Explorando a versatilidade da Syrah
Os vinhos de inverno brasileiro renovam o interesse por esta casta de presença mundial.

A syrah vem chamando mais e mais a atenção do consumidor brasileiro. Um dos principais motivos é o aumento dos vinhedos desta casta nas regiões sudeste e centro-oeste do Brasil. Os chamados “vinhos de inverno” utilizam a técnica da dupla-poda para retardar a colheita, que normalmente seria no final do verão (que na maior parte do país é quente e chuvoso), para o inverno, mais fresco e seco. A casta que melhor se adaptou a esta técnica é a syrah, que confirma sua versatilidade, adaptando-se a climas e solos diversos.
O berço da syrah é o norte do vale do Rhône na França, onde gera alguns dos maiores vinhos do mundo, como o Hermitage, Côte-Rôtie e Cornas, caldos de estilo austero, complexo e elegante, com aromas apimentados e terrosos.
Uma curiosidade, nos Côte-Rôtie é permitido e usual o acréscimo de um pequeno percentual (geralmente abaixo dos 5%) da uva branca viognier, que empresta frescor e notas florais à syrah. Na parte sul do Rhône a syrah não é a protagonista, mas sim uma coadjuvante que aparece muito em cortes ao lado da grenache e outras uvas locais, em vinhos como o Chateauneuf-du-Pape.
A segunda maior referência mundial na casta é a Austrália, principalmente no vale de Barossa, onde os grandes shiraz (grafia local da syrah), normalmente são opulentos, gordos, frutados e madeirados.
Nos vinhos de invernos brasileiros a syrah ganha um estilo no meio do caminho entre Rhône e Austrália, normalmente tem aromas terrosos, com paladar encorpado, alcoólico e de acidez alta, usualmente com bastante madeira e potencial de guarda.
Os vinhos syrah variam de acordo com o terroir e as técnicas de vinificação, resultando em uma ampla gama de estilos. Esta é sem dúvida uma uva que prefere climas quentes, mas adapta-se muito bem a climas mais frescos, com vários ótimos syrah “de frio”. Talvez o melhor exemplo em nosso continente sejam os da costa chilena, próxima ao Oceano Pacífico, de regiões como os vales de Leyda, Limarí e Elqui, onde ganha frescor, leveza, e aromas de eucalipto.
Outras regiões importantes para a syrah são: Languedos-Roussillon e Provence (França), Argentina, EUA. Com menor presença, mas com bons exemplares, podemos citar: Espanha, México, África do Sul, Nova Zelândia, Itália e Portugal. No Brasil, além dos vinhos de inverno há bons exemplos no Rio Grande do Sul e Vale do São Francisco.
Curiosidade: alguns Syrah chegam ao nível de obras de arte e podem ser vendidos em leilões por somas exorbitantes, como o Penfolds Grange (Austrália) e os Côte-Rôtie chamados de “La La La”, La Mouline, La Turque e La Landonne, do produtor francês Guigal, do Rhône.
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