“Vou pedir dinheiro para Parada Gay ao Jean Wyllys”, promete Travancas

Advogado que já foi o inimigo nº 1 de Crivella quer ser o braço-direito do prefeito para captar R$ 700 milhões em Brasília

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 3 ago 2018, 19h09 - Publicado em 3 ago 2018, 19h03

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Ele nem saiu, mas já está de volta. Autor de mais de 60 ações contra a prefeitura e impedido pela justiça de abandonar seu cargo na estatal Riocentro S.A., o advogado Vitor Travancas tomou posse nesta sexta (3) como funcionário da recém-criada Coordenadoria de Captação do município. Subordinado à Casa Civil, o novo órgão tem pela frente uma missão simples, mas árdua: conseguir junto aos deputados federais o máximo possível de recursos a serem investidos na cidade do Rio. “Estou lá porque precisam de mim, não porque gostam”, avisa Travancas, que acredita ter sido escolhido por ter as chamadas emendas impositivas como principal objeto de estudo de seu doutorado. Ainda sem computador, telefone ou sala de trabalho, o bacharel já trabalha em planos polêmicos e ambiciosos. “Vou pedir dinheiro para Parada Gay ao Jean Wyllys”, garante ele.

A declaração bombástica faz parte da estratégia de Travancas em seu novo trabalho. Ele acredita que, ao conseguir dinheiro com os parlamentares para o financiamento de iniciativas alinhadas às suas respectivas áreas de atuação, será muito mais fácil obter recursos para setores da prefeitura hoje descapitalizados e da maior importância para a cidade, como saúde e turismo. Como a liberação da verba é vinculada a um compromisso firmado pela prefeitura, o jogo é interessante para os dois lados. Ao mesmo tempo que amplia o leque de obras e outras ações patrocinadas por deputados em um importante colégio eleitoral, permite que Crivella acumule realizações bancadas por uma verba hoje escassa às margens da Guanabara. “Esse dinheiro é carimbado. Se é discriminado para Parada Gay, só pode ser gasto com Parada Gay”, explica o advogado. “Preciso que a oposição entenda que investir na cidade do Rio não é investir no Crivella”, complementa ele. “Deputado federal pode fazer política pública sem depender da prefeitura”, resume.

As expectativas são as melhores possíveis. A meta de Travancas é captar R$ 700 milhões por ano no novo cargo em diferentes áreas. Na saúde, por exemplo, a ideia é que o orçamento oriundo de emendas salte dos atuais R$ 2 milhões anuais para R$ 350 milhões. No turismo, transformar R$ 500 mil em, pelo menos, R$ 40 milhões, que financiariam projetos como uma nova iluminação para o sambódromo e uma operação nos moldes do Segurança Presente para os pontos turísticos da cidade. Nessa empreitada, o tempo joga contra o advogado, que tem até 20 de outubro para conseguir a liberação de recursos. Uma vez liberados, eles começam a chegar ao Rio por volta de junho do ano que vem. Inspiram Travancas exemplos como Nova Iguaçu que, ao longo de 2017, captou R$ 145 milhões só por meio de emendas. Para efeitos de comparação, a cidade do Rio só conseguiu R$ 15 milhões entre janeiro e julho de 2018. “Lá, eles têm uma equipe de 30 pessoas. Aqui, eu vou ter uma de duas”, diz Travancas. “Mas garanto uma coisa: se tudo der certo, nossa situação vai ficar bem melhor do que está hoje”, prometeu. Tomara.

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