Vacinação: O escudo invisível que protege o coração e a mente
A vacinação é uma ferramenta poderosa contra infecções, além de atuar na proteção cardiovascular e cognitiva.

Dr. Fabiano M. Serfaty: Em um cenário de envelhecimento populacional e aumento das doenças crônicas, a vacinação surge como uma ferramenta poderosa não só contra infecções, mas também na proteção cardiovascular e cognitiva. Para entender melhor essa relação, conversamos com o Dr. Helio Magarinos Torres Filho, patologista clínico e diretor médico do Richet Medicina & Diagnóstico. Como a vacina contra gripe pode proteger o coração?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Estudos recentes, demonstram que a vacina contra gripe reduz em até 36% eventos cardiovasculares graves, como infartos. A gripe intensifica a inflamação sistêmica, sobrecarregando o coração. A vacinação ajuda a evitar esse impacto. Sabe-se hoje que a vacina contra influenza tem eficácia igual ou até melhor do que qualquer medida ou medicação que possa ser prescrita para pacientes cardiopatas. Portanto, a vacinação contra gripe neste tipo de paciente não deve ser apenas uma recomendação médica, mas sim, uma prescrição de suma importância.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Ela também diminui internações por problemas cardíacos?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Sim. Um estudo de 2024 no The Lancet Respiratory Medicine apontou redução de 28% nas internações por insuficiência cardíaca em idosos cardiopatas vacinados. Por ser capaz de proteger contra, praticamente todos os tipos de complicações cardiovasculares, a vacina também protege contra qualquer afecção que possa resultar em hospitalizações.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Qual o papel da vacina pneumocócica na saúde cardiovascular?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Segundo estudo de 2025 publicado no ScienceDaily, a vacina pneumocócica 13-valente reduz em 18% os eventos cardiovasculares ao prevenir infecções que geram inflamação. Vale ainda lembrar que o pneumococo pode ser o causador de uma série de tipos de infecções, incluindo meningites, otites e sepse. A versão mais nova da vacina, 20-valente, que, além de ser mais eficaz e duradora do que as versões anteriores, protege contra sorotipos adicionais do pneumococo importantes, tendo ainda indicação para ser aplicada em apenas uma dose.
Dr. Fabiano M. Serfaty: A vacina contra Vírus Sincicial Respiratório (VSR) também traz benefícios cardiovasculares?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Sim. Um estudo de 2025 na Nature mostrou que a vacinação contra o VSR reduziu em 15% os episódios de insuficiência cardíaca em idosos vulneráveis, limitando infecções respiratórias que comprometem o coração. Esta vacina tem uma proteção importante para cardiopatas, pois as infecções pulmonares pelo VSR podem levar a repercussões cardíacas e agravar o quadro de determinados pacientes, como recém-natos e maiores de 60 anos, cuja imunidade pode estar fragilizada. Um estudo feito com mais de 146 mil veteranos nos EUA, publicado no The Lancet Infectious Diseases em Janeiro de 2025, demonstrou que a vacina contra VSR foi eficaz para prevenir 80% das internações hospitalares causadas pelo VSR.
Dr. Fabiano M. Serfaty: A vacinação contra gripe reduz a inflamação que prejudica o coração?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Com certeza. Dados de 2024 revelam que a vacina reduz em 25% marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa, especialmente em cardiopatas. A vacina de alta dose de antígeno, indicada para maiores de 60 anos, pode ser até 25% mais eficaz nessa faixa etária, que apresenta diminuição na imunidade. Como citado acima, a vacina, nesta faixa etária, é uma prescrição obrigatória para a prevenção de doenças pulmonares e cardiovasculares.
Dr. Fabiano M. Serfaty: A vacina pneumocócica previne complicações cardíacas a longo prazo?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Sim. Estudo de 2025 no The Lancet Respiratory Medicine mostrou redução de 22% no risco de eventos cardiovasculares em cinco anos entre pacientes com histórico de cardiopatia. E, agora que já temos uma vacina mais eficaz e duradoura como a 20-valente, aplicada em uma única dose, a sua prescrição se torna extremamente importante.
Dr. Fabiano M. Serfaty: A vacina pneumocócica pode proteger a saúde cognitiva?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: De acordo com, um estudo de 2025 na Nature, a vacinação reduziu em 12% o risco de declínio cognitivo em sete anos, possivelmente ao evitar inflamações cerebrais recorrentes em idosos cardiopatas, além de proteger contra meningites.
Dr. Fabiano M. Serfaty: A vacinação contra gripe ajuda a prevenir demência?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Embora indiretamente, sim. Um estudo de 2024 no PMC indicou redução de 14% no risco de demência em dez anos entre vacinados anualmente, ao evitar infecções que podem afetar o cérebro.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Qual a relação da vacina contra o herpes zoster e a proteção contra demência?
Dr. Hélio Magarinos Torres Filho: Estudos sugerem que sim. Um trabalho publicado em 2022 no JournalofAlzheimer’sDisease, com mais de 150 mil pessoas, mostrou que vacinados contra o herpes zoster tiveram 20% menos risco de desenvolver demência em sete anos. A proteção estaria ligada à prevenção da reativação do vírus varicela-zoster e à redução de inflamações neurodegenerativas.A vacina está indicada para todos os adultos acima de 50 anos e aqueles com mais de 18 anos que apresentam risco aumentado para herpes zoster. Portanto, as vacinas são, atualmente, os melhores métodos para prevenção de determinadas doenças, não havendo nenhum outro tipo de medida ou medicamento que possa ser tão eficaz. A sua prescrição pelo médico torna-se obrigatória para quem quer oferecer o melhor para o seu paciente.