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Blog sobre as ruas do Rio de Janeiro
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O charme (e a funcionalidade) das placas de rua

A sinalização de ruas do município do Rio pode ser considerada uma das mais emblemáticas do país. Mas por que algumas ruas têm esse luxo e outras não? por Pedro Paulo Bastos Certa vez estremeci quando adentrei o quarto de um amigo. Num misto de colagens em uma das paredes, luzia o modelo oficial da placa da Avenida Lineu de Paula Machado. […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h16 - Publicado em 20 dez 2012, 18h17

A sinalização de ruas do município do Rio pode ser considerada uma das mais emblemáticas do país. Mas por que algumas ruas têm esse luxo e outras não?

por Pedro Paulo Bastos

Certa vez estremeci quando adentrei o quarto de um amigo. Num misto de colagens em uma das paredes, luzia o modelo oficial da placa da Avenida Lineu de Paula Machado. Segundo ele, o rio que margeia tal avenida havia alagado em um dia chuvoso e o poste que sustentava a placa caiu, desprendendo a parte azulada em que constam as informações de CEP, numeração, bairro e o significado do nome da via. Por pouco que a correnteza não lhe deu um sumiço. Fiquei louco para ter uma também, e desde esse dia que venho torcendo por novas catástrofes naturais, acidentes automotivos, et cetera… Brincando! Não deu outra. Semana passada vinha caminhando pela Rua Almirante Cochrane quando me deparo com um poste semidestroçado, com as placas – azuladas – caídas. Com medo de me taxarem de vândalo ao cem por cento, consultei uma amiga sobre a ideia, que me incentivou a levá-la. Afinal, a placa estava suja, abandonada, entregue ao Deus-dará. A Comlurb iria passar ali e a jogaria no lixo. É minha, então.

Sou um grande apaixonado pelas placas de ruas. Não é à toa que a placa é símbolo deste blog! Mas eu gosto de vê-las nas ruas, os quatro postezinhos em cada esquina de um cruzamento. Gosto até mais das antigas placas-pirulito, embora também seja aficionado pelo modelo atual da Plamarc. Tem ares mais contemporâneos, retilíneos. Nesse contexto em que os nossos gestores têm de copiar para o Rio todas as referências urbanísticas e artísticas lá de fora, as nossas placas de sinalização de logradouros são um exemplo brilhante de beleza, informação e visibilidade. Não é preciso ir para destinos muito remotos para fazer a comparação. Em Niterói, logo ali do outro lado da Guanabara, as placas não têm o mesmo charme; parecem feitas de material vagabundo. Nossas placas são mais sofisticadas. O triste é que nem todas as ruas têm o privilégio de hospedá-las.

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Nas minhas excursões pelo Rio de Janeiro, costumo notar cruzamentos e esquinas sem nenhuma referência identificatória. Num breve cruzamento de dados, percebo que quanto mais rico (ou turístico) for o bairro, maior é o número de placas instaladas. Não há um cruzamento de Copacabana ou do Leblon em que não haja um poste deste tipo. Agora embrenhe-se em ruas de Santa Teresa, do Cachambi, de Vila Valqueire… A incidência será bem menor. A lógica é um pouco contrariada, afinal, se vocês repararem bem num mapa ou tiverem experiência de locomoção, irão perceber que são justamente os bairros formados por rede de arruamento mais complexo e confuso os que precisam de identificação grande, visível e iluminada. Se o critério de prioridade para instalação das placas fosse esse, na teoria, Copacabana e Leblon nem precisariam delas, visto que seu jogo de ruas são de quadras perfeitas.

Eu costumava mapear ruas sem postes pelos bairros em que mais transito e enviava os pedidos através da Ouvidoria da Prefeitura, que funcionava melhor na gestão do ex-prefeito César Maia. Hoje em dia, a seção da Ouvidoria foi extinta no site da prefeitura, sobrando como opção  o 1746, que funciona por telefone ou por aplicativo para smartphones. Em 2008, quando a Plamarc assumiu a prestação deste serviço, entrou em contato comigo um secretário da prefeitura, por telefone. Seu nome não lembro, embora ele trabalhasse junto a esses assuntos. É possível que eu tenha perturbado tanto com mais e mais números de protocolo criados que, eles, finalmente, entraram em contato comigo. Foi-me explicado de que a licitação envolvia a exploração de apenas alguns cruzamentos. Se alguma esquina não contava com este tipo de serviço, não foi por “esquecimento” da empresa, mas sim porque ali não seria uma área abarcada.

As placas envolvem propagandas. É muito mais fácil lucrar com propaganda em postes nas ruas menos movimentadas de Ipanema do que nas de Campo Grande, por exemplo, onde a densidade populacional é muito menor. Há lógica capitalista nesse enredo, mas… é justo isso? Estamos falando de um serviço de interesse público! Mesmo que o critério das propagandas comentado seja apenas um palpite (ninguém me confirmou isso, que fique claro), não considero justo que o acordo para a prestação deste serviço se restrinja a poucas ruas de poucos bairros privilegiados pela economia. Por que uns cruzamentos pouco movimentados de regiões nobres ganham postes enquanto cruzamentos de grande porte nas zonas norte e oeste têm de se contentar com placas de parede, pouco visíveis?

O modelo de placa de ruas da Plamarc para o município do Rio é bonito, tem apelo estético e, sem dúvida alguma, valoriza uma rua. Tomo como caso o cruzamento da Rua Maria Quitéria com a Rua Barão de Jaguaripe, em Ipanema: os seus postes iluminados-azulados parecem flutuar na escuridão. É lindo! Nos bairros de desenhos mais confusos, dezenas de pessoas e prestadores de serviço tendem a se perder num emaranhado de ruas mal sinalizadas que, para piorar, à noite, nem sempre são bem iluminadas. Contudo, é bom lembrar que as placas não são só beleza e propaganda. Elas têm a funcionalidade primordial de orientar uma localização geográfica. Não será fácil, mas se eu fosse você, exigiria a da sua rua. Cidade desenvolvida também é sinônimo de cidade sinalizada. Integralmente.

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