“É preciso ampliar o acesso ao esporte como fonte de saúde”
Diretora de Marketing da Asics, Constanza Novillo destaca importância de corridas promoverem o bem-estar, a sustentabilidade, a sociabilização

Frágeis por natureza, as fronteiras entre esporte, cultura e diversão insinuam evaporarem de vez. Sob o compasso do consumo, da diversidade e da responsabilidade socioambiental, a indústria do entretenimento progressivamente as dissipa.
Ascendente mundo afora, inclusive no Brasil, a corrida de rua impulsiona essa unificação. Provas agregam música, gastronomia, brincadeiras. Dedilham vivências com sabor de domingo no parque.
“Ao unirem a prática esportiva a experiências envolventes e paisagens bonitas, eventos assim vão além da competição. Tornam-se um ponto de encontro para a família, os amigos e a comunidade corredora em geral”, ressalta a diretora de Marketing da Asics para a América Latina, Constanza Novillo.
Ela destaca, na segunda entrevista da série sobre a triangulação entre esporte, cultura e bem-estar, a importância de iniciativas como a Asics Golden Run promoverem saúde, sustentabilidade, inclusão. Constanza detalha as novidades da edição carioca da corrida, dia 13 de julho, com percursos de 10 e de 21 quilômetros; e enfatiza a necessidade de esforços conjugados para democratizar o acesso ao esporte.
Por que o Rio recebe cada vez mais provas que combinam esporte, cultura e entretenimento, como a Golden Run?
O Rio respira esporte, cultura e diversão, uma combinação que faz parte do estilo de vida carioca. Provas como a Asics Golden Run atendem essa expectativa, unindo a prática esportiva a uma experiência envolvente, cheia de animação e, é claro, a um cenário deslumbrante. Com isso, eventos assim vão além da competição. Tornam-se um encontro para a família, os amigos e a comunidade corredora como um todo.
Quais os destaques ou as novidades da programação deste ano?
Aumentamos essa experiência. A ideia é proporcionar um dia cheio de energia, muito além da linha de chegada. A corrida, reconhecida pelo percurso rápido, traz uma experiencia de ativação premium: a arena próxima à chegada vai reunir música, massagem e ativações como as da nossa campanha Mind’s Best Friend, que exalta os benefícios dos cachorros para uma vida ativa. Também haverá medalhas personalizadas, largada e premiações especiais para pessoas com deficiência (PCDs) e coleta de resíduos para reciclagem. A marca tem uma forte preocupação com a sustentabilidade.
Como as empresas, sobretudo as ligadas ao esporte, podem contribuir para democratizá-lo, torná-lo acessível aos diferentes estratos da população?
Primeiro, aumentando o acesso — por meio de patrocínios, bolsas para atletas, clínicas públicas, grupos de treinamento gratuitos — e mostrando que o esporte é para todos. É preciso apoiar iniciativas que removam barreiras, principalmente para quem quer dar o primeiro passo; engajar as escolas; desenvolver políticas públicas estruturais; e criar caminhos para que qualquer pessoa se sinta incluída, independentemente de idade, condição física ou situação social. Além disso, é importante ensinar às comunidades a importância e os muitos benefícios da prática esportiva na prevenção de doenças, na melhoria da disposição, na concentração, na autoconfiança, na qualidade de vida. A consciência é um dos caminhos para que o esporte se torne um hábito permanente na vida das pessoas.
A ciência atesta a importância da prática esportiva regular para a saúde. Que benefícios, em especial, apontam as pesquisas desenvolvidas pela Asics?
Nossas pesquisas vêm mostrando como o movimento é fundamental na saúde do corpo e da mente. O estudo global da Asics State of Mind constata que uma pessoa leva apenas cerca de 15 minutos para começar a alcançar uma mudança mental positiva com o exercício. A segunda edição desse estudo reforça a ligação benéfica entre atividade física e bem-estar mental. Quanto mais as pessoas se exercitam, melhor fica o estado mental. Brasileiros ativos apresentaram uma pontuação média de estado mental de 64/100, enquanto inativos pontuaram 45/100. O estudo revela ainda que ser fisicamente ativo na adolescência ajuda a estabelecer o hábito de se exercitar. Quase 60% das pessoas se exercitam regularmente entre 15 e 17 anos continuam ativas ao longo da vida. A ligação entre o exercício na adolescência e o bem-estar mental positivo na idade adulta nos leva a apoiar o eterno atleta que existe em cada um de nós.
A sedimentação de uma cultura esportiva, voltada especialmente para o bem-estar, passa também por mudanças corporativas, certo?
Sabemos que o sedentarismo é um dos grandes problemas na sociedade moderna, principalmente nas empresas, onde muitos estão passando horas seguidas na mesma posição. Foi exatamente para melhorar essa situação que realizamos o estudo Desk Break. Ele revela que 15 minutos de pausa para se mover, durante a jornada de trabalho, já produzem impactos bastante positivos. Os participantes que incluíram essa pausa no dia a dia profissional aumentaram o bem-estar mental em 22,5% (pontuação de 62 para 76/100) e diminuíram o nível de estresse em 14,7%. A concentração aumentou 28,6%; a disposição, 33,3%; o engajamento junto à empresa, 79,2%; a calma, 28,6%; e a resiliência, 28,6. Os resultados são muito claros: mover o corpo faz uma enorme diferença na nossa qualidade de vida.
Que outras evidências deste conjunto de pesquisas reforçam a associação direta entre exercício regular e saúde?
Além dos estudos citados, a Asics fez um recorte por gênero, Move Her Mind, sobre as diferenças na prática de atividades físicas por mulheres e homens. A pesquisa reforça a correlação positiva entre os níveis de exercícios das mulheres e seu bem-estar mental. Mulheres relatam que se sentem 52% mais felizes, 50% mais energizadas, 48% mais confiantes, 67% menos estressadas e 80% menos frustradas quando se exercitam regularmente. Já nosso mais recente estudo, o Mind´s Best Friend, indica que os cachorros estão entre as fontes de motivação mais eficientes para nos mover. Ele mostra que 65% dos tutores consideram o cachorro seu maior motivador ao exercício, até mais do que família, amigos ou personal trainer. E 83% se sentem mais felizes depois de se exercitarem junto de seus pets.
Além de provas, que iniciativas vocês pretendem implantar ou expandir no Rio para estimular a corrida?
O Rio, como eu disse, respira esporte, principalmente a corrida de rua. É um lugar em que a parceria com os corredores se torna mais relevante. A Golden Run Rio atrai, a cada nova edição, um número maior de participantes. Isso mostra que a prova já se consolidou como um dos grandes eventos de running na cidade. Neste espírito, levamos para o Rio a Asics House na Pista, uma experiência criada para apoiar a jornada do corredor, que pode, por exemplo, treinar com um tênis emprestado, aumentando o acesso aos lançamentos da marca. E temos a parceria com a assessoria Filhos do Vento, uma referência na organização de grupos de corrida, compartilhando nossa expertise junto às comunidades de atletas amadores.
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Gostinho de padaria
A largada carioca da Night Run 2025, sábado agora (28), no Sambódromo, reforça a rima da corrida com experiências culturais, musicais, gastronômicas, boa parte delas associada a ativações de marca. Participantes têm, depois da chegada, um gostinho de encontro na padaria. O espaço de degustação da Seara inspira-se nesse hábito pós-treino cultivado, em especial, por atletas madrugadores.
A DJ Dani Fontenelle e ritmistas da Estácio de Sá embalam a galera distribuída em percursos de 5 e 10 quilômetros. O circuito noturno ganha o Rio depois de estrear, mês passado, na etapa paulistana.
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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.