Menopausa, vamos quebrar esse tabu!
Como adotar hábitos saudáveis ao longo da vida, que incluem o cuidado integral do corpo, mente e espírito, numa preparação para esta fase da vida da mulher
“Ser jovem enquanto velha,
velha enquanto jovem
Quando uma pessoa vive de verdade,
todos os outros também vivem”
( Clarissa Pinkola Estés )
Para todas as mulheres maduras que estão entrando ou já estão em plena menopausa, aprendendo a dizer não e a se calar quando o silêncio for mais eloquente. Aquelas que estão ainda em formação do climatério, aprendendo a serem mais gentis com seu corpo, sua mente e a sua alma. Tantos tabus, receitas e achismos, é certo ou errado? Quantas vezes você duvidou até do seu corpo como resposta para esse momento. Certo que vai chegar. E se ainda não chegou, é certo que chegue. Então, aguarde.
“A menopausa é um momento para reorganizar os comandos internos do nosso corpo. Somos compostas de hormônios, proteínas e inúmeras substâncias que se comunicam constantemente, e aprender a gerenciar essas mudanças pode fazer toda a diferença. A forma como você enxerga a menopausa é determinante para como ela se manifesta no corpo físico. Acreditar que essa fase pode ser uma oportunidade de renascimento pode transformar a maneira como vivenciamos essa transição”.
Para a terapeuta Noélli Santiágo, a menopausa, que muitas vezes é vista como um “início do fim”, é uma transição natural na vida de toda mulher que merece ser compreendida e celebrada. “Nosso corpo é uma ferramenta sagrada para nossa evolução; o veículo que nos conduz nesta jornada. Cuidar dele com consciência e respeito em todas as fases da vida é essencial para nossa saúde física, mental, emocional e espiritual”.
Adotar hábitos saudáveis ao longo da vida, que incluem o cuidado integral do corpo, mente e espírito, nos prepara melhor para todas as transições naturais, incluindo a menopausa. Enxergar essa fase com olhos de aceitação e curiosidade pode transformar a experiência de maneira positiva. Como em qualquer fase da vida, a menopausa exige atenção e cuidado consigo mesma. Uma das dicas da terapeuta para se preparar para a menopausa é exercitar-se regularmente com atividades físicas que ajudam a manter o peso saudável e fortalecer os ossos, além de praticar a meditação e o mindfulness, que são técnicas de relaxamento que podem reduzir o estresse e melhorar o bem-estar emocional durante essa transição.
Somos o que acreditamos ser. Portanto, adotar uma perspectiva positiva e acolhedora em relação à menopausa pode nos permitir vivê-la com plenitude e segurança. Essa fase pode ser um período de autodescoberta, onde a liberdade e a maturidade se encontram para criar novas possibilidades.
A menopausa não precisa ser uma fase de sofrimento; com as escolhas certas, é possível vivê-la de forma vibrante e saudável. Cuidar da alimentação durante a menopausa não é apenas uma questão de saúde física, mas também emocional e mental. Ao adotar uma alimentação equilibrada e nutritiva, você pode transformar essa fase em um período de renovação e bem-estar.
Daniela Zuin, nutricionista da Clinica Funcional Integrativa, sugere que uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes pode fazer toda a diferença durante essa fase. “Os antioxidantes são essenciais para combater o estresse oxidativo, que tende a aumentar durante a menopausa. Eles ajudam a proteger as células dos danos causados pelos radicais livres, associados ao envelhecimento precoce e a diversas doenças. Frutas azedas e de cores intensas como morangos, uvas, cerejas, amoras, framboesas, acerola, limão, maracujá e mirtilos, legumes e folhas como espinafre, brócolis, abóbora, pepino, rúcula e couve, além de microalgas como espirulina e chlorella, são excelentes fontes de antioxidantes. Ervas e temperos como cúrcuma, gengibre, salsão, coentro, cebolinha e alecrim também têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que beneficiam a saúde geral.
Manter uma boa saúde intestinal é crucial para a eliminação adequada dos estrogênios pelo intestino. Alimentos ricos em fibras, como legumes, cereais integrais e frutas variadas, contribuem para um bom funcionamento intestinal. Sementes e nuts, como amêndoas, nozes e sementes de chia, são ricas em fibras e gorduras saudáveis, que ajudam na saciedade e no controle de peso. A farinha de linhaça, por exemplo, é excelente para o equilíbrio hormonal.
Dr. Christian Aguiar, médico especialista em medicina natural e suplementação, sugere uma dieta rica em fitoestrógenos (hortelã, linhaça), antioxidantes, ácidos graxos ômega-3, cálcio e vitamina D. Suplementos: Vitamina D, cálcio, magnésio, ácidos graxos ômega-3, probióticos e adaptógenos como rhodiola rosea e maca, que podem ajudar a equilibrar os hormônios e melhorar a resistência ao estresse. Nas minhas consultas, a paciente recebe, após uma longa anamnese e avaliação de exames laboratoriais, uma orientação alimentar direcionada para suas necessidades, e prescrição de suplementação personalizada para a menopausa. É também discutido com a mulher se há a possibilidade, a necessidade e o desejo de se fazer reposição hormonal, sempre com hormônios bioidênticos”. Também apoio as terapias naturais e complementares, como a fitoterapia em chás de camomila, valeriana e passiflora, podem ajudar a acalmar e melhorar a qualidade do sono, e a acupuntura, que pode ajudar a aliviar os sintomas de menopausa, incluindo ondas de calor e distúrbios do sono. “Destaco os 10 suplementos que podem fazer muita diferença após os 50, como o Magnésio, a Coenzima Q10, Creatina, Taurina, Vitamina D, Vitamina K2, Ômega 3, Picnogenol, Colágeno Hidrolisado, Cúrcuma. Você não precisa tomar tudo, é claro. E nem é obrigado a tomar suplementos”, explica.
Para Daniela Zuin, a menopausa pode trazer consigo uma tendência ao ganho de peso e à perda de massa muscular. Para combater isso, é importante focar em uma alimentação rica em proteínas magras, como frango, peixe e leguminosas, importantes para a saúde do coração e a função cognitiva. As gorduras saudáveis presentes em alimentos como abacate, azeite de oliva, nozes e sementes são fundamentais para a saúde hormonal e cerebral.
A saúde emocional e espiritual no período da menopausa é essencial, e segundo Max Tovar, terapeuta integrativa, xamã e codificadora do Mapa Gestacional. A menopausa é uma fase de mudanças que pode ser libertadora ou limitadora, dependendo de como você vê e trata o momento e os sintomas. “Observamos que aqueles assuntos inacabados, mal resolvidos em nossa vida prática, emocional ou espiritual podem ser fator decisivo no desenrolar do processo, como se fosse uma panela de pressão que precisa ser aliviada”. Max sugere o mapa gestacional para poder perceber na avaliação que os desafios expostos ao momento da tormenta hormonal se tornam mais evidentes. “Em nossa avaliação das 12 inteligências, notamos que as inteligências que cuidam das 4 emoções básicas são as primeiras a se manifestarem emocionalmente, como por exemplo: o Branco que fala sobre os medos; o Violeta que se trata das mágoa; o Vermelho que fala sobre a raiva e o Verde que se refere a felicidade e a nutrição”.
Em primeiro lugar, precisamos ter conhecimento e consciência de todos os fatores que podem potencializar os sintomas da menopausa e então prevenir para que esta fase da vida seja libertadora, ao invés de condicionadora. Para sair desse estado de limitação, sugiro perceber quais são as questões emocionais, traumas e dores que ainda controlam a sua vida. Se perguntar como está a sua relação com o feminino, pois quanto mais permissão da liberdade feminina, mais o estado de ajuste com o momento, e como está a sua relação com a sexualidade, já que uma sexualidade bem resolvida é um fator importante em relação à falta de libido. Além de exercícios físicos diários, como musculação, yoga e pilates. Para a questão da lubrificação íntima, é fundamental realizar os exercícios de Kegel ou pompoarismo.
Na área do bem-estar, a terapeuta holística e empresária Luciana Portolano, criadora da Arbre, é especializada nos óleos essenciais que atuam no campo emocional positivamente e acredita que são calmantes e diminuem a ansiedade da mulher nesta fase da menopausa, em que os hormônios oscilam. “Eles ajudam a aumentar a auto-estima. No aspecto físico, diminuem os efeitos da menopausa através da lubrificação e da hidratação vaginal. No aspecto sutil, também atuam nas questões do inconsciente da mulher, libertando-a de padrões, restaurando a sensualidade e restaurando a sua harmonia com o feminino, como também conectando com a fertilidade em outras áreas da vida”. A terapeuta sugere a composição que contém óleos essenciais femininos de lavanda, gerânio e palma-rosa, todos em proporções muito específicas, para ser usado no dia a dia, de forma tópica local, nos lábios externos da vagina, duas vezes ao dia e, de preferência, depois do banho e à noite.
Mariana Mafra, especializada na Medicina da Dor, explica que o climatério e a menopausa são fases de transição acompanhadas de sintomas que não são muito agradáveis, como os fogachos, suor noturno, alterações de humor e fadiga. Além desses sintomas e da irritabilidade característica, ainda há aumento do risco em relação a doenças cardiovasculares, com desenvolvimento da síndrome metabólica com maior risco de resistência à insulina, perda óssea e de massa muscular.
“Como se não bastasse esse combo, há uma impressão correta por parte das mulheres de que elas sentem mais dor. Há um aumento da prevalência de dores musculoesqueléticas, como dor lombar, cervicalgia (dor na cervical), piora da fibromialgia, piora de algumas doenças inflamatórias. As alterações hormonais, principalmente a queda do estrogênio, tem interações complexas com as vias de dor, aumentando a sensibilização à dor”, explica.
“É um ciclo vicioso que precisa ser quebrado. Nessa fase, muitas vezes é necessário o tratamento da dor para que a paciente consiga se movimentar e quebre esse ciclo. A terapia de reposição hormonal deve ser acompanhada por um médico, baseada em evidência científica e mitigando os riscos. O uso de hormônios de forma inadequada, como chips da beleza, aumenta o risco de infarto e AVC e pode piorar, por exemplo, a enxaqueca e outras dores crônicas. Mariana também é a favor da prática de exercícios, que é fundamental nesse período e o acompanhamento por um bom profissional, sendo possível o controle dos sintomas para uma vida saudável e equilibrada”.
A favor da terapia da reposição hormonal e da libertação do tabu que é a menopausa, Flavia Barbosa, endocrinologista professora da Unirio , que acabou de escrever um capítulo para um livro sobre mulher 40+ nessa transição climatérica, acha o tema menopausa extremamente importante. “Chega de preconceito! Não podemos mais caracterizar a menopausa como doença, pois hoje as mulheres têm responsabilidades familiares, estão no auge da vida profissional, com filhos pequenos, que são demandas que as gerações das mulheres no passado não tinham. E elas sofriam basicamente caladas. Por exemplo: não ter vontade nem prazer na relação sexual com seu parceiro, algo que muitas tinham constrangimento de abordar em família ou com seu médico esse assunto. Vamos quebrar esse tabu! Essa mulher passa a ter sintomas que tem que se entender, desde o declínio hormonal no corpo até nas energias e no mental”.
Flavia diz que hoje em dia, se ela conseguir tratar essa mulher na forma mais precoce, ou seja, antes dos 60 anos de idade e com até 10 anos de antecedência da entrada na menopausa, essa mulher terá muito mais benefícios do que riscos. “Sugiro uma terapia hormonal individualizada, precedida de rastreamento. Uma novidade: pela via mais natural é fazer durante 5 anos a reposição e depois parar, mas hoje não existe mais isso. O que sugiro é fazer um seguimento clínico e, se não tiver nenhuma mudança clínica nessa mulher, sendo de baixo risco, podemos manter uma menor dosagem sem nenhum tipo de limitação temporal. E, para quem não quiser repor, existem terapias específicas com por exemplo, tópicos vaginais que melhoram muito como o lazer íntimo vaginal, pois ajuda na hidratação da mucosa.
Depois dessa matéria lida, só um livro mesmo para tanta explicação reunida!
Beijos,
Helen