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Botafoguenses transformam bar em arquibancada pé-quente

No embalo da volta à Série A, encontros no Boteco do Rão viram um ritual dos torcedores

Por Aisha Ribeiro, Juliana Poty e Filipe Vicente Barbaras*
Atualizado em 4 jan 2022, 11h20 - Publicado em 4 jan 2022, 11h19
Grupo de música se apresenta dentro de um bar. Os sete integrantes, três na frente e quatro atrás, estão sentados e com microfones à frente. O piso do bar é preto e banco.
Bar Alvinegro: além dos amigos e da comemoração, não pode faltar música (./Divulgação)
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Se o futebol carioca se despediu de 2021 com mais decepções do que alegrias, o Botafogo foi uma exceção. Após começar o ano com o gosto amargo do rebaixamento, o time volta à elite do Brasileiro com o título da Série B. A proibição e a restrição de público nos estádios durante mais da metade do campeonato, necessários para conter a pandemia, testaram a paixão dos torcedores, que se refugiaram noutros recantos do mundo da bola: os bares

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O Camisa 7, grupo de alvinegros acostumado a se reunir nos dias de jogos, empreendeu uma caça a botecos – em Botafogo, claro – para acolhê-los durante o exílio da arquibancada. Bares clássicos do bairro, como o do Italiano e o do Águia, abrigaram a torcida por um tempo. Como a vizinhança reclamou do excesso de barulho, o grupo teve de recomeçar a busca.

Aí encontraram o Boteco do Rão, na reta final do campeonato. Lá vibrariam com os melhores momentos da recuperação botafoguense, com o retorno à Série A e o título. Parafraseando a máxima do futebol, em bar que está ganhando não se mexe.

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A cofundadora do Camisa 7 Milena Mouro lembra que, logo na estreia do Rão como arquibancada alvinegra, o time goleou o Vasco por 4 a 0, em São Januário, casa do adversário, pela 34ª rodada. A vitória marcante emitia dois sinais emblemáticos: o Botafogo voltaria à divisão principal e o bar era pé-quente.  

“Virou mesmo uma arquibancada. A atmosfera foi incrível. Os garçons gritavam e cantavam com a gente”, conta MIlena. “O grupo de pagode Nada Mudou, que tocava ali, até mudou um pouco o repertório. Eles cantaram músicas ligadas ao Botafogo. Esse primeiro dia no Rão se tornou inesquecível”, completa.

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Lucca Mitre também se habituou a acompanhar a caminhada botafoguense naquele boteco. Fanático pelo clube desde criança, ele decreta: “O Rão virou a cara do Botafogo”. Transformou-se em ponto de encontro antes, durante e depois das partidas: 

“Muitas vezes a galera sai do estádio e vai pra lá. No jogo do acesso [à Série A,], a virada de 2 a 1 sobre o Operário, o pessoal saiu do Nilton Santos comemorar no boteco. Foi muito maneiro. 

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Na combinação entre futebol, amigos e boteco não pode faltar música. A guinada botafoguense foi embalada pela trilha do Grupo Samba 7. Além da paixão musical, os integrantes música, a Tiago Castro, Nelson Goulart, Joaquim Seraphim, Vinicius Bernard, Matheus Costa, Pedro Muger, Pedro Cordovil e Yago Simões compartilham a devoção ao Alvinegro. O percursionista Yago ressalta: 

“Costumamos dizer que não escolhemos, e sim fomos escolhidos. O Botafogo é essa loucura que todos viram no fim do ano, mesmo estando na série B. Vivemos um resgate, uma renovação da nossa torcida, que andava descrente e desmotivada com o clube. Esperamos que o futuro nos reserve mais alegria do que sofrimento. O Samba 7 é a materialização dessas duas paixões: música e futebol. Quando vemos a nossa torcida feliz com o resultado, curtindo o nosso som, isso, como se diz, não tem preço. 

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A concentração da torcida de volta ao bairro homônimo, casa do clube, coincidiu com o reaparecimento das vitórias. Para mais supersticiosos, ir ao Bar do Rão tornava-se mais que um encontro animado de botafoguenses. Era um ritual.

* Aisha Ribeiro, Juliana Poty e Filipe Vicente Barbaras, estudantes de jornalismo da PUC-Rio, sob orientação de professores da universidade e revisão final de Veja Rio.

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