A corrida de rua espelha a alma carioca
Com as corridas de rua em alta, o Rio se transforma em cenário de encontros, superações e paisagens que inspiram corpo, mente e alma em movimento.

Aos poucos, o Rio se enche de pés que batem forte no asfalto, corpos que respiram fundo e corações que se aquecem. Esse movimento coletivo me emociona de um jeito muito particular. Já fui maratonista, daquelas de número no peito e perna no mundo, depois parei um tempo, e agora reencontro esse frio na barriga gostoso de quando a gente calça o tênis e se joga nos primeiros metros.
A corrida tem algo de metáfora da vida: acordar, alinhar o corpo com a cabeça, sentir o mundo pulsando ao redor. E o mais bonito? Não corro sozinha. A cidade corre comigo. Em 2025, serão cerca de 190 provas de corrida de rua no calendário oficial, dentro dos 350 eventos promovidos pela Prefeitura e pela Secretaria de Esportes do Rio. São números que, na prática, viram convites para descobertas — do corpo, do outro, da cidade.
Corro pelo Aterro do Flamengo, sigo o compasso do mar, cruzo com olhares determinados na Lagoa, vejo gente vencendo limites na Praia de Ipanema. Cada um no seu tempo, do estreante nos 5 km ao veterano calejado, mas com brilho no olho. É uma energia que invade a gente. A respiração entra no ritmo e vira diálogo interno:
“Vou conseguir”,
“Segura firme”,
“Mais um km”,
“Boraaaaaa”.
Quase um mantra. A corrida organiza a mente, esvazia o que pesa e preenche com o que importa.

Nesse ir e vir de passos e histórias, os encontros são inevitáveis — e lindos. Um deles foi com Anna Laura Secco, minha parceira de corrida de mais de 30 anos atrás, e que agora reapareceu do meu lado, nas pistas e na vida. Foi ela quem me deu o empurrão para voltar. Já dividimos vários quilômetros em 2025, entre eles a Corrida Time Brasil e em junho acontece a Maratona do Rio, que todos os anos transforma a cidade num palco de superação e beleza. Em breve, viveremos mais um momento especial na cidade com a Energy Land, um evento que une corrida, meditação e uma prática de yoga ministrada por mim. Nosso estado é sede do maior festival de corridas da América Latina, e Anna, hoje Subsecretária Executiva da Secretaria Municipal de Esportes, segue firme abrindo caminhos para tornar o esporte mais acessível e acolhedor.

A corrida tem disso: cria laços. Vejo amizades nascerem, mulheres descobrindo a própria força, casais que começam a treinar juntos, famílias inteiras se mobilizando para assistir alguém cruzar uma linha de chegada. E não é exagero: é um esporte que toca fundo, que mexe com a autoestima, com o corpo e com a alma.
Falo com propriedade. Como pós-graduanda em nutrição e performance, fico cada vez mais impressionada com a transformação que pequenos ajustes fazem: um carboidrato no tempo certo, proteína depois do treino, hidratação consciente. O corpo responde com energia, disposição, leveza. E isso tudo se reflete nos passos que damos — dentro e fora da pista.
Ver o Rio abraçar essa cultura é inspirador. A cidade se transformou num templo a céu aberto. E o secretário de Esportes do Estado, Guilherme Schleder, compartilha da mesma visão:
“A nossa cidade é a melhor do mundo para a prática de qualquer esporte. Aqui juntamos a beleza do Rio e estrutura à vontade do carioca e do turista em se manter ativo. A corrida de rua, por ser democrática, cresce tanto aqui – nos presenteia com paisagens maravilhosas.”
E é isso mesmo: correr no Rio é mais que exercício físico. É um estado de espírito. É a brisa no rosto, o som do mar, o passo decidido, o mergulho de cabeça — às vezes literal. É sobre se ver e ver o outro, cada um com sua história e seu desafio. É riso e superação, é espelho e abraço.
A saúde está no compasso da respiração, nos músculos despertos, na mente clara. É um renascimento silencioso e poderoso. Não se trata de virar atleta olímpica. É sobre reencontrar quem a gente é, apoiar quem está ao lado e seguir — um passo de cada vez.
E se esse texto te tocou, ótimo. Que bom estar aqui com você, dividindo esse pedaço da minha vida. Lá no Instagram @adrianacamargo_yoga sigo compartilhando o que pulsa em mim: as corridas, os treinos, a família, os altos e baixos — com pausa para respirar e seguir. Logo volto com mais histórias.
Até lá, calce seus tênis. Vamos juntos. Seja na orla, no caminho ou aqui, onde cada letra corre com a gente.