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Obras de novo MIS em Copacabana estão paradas desde setembro

Com inauguração prometida para a Olimpíada, o novo Museu da Imagem e do Som atola na crise financeira do estado e não tem prazo definido para abrir as portas

Por Pedro Moraes
Atualizado em 2 jun 2017, 12h17 - Publicado em 9 jan 2016, 00h00

Concebido como um contraponto estético ao paredão de edifícios da Avenida Atlântica, o prédio da nova sede do Museu da Imagem e do Som, com seus ângulos inspirados nos desenhos do calçadão da Praia de Copacabana, não deve abrir as portas tão cedo. O projeto idealizado pelo escritório americano Diller Scofidio + Renfro, vencedor de um concurso público em 2009, tem mais de 70% das obras concluídas, mas a chamada fase de acabamento se transformou em um nó complexo de ser desatado. O contrato entre o governo do estado e a construtora responsável pela empreitada degenerou numa pendenga jurídica, e a administração do governador Luiz Fernando Pezão, atolada em uma dramática crise financeira, tenta driblar a falta de dinheiro para realizar nova licitação que permita a conclusão do projeto. Orçado em 138,5 milhões de reais, o empreendimento é uma iniciativa da Secretaria Estadual de Cultura em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Ministério da Cultura, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A ideia inicial era que o prédio fosse inaugurado em dezembro de 2014. Estourado o prazo, a promessa era que os turistas que viessem para a Olimpíada poderiam conhecer a história da música e das artes brasileiras já na nova casa. Hoje, essa previsão ficou definitivamente para trás — e o futuro do novo museu mergulhou na incerteza.

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A complexa obra de engenharia, iniciada em 2011, foi, desde o princípio, um desafio. Ao escavarem o solo junto à praia, os engenheiros e calculistas descobriram que o terreno frágil exigiria uma drástica intervenção para poder receber um prédio tão imponente. Os detalhes do projeto arrojado também forçaram os construtores a buscar soluções e técnicas pouco correntes no país (as esquadrias irregulares das imensas vidraças, por exemplo, vieram de Portugal). Mesmo com toda a complexidade e os consequentes atrasos, a obra prosseguiu até que, no ano passado, o ritmo de construção empacou em discordâncias entre a construtora Rio Verde e a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), órgão do governo que supervisiona a construção. A divergência acabou se transformando em uma ação na Justiça, e a empresa abandonou o canteiro de obras em Copacabana em setembro do ano passado. “O contrato foi encerrado por fatos imputáveis exclusivamente ao Estado do Rio de Janeiro, que descumpriu o ajuste contratual”, explicou a construtora a VEJA RIO por meio de uma nota. Já a administração fluminense afirma que houve descumprimento de prazos e questionamento de valores de serviços não discriminados em contrato. As obras só serão retomadas depois de uma nova licitação, no valor de 35 milhões de reais, que ainda não tem prazo para acontecer. Com a conclusão do prédio ainda em aberto, a Fundação Roberto Marinho não tem como dar seguimento aos projetos de museologia e tecnologia criados especialmente para o novo museu. Fornecedores de equipamentos aguardam instruções para prosseguir com os projetos. “Todo o planejamento das instalações foi realizado com base em uma realidade completamente diversa, com uma situação cambial muito mais favorável. Como muita coisa é importada, o custo em dólar foi às alturas”, diz um fornecedor que pediu anonimato.

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Não bastassem os problemas ligados à construção, outra crise se instalou nos bastidores da pasta da Cultura no governo estadual. Entre as medidas de austeridade propostas pelo governador nos últimos dias do ano passado está a extinção da Fundação Museu da Imagem e do Som. Criada há pouco mais de vinte anos, a estrutura jurídica permitiu maior autonomia e agilidade à gestão da instituição. O novo plano deve ser posto em prática em fevereiro, depois de aprovado na Assembleia Legislativa do estado (Alerj). Entre os funcionários do MIS, predomina a incerteza, apesar de o governo garantir que o modelo de gestão permanecerá como está. Uma das hipóteses é a criação de uma organização social. “Hoje existem três realidades distintas: uma é a da administração na Lapa, tocada pela Fundação MIS; outra é a do grupo vinculado à Secretaria de Cultura; e a última é a da equipe da Fundação Roberto Marinho, que toca o novo museu. A questão é como essas três frentes se articularão”, diz um funcionário da instituição ouvido por VEJA RIO. Para piorar o clima, a presidente da Fundação MIS, Rosa Maria Araújo, foi proibida por Eva Doris Rosental, secretária estadual de Cultura, de participar das reuniões sobre a obra. Pelo visto, o prédio monumental na Praia de Copacabana ainda seguirá por um bom tempo como contraponto à nova estrela recém-aberta na Praça Mauá.

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