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Krypton

Em meio à fuzilaria, numa segunda de folga besta — eu trabalho nos fins de semana —, fui ao cinema assistir a Batman vs Superman. Minha intenção era fugir da realidade no melhor estilo A Rosa Púrpura do Cairo, mas o tiro saiu pela culatra. Batman nunca deixou de ser deprimido, perdeu os pais cedo […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h34 - Publicado em 9 abr 2016, 01h00

Isabelle Barreto

Em meio à fuzilaria, numa segunda de folga besta — eu trabalho nos fins de semana —, fui ao cinema assistir a Batman vs Superman. Minha intenção era fugir da realidade no melhor estilo A Rosa Púrpura do Cairo, mas o tiro saiu pela culatra.

Batman nunca deixou de ser deprimido, perdeu os pais cedo e se identificou com um morcego. É um personagem obscuro, eu não esperava nada diferente dele. Mas Super-Homem, meu Deus, Super-Homem jamais foi dado a dúvidas existenciais. O filho de Krypton sempre primou por ser um sujeito correto, sem questionamentos dúbios que o fizessem desconfiar da própria retidão.

Os tempos andam tão sombrios que até Super-Homem foi vencido pela melancolia e se transmutou num deus rejeitado, acusado de agir acima da lei, um meta-humano perigoso que deve ser controlado.

Até tu, Brutus?

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E mais. Batman elegeu Super-Homem como seu maior inimigo. Homem x Deus. Todos perderam a razão.

Saí do cinema desolada, certa de que não é só no Brasil que enfrentamos esse sentimento de racha e vazio.

Temo que Lex Luthor saia favorecido por essa desilusão generalizada, que Trump vença no norte e que o ódio perca o controle por aqui.

Eu não sei qual a melhor saída para a nossa crise, suspeito que ela nem exista. Acredito que muitos, como eu, estejam sofrendo dessa mesma paralisia. As dificuldades persistirão, não importa quem resista ao tranco.

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Sou pela luta contra a corrupção e pelo fim do contrabando de Kryptonita. Torço da mesma forma pela democracia, vilipendiada de muitas maneiras até aqui. Acatarei a decisão do Supremo, do Senado, do Congresso, da Liga da Justiça, convencida de que o Coringa Cunha não poderia estar sentado na cadeira em que está.

As agressões, os xingamentos, a raiva, esses são nefastos e trarão consequências terríveis, cicatrizes eternas para todos nós. Batman passa o filme odiando Super-Homem e, depois, descobre, arrependido, que não era ele o vilão.

Gostei da Mulher-Maravilha, que só pega em armas no fim, sã, bela como o índio da canção do Caetano, vinda lá das estrelas. Tiraram dela aquele uniforme brega de bandeira dos EUA e a transformaram numa Valquíria do Valhalla. Caiu-lhe muito bem. É discreta, forte, age quando preciso e não parece sofrer das doenças psíquicas dos demais personagens.

Viva ela, a luz em meio à loucura e à brutalidade. Falta descobrir quem a representa na vida real.

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