Cristiana Beltrão Por Cristiana Beltrão, restauratrice e pesquisadora de gastronomia e alimentação
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Queremos preços mais altos!

As demandas do mundo civilizado em meio à crise.

Por Cristiana Beltrão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 Maio 2020, 16h01 - Publicado em 30 Maio 2020, 14h49
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  • Ah, os problemas dos outros!…

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    Tomamos uma bela rasteira e fomos parar lá embaixo, arrebentados e com o olho roxo no pé da “pirâmide das necessidades”.

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    Era criança quando ouvi falar, pela primeira vez, do tal Maslow que dizia: sem segurança, saúde ou emprego, não se consegue desejar o resto. Desgraçadamente, não temos nada disso.

    Abro os jornais e vejo a Alemanha, quarta potência econômica mundial, ícone do livre mercado, querendo aumento de preços. Estariam loucos? Problema de rico?

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    Era fevereiro quando li, pela primeira vez, que Angela Merkel andava questionando os preços muito baixos da carne (e alemães estão entre os maiores consumidores do mundo), o que devia significar que o “valor justo” poderia não estar sendo repassado aos fazendeiros, abatedouros e tal. O varejo concentrado em poucos supermercadistas poderia estar esfolando as margens de quem está abaixo.

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    Vem o fim do isolamento e o problema se escancara, com o aumento exponencial de pessoas contaminadas pelo Covid-19 nas unidades de abate, revelando condições insuficientes de higiene e trabalho. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos: 20 abatedouros e unidades processadoras, inclusive a filial americana da “nossa” JBS, fecharam nos últimos 30 dias, por tempo indeterminado. As gôndolas não andam pro bicho, nem para a gente.

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    E nós?

    Voltamos 50 casas no tabuleiro mundial. Causas como abate sem dor ou pesca sustentável, que discutíamos um mês A.C. (Antes do Corona) deixarão de ser prioridade num Brasil desempregado e sem segurança. Agora é dedo no olho e cotovelo no queixo pra sobreviver.

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    Ademais, turismo e entretenimento só existem quando sobra dinheiro no bolso. Quando será?

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    Corta a cena e vejo a foto no Instagram de um amigo de Lisboa filetando um peixe galo de 2,3kg. Viu sobrar, depois da limpeza, apenas uns fiapos da carne. Fez foto do bicho inteiro e do mísero resultado e deu um recado: não é possível que clientes se queixem do preço alto do peixe quando não percebem as perdas reais, nos bastidores.

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    Restaurantes preocupados em entregar produtos com segurança, inclusive para seus funcionários, mantendo bons fornecedores e pagando o preço justo aos agricultores, não terão como diminuir margens; vão apenas fechar.

    Consumidores que querem “qualidade”, termo muito vago para contemplar toda a novela, devem visitar a porta dos fundos das marcas.

    Por trás da cadeia alimentar há muito mais perdas, para além das cartilagens e ossos. Há, por vezes, a morte do pescador.

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