Uma boa noite de sono
Parece sonho, mas não é! Conheça as formas de recuperar seu sono perdido.

Um sono regulado e de qualidade é crucial para a saúde e o bem-estar geral. Durante o sono, o corpo passa por processos de restauração, consolidação da memória, regulação hormonal e fortalecimento do sistema imunológico, doenças e outras condições que por ventura possam impossibilitar uma noite de sono tranquila são alvo de pesquisadores que buscam soluções para tais transtornos.
Maria Fernanda Braga, cirurgiã-dentista com especialização em Odontopediatria, Odontologia Miofuncional e terapia integrativa do sono, diz que a respiração pela boca pode levar a problemas no sono, incluindo ronco, apneia e sono agitado. “Quando se pensa em sono ruim, a primeira coisa que imaginamos é a figura de alguém roncando. Quando se pensa em dentista a primeira coisa que imaginamos é dente. Então, qual a relação entre odontologia e sono? Todas!”
“A respiração oral, como também é chamada, pode levar a um sono de baixa qualidade devido à falta de filtragem do ar pelo nariz, o que aumenta o trabalho das amígdalas e adenóides causando interrupções no sono bem como alteração na liberação do hormônio do mesmo e na evolução das fases que são essenciais para a qualidade de uma boa noite de descanso. Quando crônica, essa característica respiratória, pode afetar as fases do sono, especialmente o sono REM, causando sua fragmentação, ronco, pesadelos e dificuldade de atenção e concentração”, explica Maria Fernanda.

Para Maria Fernanda, é importante ressaltar alguns hábitos que causam alterações que vão muito além da posição errada dos dentes como os fatores genéticos associados à má oclusão existem fatores ambientais que podem se fazer presentes desde a infância como hábito do uso de chupetas, mamadeiras por períodos prolongados, amamentação em posição desfavorável para o trabalho correto da musculatura orofacial.
“A respiração bucal atrapalha a oxigenação a nível celular ou seja, boca não foi feita como parte do sistema respiratório,então, sono ruim, desânimo para as atividades diárias, falta de concentração, dificuldade na realização de atividades físicas, sono não reparador são características que merecem uma avaliação também na cadeira do cirurgião-dentista pois em muitos casos haverá a correlação direta. Importante ressaltar que quem apresenta essa condição não realiza essa respiração de forma consciente por isso a complexidade dessa condição. Em resumo, a respiração bucal pode trazer diversas consequências negativas à saúde, afetando tanto a região oral e facial quanto o organismo como um todo”.
O sono, além de ser uma necessidade fisiológica básica, desempenha um papel vital na regulação do humor e das emoções, sendo fundamental tanto para a prevenção quanto para o tratamento de transtornos mentais.
Estudos mostram uma forte conexão entre a qualidade do sono e o desenvolvimento de condições como depressão e ansiedade. A National Sleep Foundation revelou que até 90% das pessoas com depressão enfrentam dificuldades para dormir, sublinhando que problemas de sono são um sintoma comum e significativo desses transtornos. Além disso, a apneia do sono, caracterizada por interrupções na respiração durante a noite, está associada a um risco significativamente maior de transtornos mentais, agravando ainda mais o quadro clínico dos pacientes.
“O distúrbio do sono é frequentemente associado a transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. A falta de sono adequado não só pode intensificar os sintomas desses transtornos, como também contribuir para seu desenvolvimento. Esta relação é uma via de mão dupla: a insônia pode desencadear ou piorar a depressão e a ansiedade, e, por outro lado, esses transtornos psiquiátricos podem exacerbar os problemas de sono, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar,” afirma Dr. Geraldo Lorenzi-Filho, Diretor Médico e Especialista em Medicina do Sono da Biologix.
Dra. Mirella Renon, cirurgiã dentista, confirma a informação de que o dentista tem um papel fundamental para ajudar a identificar e tratar a qualidade do sono. “Problemas como bruxismo ( ranger ou apertar os dentes) muitas vezes sem perceber, são cada vez mais comuns e podem causar dores de cabeça, na mandíbula, além de desgastes nos dentes”.

Segundo a profissional, o dentista é o profissional capacitado para identificar esses sinais durante uma consulta e propor o tratamento adequado. “Muitas vezes o uso de placa miorrelaxante e uma “higiene“ do sono, que inclui: redução da luz ambiente, uma hora antes de dormir, diminuição telas de celular, computador e tv, já trazem grande melhora no quadro. Em casos mais complexos o tratamento é feito em conjunto com outros profissionais como psicólogo, psiquiatra e médicos do sono podendo indicar medicação, aparelhos Cpap ou até mesmo cirurgia. Cuidar da Saúde bucal também é cuidar do seu descanso. Um sono tranquilo começa com uma boca saudável”.
“Proporcionalmente igual. Não tem muita diferença entre homens e mulheres não. Em relação ao autocuidado , acho que a mulher percebe mais do que os homens , até por questões estéticas, pois muitas vezes pode haver não só o apartamento mas um desgaste excessivo dos dentes o que influencia na estética”, diz Dra. Mirella.
Como tratar? Primeiro é preciso realizar uma avaliação clínica e radiográfica para entender a origem e a causa. Em alguns casos utilizamos a polissonografia para um diagnóstico mais completo e diante da confirmação a abordagem de tratamento utiliza aparelhos e exercícios para corrigir a respiração bucal, melhorar o desenvolvimento facial. A partir da reprogramação neuromuscular do paciente, voltamos a um equilíbrio fisiológico de modo a impactar diretamente a qualidade de vida e o sono do paciente. Existem características físicas específicas para diagnosticar o respirador bucal.
Existem. Entretanto, a avaliação profissional é indispensável. Existem testes clínicos que são realizados para fechar diagnóstico. Algumas características estão sempre presentes como: lábios entreabertos, ressecamento da boca, posição de língua rebaixada ( ou seja, em repouso a língua deve tocar o céu da boca, e no respirador bucal não ocorre ), face alongada, comumente apresentam também problemas posturais e presença de olheiras.
Acordar cansado, mesmo depois de horas na cama, não é normal. Tampouco é apenas o estresse ou a correria do dia a dia que causam dores de cabeça matinais, lapsos de memória ou sonolência constante. Em muitos casos, esses sintomas têm uma origem silenciosa e estrutural: a apneia obstrutiva do sono.
“90% das pessoas que sofrem de depressão relatam dificuldades para dormir”
Mais comum do que se imagina, a condição afeta diretamente a qualidade de vida de milhões de brasileiros e pode ter ligação também com a alimentação. A interação entre alimentação saudável, prática regular de atividades físicas e qualidade do sono formam um triângulo essencial para a saúde humana. Estudos científicos comprovam a eficácia desse conjunto na promoção de um bem-estar geral, destacando-se o impacto positivo na redução da insônia, um distúrbio que afeta significativamente a população mundial.
Um estudo publicado no “Journal of Clinical Sleep Medicine” em abril de 2020, enfatiza a correlação direta entre dieta equilibrada e melhoria na qualidade do sono. Segundo os autores, alimentos ricos em magnésio, zinco e vitaminas B6 e B12 desempenham papel crucial na regulação dos ciclos de sono, pois estão envolvidos na produção de melatonina, hormônio responsável por regular o ritmo circadiano. A atividade física regular mostra-se como um potente aliado no combate à insônia. Indivíduos que praticam exercícios moderados a intensos por pelo menos 150 minutos por semana, experimentam uma melhoria significativa na qualidade do sono, além de reduzirem o tempo necessário para adormecer.
“Além dos benefícios diretos, a combinação de uma dieta balanceada e exercícios físicos contribui para a diminuição do estresse e ansiedade, fatores comumente associados à dificuldade de iniciar e manter o sono. Estudos complementares sugerem que reduzir o consumo de cafeína e alimentos pesados antes de dormir, estratégia recomendada por especialistas, é eficaz no combate à insônia”, enfatiza Priscila Gontijo, nutricionista na Puravida.
A especialista também destaca a importância da hidratação que, apesar de menos estudada, não pode ser subestimada neste contexto. “A prática de manter-se bem hidratado é universalmente recomendada por profissionais de saúde, embora a relação entre hidratação e sono necessite de mais investigação”, diz.
O ambiente também desempenha um papel crucial no combate à insônia. Manter o quarto em uma temperatura confortável, minimizar a exposição à luz e ruído antes de dormir e estabelecer uma rotina noturna relaxante são medidas complementares que potencializam os efeitos benéficos ao sono quando aliadas à dieta e exercício.