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Dietas

Um velho empregado do internato onde estudei mastigava três nozes secas todas as manhãs e só uma hora depois tomava seu café com leite e comia seu pão com manteiga. Dizia que com isso mantinha a saúde e não engordava. Nunca tive a comprovação dessa receita, mas seu Antonio morreu com 98 anos, pesando 65 […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h59 - Publicado em 30 ago 2013, 23h28

Um velho empregado do internato onde estudei mastigava três nozes secas todas as manhãs e só uma hora depois tomava seu café com leite e comia seu pão com manteiga. Dizia que com isso mantinha a saúde e não engordava. Nunca tive a comprovação dessa receita, mas seu Antonio morreu com 98 anos, pesando 65 quilos para 1,70 metro de altura.

Hoje as pessoas comem mal ou deixam de comer, e o que vemos é que nenhuma delas está satisfeita. Nem as magras, que querem emagrecer mais, nem as gordas, que vivem em busca da dieta mágica que permita alcançar o peso ideal sem muito sacrifício.

E o velho Antonio, empregado rude e pobre do internato de Bragança Paulista, volta-me à memória quando noto que hoje ninguém fala que quer ser magro para exibir boa saúde, como ele, mas visando à exibição do corpo. Uma amiga da minha filha, numa tarde dessas, aqui em casa, proclamou:

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— Preciso emagrecer 2 quilos.

— Mas você está tão bem!

— Obrigada, tio, mas preciso ficar melhor para receber de biquíni o verão que vem aí. Tenho toda a primavera para conseguir isso. E o tio aqui, que vive de dieta e só conseguiu eliminar 5 dos 10 quilos que deseja perder, calou-se.

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E ela completou:

— Não adianta você estar bem para todo mundo mas não ter a admiração do espelho. Ele é que dá a última opinião.

— Pensei que fosse o Henrique — brinquei eu, referindo-me ao namorado por quem ela está a-pai-xo-na-dís-si-ma!

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— Ah, ele se diz satisfeito, acha que eu não posso ficar mais magra porque perco a cara saudável etc. etc., mas noutro dia me perguntou: “Sabe a Gildinha?”. “Sei”, disse eu, já fechando um pouco a cara porque acho a Gildinha bonita demais. Mesmo assim, brinquei: “Continua linda?”.

E ele então disse a frase definitiva: “Linda e magrinha, magrinha. Uma graça de garota!”. Pronto, me derrubou.

E para concorrer com a Gildinha preciso perder 2 quilos.

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Ou mesmo 3.

Mas ninguém pense que os homens também não se preocupam obsessivamente. Numa dessas tardes frias de fim de inverno, quando a sopa de cebola do Café Severino acaba sempre cinco minutos antes de você chegar, levantei o assunto e o Raul confessou que se pesa três vezes ao dia. Manhã, tarde e noite.

— E sua mulher não fala nada?

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— Eu me peso quando estou sozinho. Com isso também privo minha mulher de me ver pelado em cima de uma balança.

— E a balança?

— Ah, escondo no meu guarda-roupa. Ela nunca viu!

Foi ele confessar, pronto: todos os nossos amigos se abriram. Todos os nossos amigos fazem dieta. Mas fazem a tal dieta que permite o vinho — muito mais do que uma taça —, feijãozinho e arroz aos sábados, uma bola de sorvete de vez em quando.

A Laura Gasparian, que está uma sílfide por causa da dieta Dukan, participava da nossa conversa. Quando eu perguntei se os livros de dieta estavam vendendo bem, ela respondeu com uma reflexão genial do jornalista americano Andy Rooney:

“Os livros mais vendidos são os de culinária. Em segundo lugar, os de dieta. Então eu pergunto: como não comer o
prato que acabamos de aprender a fazer?”.

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