatros Riachuelo, no Centro, e Prudential, na Glória, estão tomando todos os cuidados para retomar as atividades assim que a prefeitura autorizar. Haverá monitoramento prévio e constante da saúde dos artistas e técnicos, com acompanhamento de uma equipe profissional responsável pela higienização de pessoas, superfícies, instrumentos e objetos, entre outros. “No caso do Teatro Prudential, o palco estará voltado para a área externa do teatro, resultado do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. O público de 120 pessoas, um terço da capacidade do teatro, será acomodado em mesas para duas pessoas cada. Não será vendido ingresso individual, respeitando o distanciamento”, explica Aniela Jordan, sócia da Aventura Teatros, responsável tanto pelo Riachuelo quanto pelo Prudential.