Hoje o sol está literalmente em casa. Ele é um shih-tzu de 5 anos, um pouco rabugento, extremamente adorável – e que dentro de sua energia masculina tem iluminado a casinha. A chegada dele me lembrou de uma pesquisa científica que mostra que cada vez que um organismo, no caso o meu, o seu, o nosso, é exposto ou se expõe a novas situações, novos genes do sistema nervoso central começam a funcionar. Esses genes codificam novas proteínas, que são tijolos para novas estruturas do cérebro. Ou seja, muito em você ainda é nascente – no sentido mais físico possível. Não é lindo?
A questão é que nada disso será colocado em prática pela inércia. Você precisa se relacionar, dizer algo, ir a algum lugar, e fazer coisas para apertar o seu botão de ligar. Por isso, o movimento. Tenho lido um livro chamado “12 regras para a vida, um antídoto para o caos”. Uma das frases que mais gosto do Jordan Peterson, autor do livro, é “deixe a sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo”. A provocação desse psicólogo me faz considerar (mais do que nunca) as minhas circunstâncias, e sugiro o mesmo para você. Há coisas que você poderia fazer, que sabe que poderia fazer, que deixariam as coisas ao seu redor melhores?
Se a resposta for não, tente isso: comece a parar de fazer o que você sabe que é “errado”. Você pode usar os próprios padrões de julgamento, confie em si mesmo como guia. Não precisa aderir a um código externo e arbitrário de comportamento. Quem sabe como seria a existência se todos nós decidirmos lutar pelo melhor?
Eu tento arrumar a minha vida olhando para dois conceitos que o livro traz. Um deles é buscar o que é significativo, e não o que é conveniente. O prazer da conveniência é bem passageiro, e você não precisa levar 41 anos como eu para compreender.
“O significado traduz a ideia de que você está no lugar certo, na hora certa, equilibrado entre a ordem e o caos. O significado acontece quando a dança se torna tão intensa que todos os horrores do passado, as batalhas que rolaram até agora tornam-se uma parte válida da tentativa de construir algo poderoso e do bem”, diz Peterson.
Um outro conceito que me ajuda a arrumar a casa é “diga a verdade, ou pelo menos não minta”. Nos últimos anos, a mentira se tornou algo com que tenho muita dificuldade de lidar. Todos nós já usamos a linguagem para forçar o mundo a nos dar aquilo que achamos necessário. O problema é que assim nos distanciamos de quem somos.
Eu adotei uma prática que me deixa mais equilibrada e menos ansiosa: eu só digo aquilo que minha voz interna não se oporia. Então quando eu não sei o que fazer eu digo a verdade. Não precisamos ter medo do fogo que pode queimar os nossos apegos. Principalmente aqueles que definem quem somos, o que queremos, quais nossos objetivos. Muitas vezes estamos no drive de um padrão do passado que já pode ter sido útil, mas que hoje não é mais necessário.
Quando não mentimos e encaramos a realidade com as nossas escolhas podemos derrubar os moinhos de vento da nossa imaginação. Temos medo de abrir a caixa de Pandora, onde vivem todos os problemas do mundo, mas a esperança também está ali. Abrir a caixa de Pandora requer exposição e troca. Alguém que se esconde não é vital. E ser vital requer uma contribuição original. Seja para sua família, seus amigos ou para sua comunidade. Se você não se revela para os outros você não se revela para você.
Nem mesmo a melhor das vidas oferece uma defesa absoluta da vulnerabilidade. É nossa responsabilidade enxergar corajosamente o que está diante de nossos olhos, e aprender com isso, mesmo que aparentemente seja algo horrível. Eu não sou uma moça muito Nietzschiana, mas ele dizia que o valor de um homem está na quantidade de verdade que ele é capaz de tolerar. Nós não somos apenas o que já conhecemos, somos também tudo o que poderíamos conhecer, se quiséssemos. Eu tento não sacrificar o que eu poderia ser pelo que eu sou.
Você não deveria abrir mão do melhor que há dentro de você pela segurança do que já tem.
Não depois de já ter vislumbrado algo além.