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Herança africana: um roteiro por espaços de memória e resistência no Rio

Da Pedra do Sal ao Cais do Valongo, passando por Madureira e pela Kaza 123, em Vila Isabel, um passeio por lugares que enaltecem a cultura afro

Por Luiza Maia
Atualizado em 22 nov 2021, 17h19 - Publicado em 20 nov 2021, 12h00
Foto mostra o Cais do Valongo
Cais do Valongo: principal porto de entrada de escravos africanos no Brasil (André Cyriaco/Divulgação)
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Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra inspira um roteiro que vai além das atrações da Pequena África, composta pelos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Cunhada no início do século 20 pelo sambista Heitor dos Prazeres, a região localizada na Zona Portuária do Rio é reconhecida como um lar histórico da comunidade afro-brasileira, tendo abrigado ao longo dos anos diversos escravos alforriados e negros recém-chegados ao Rio, que ali encontravam um local para manifestar suas culturas e saberes.

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Da Pedra do Sal ao Cais do Valongo, passando pelo Instituto Pretos Novos, Centro Cultural José Bonifácio, pelos Jardins Suspensos do Valongo e pela Praça dos Estivadores, o local guarda memórias que por muito tempo sofreram apagamento histórico. São pontos que hoje integram o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, criado por meio de um decreto da prefeitura em 2011. 

Mas as histórias vão muito além essas localidades, como buscam mostrar outros roteiros neste espaço. “A Pequena África possui muitos pontos que poucas pessoas ainda conhecem, como a antiga casa de Machado de Assis, o Armazém Docas Dom Pedro II e o Lazareto da Gamboa. Resgatar esses espaços é uma forma de resistência”, afirma a presidente do Instituto Pretos Novos (IPN), Merced Guimarães dos Anjos.

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Desde 2016, o IPN realiza visitas mediadas pelo Circuito de Herança Africana, que inclui, ao todo, doze pontos relevantes da região. O projeto, que foi suspenso de forma presencial durante a pandemia, apresenta a história local para os alunos das escolas do Rio, e pelo menos uma vez ao mês, promove um tour gratuito aberto ao público. 

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E não só a Zona Portuária, como outros diversos bairros carregam um forte legado da cultura afro. No subúrbio carioca, Madureira é um dos locais que também se destaca como berço do samba, sediando grandes escolas do gênero como o Império Serrano e a Portela

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Apesar de ser muito reconhecida pelo forte comércio e pelas festividades, a região nem sempre é vista como um local para turismo, como são enxergados outros famosos bairros da Zona Sul da cidade, por exemplo.

“Aqui nós temos locais marcantes como a Casa do Jongo da Serrinha, o Viaduto Negrão de Lima, o Mercadão de Madureira, entre tantos outros. Muitos visitantes ainda torcem o nariz para o local devido à distância, ao grande fluxo de pessoas que circula no bairro, mas mudam de ideia ao se permitirem conhecer esse legado”, explica a guia de turismo Raquel Oliveira, que faz roteiros a pé focados no afroturismo, parte deles realizado em parceria com o Instituto Rio Antigo e com a empresa de turismo Sou+Carioca.

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Além desses endereços históricos, outros espaços mais recentes também enaltecem a herança cultural africana na cidade, como a Kaza 123, em Vila Isabel, por meio da literatura, da gastronomia e da moda. 

Conheça mais sobre alguns desses principais pontos de cultura e resistência no Rio:

Cais do Valongo

Foto mostra o monumento Cais do Valongo
Cais do Valongo: uma placa instalada no local relembra a sua importância histórica (Luiza Maia/Arquivo pessoal)

A área que atualmente é aterrada na região da Zona Portuária já foi mar. No antigo Cais do Valongo, localizado hoje na Avenida Barão de Tefé, estima-se que 1 milhão de africanos escravizados enviados ao Brasil passaram pelo local do século XVI ao XIX – 500 000 somente entre 1811 e 1831 -, o que tornou o Cais o maior porto receptor de escravos das Américas. 

Por muito tempo, o atracadouro sofreu um grande apagamento histórico, começando por sua remodelação ainda na época do Império. Em 1843, ele foi aterrado e reformado para receber a princesa Teresa Cristina, noiva do futuro Imperador D. Pedro II, sendo renomeado como Cais da Imperatriz. Foram ali também colocadas estátuas de deuses gregos como forma de embelezar o local. Em 1904, na gestão do prefeito Pereira Passos, toda a área dos antigos portos foi novamente aterrada. 

Somente em 2011, os atracadouros foram redescobertos durante as obras de revitalização na Zona Portuária. Devido à sua importância histórica, em 2017, o Cais passou a ser considerado Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 

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Foto mostra o antigo Armazém Docas
Docas Dom Pedro II: construção feita pelo engenheiro André Rebouças, irmão do também engenheiro Antônio Rebouças (Google Street View/Reprodução)

Ao lado do monumento, vale também conhecer o Armazém Docas Dom Pedro II, cuja construção original foi erguida na segunda metade do século XIX por André Pinto Rebouças, o primeiro engenheiro negro a se formar pela Escola Militar do Rio.

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Jardins Suspensos do Valongo

Jardim Suspenso do Valongo
Jardins Suspensos do Valongo: a Casa da Guarda abriga o Centro Cultural Pequena África (Alexandre Macieira/Riotur)

A história do jardim, construído na encosta do Morro da Conceição, também remete ao apagamento das marcas da escravidão. Projetado pelo arquiteto-paisagista Luis Rey, o espaço foi finalizado em 1906, no período das reformas para modernização da cidade promovidas pelo prefeito Pereira Passos. 

O local foi idealizado nos moldes de um jardim romântico inglês para passeios da sociedade, com canteiros, terraço, passeios e até mesmo uma cascata. Havia também ali quatro estátuas que representavam os deuses romanos Mercúrio, Ceres, Marte e Minerva, que antes se localizavam no antigo Cais da Imperatriz – hoje, apenas as réplicas são encontradas ali.

Um dos destaques no espaço é também a Casa da Guarda, que hoje abriga o Centro Cultural Pequena África, como uma forma de resgate e preservação da cultura afro na região.

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Foto mostra a Praça dos Estivadores
Praça dos Estivadores: um dos pontos do Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana (Porto Maravilha/Reprodução)

Do alto do jardim, também é possível ver logo em frente, na atual Rua Camerino, a Praça dos Estivadores, antigo Largo do Depósito. O nome recente foi dado em 1904, após a fundação do Sindicato dos Estivadores. A praça foi palco de confrontos entre a polícia e importantes personagens como João da Baiana e os outros Valentes da Estiva, que lutaram para garantir a realização da assembleia de fundação do sindicato.

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Instituto Pretos Novos

Foto mostra exposição do Instituto Pretos Novos
Instituto Pretos Novos: local traz memórias e reflexões sobre o período de escravidão no país (./Divulgação)

A história por trás do espaço, que desde 2005 abriga o Instituto Pretos Novos (IPN), começou a ser descoberta em 1996, quando os donos do terreno decidiram reformar o casarão. Durante as obras no solo, eles foram surpreendidos ao encontrar fragmentos de ossos humanos junto a outros vestígios de objetos e decidiram comunicar os órgãos responsáveis, que confirmaram a existência de um importante sítio arqueológico. 

Ali existiu o Cemitério dos Pretos Novos, entre 1769 e 1830, considerado o maior cemitério de escravos das Américas. A região, onde estima-se que cerca de 20 000 a 30 000 pessoas foram enterradas, foi ocupada após a transferência do mercado de escravos da Rua Primeiro de Março, antiga Rua Direita, para o Valongo.

Corpos de homens, mulheres e crianças recém-chegados que não resistiam às durezas da viagem para o Brasil eram jogados em valas e queimados. Os arqueólogos constataram também que grande parte dos ossos encontrados pertenciam a crianças e adolescentes.

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Hoje, o IPN mantém viva a memória sobre o local, promovendo visitas guiadas pelo local, além de pesquisas, cursos, oficinas, debates sobre o período de escravidão do Brasil e a importância de resgatar a história e a cultura afro-brasileira. O espaço possui uma exposição permanente, Memorial Pretos Novos, além de uma biblioteca temática e uma galeria de arte contemporânea.  

Rua Pedro Ernesto, 32, Gamboa. Próximo ao VLT da Praça da Harmonia. Ter. a qui., 10h/16h. Grátis. Sex., 10/16h e sáb., 10h/12h. R$ 20,00 (inteira). 

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Largo da Prainha

foto mostra a estátua de Mercedes Baptista
Mercedes Baptista: estátua foi colocada no centro do famoso Largo da Prainha em 2016 (./Arquivo pessoal)

O Largo de São Francisco da Prainha, popular Largo da Prainha, tem ganhado cada vez mais destaque no bairro da Saúde, com uma rica programação cultural e gastronômica que atrai cariocas e turistas. Mas seus antigos casarões também contam bastante sobre os negros escravizados e libertos que passaram a adotar a região como lar.

A casa de número 13 do Largo, por exemplo, foi uma das principais casas de zungú, como eram conhecidos os espaços que se tornaram pontos de acolhimento e manifestação da cultura e herança negra. O endereço, inclusive, foi alvo de uma famosa batida policial no século XIX, que acabou prendendo 30 pessoas em um desses encontros.

Situado na Rua Sacadura Cabral, próximo ao Morro da Conceição, o Largo possui este nome por estar próximo à Igreja de São Francisco da Prainha, erguida em 1696. O “Prainha” também remete a uma pequena praia que existia ali e se estendia até onde hoje se encontra a Praça Mauá – área que foi aterrada a partir do século XIX.

No meio do Largo, encontra-se também a estátua de Mercedes Baptista, a única em homenagem a uma mulher negra na cidade, inaugurada em 2016. Mercedes fez história ao se tornar a primeira bailarina negra da companhia do Theatro Municipal do Rio, sendo a responsável por introduzir a disciplina de dança afro-brasileira na escola de dança do teatro.

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Pedra do Sal

Foto mostra mural da Pedra do Sal
Pedra do Sal: mural pintado pelos artistas Wagner Trancoso, Ipojucã de Jesus, Pedro Rodrigo Barbosa e Daniel Farias homenageia Pixinguinha, Tia Ciata, Heitor dos Prazeres e João da Baiana (./Arquivo pessoal)

Próximo ao Largo da Prainha, está localizada Pedra do Sal, no começo do Morro da Conceição, um dos importantes monumentos históricos e religiosos da região. Tombada em 20 de novembro de 1984 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, a Pedra é considerada o berço do samba no Rio, onde ali passaram grandes músicos como João da Baiana, Pixinguinha, Donga e Heitor dos Prazeres. Até hoje, o espaço recebe animadas rodas de samba semanalmente.

A Pedra do Sal também abriga a Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal, que reivindica o espaço como um importante quilombo urbano da cidade.

O local, que já se chamou Pedra da Prainha, recebeu este nome por ali ser feito o descarregamento do sal que chegava ao Porto. Com o tempo, o espaço se tornou um ponto de encontro de estivadores que trabalhavam na Zona Portuária e seu entorno passou a abrigar diversas manifestações culturais de origem africana, incluindo diversos terreiros de candomblé, como o do babalorixá João de Alabá

As tias baianas também se destacavam pela atuação no local, sendo a Tia Ciata uma das mais conhecidas. A cozinheira e mãe de santo Hilária Batista da Silva, conhecida como Tia Ciata, foi uma das figuras mais influentes da região no início do século XX.

Foto mostra uma placa escrita Casa da Tia Ciata com uma construção de cor amarela ao fundo
Casa da Tia Ciata: é a sede da Organização dos Remanescentes da Tia Ciata (ORTC), espaço que guarda a memória da Matriarca do samba (./Reprodução)

Em sua casa, ela realizava encontros entre músicos e religiosos regados à samba, em uma época que as manifestações do gênero ainda eram proibidas por lei. Estas memórias são mantidas hoje pela Casa da Tia Ciata, um espaço cultural localizado na Rua Camerino, número 5, bem próximo à Pedra do Sal, que também vale a visita.

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Centro Cultural José Bonifácio/Muhcab

Foto mostra o Centro Cultural José Bonifácio
Centro Cultural José Bonifácio: abriga o Museu de História e Cultura Afro-brasileira (Porto Maravilha Cultural/Reprodução)

Inaugurado em 1877 por Dom Pedro II, o antigo palacete funcionou até 1966 como a Escola Pública Primária da Freguesia de Santa Rita (ou Escola José Bonifácio), a primeira instituição pública de ensino primário construída na América Latina.

De março de 1977 a 1986, a construção sediou a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa, até ser transformado no Centro Cultural José Bonifácio (CCJB). O nome do lugar é uma homenagem ao naturalista, estadista e poeta brasileiro, uma figura chave para a consolidação da Independência do Brasil, sendo conhecido como o “Patriarca da Independência”. 

Desde 2017, o centro foi decretado por lei como a sede do Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab), criado para fomentar pesquisas sobre a herança africana e a divulgação sobre esses temas. O Muhcab será reinaugurado nesta terça (23), onde o público poderá conferir algumas das obras do acervo, que possui cerca de 2 500 itens, entre pinturas, esculturas e fotografias.

Em razão da pandemia do novo coronavírus, o espaço ainda permanece fechado para atividades presenciais.

Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa. https://www.rio.rj.gov.br/web/muhcab 

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Viaduto Negrão de Lima

A foto mostra a multidão na pista de dança durante o Baile Charme do Viaduto de Madureira
Baile Charme do Viaduto de Madureira: evento retorna no Dia da Consciência, 20 de novembro, após um período suspenso na pandemia (Renata Leal/Divulgação)

Não há como falar de Madureira sem mencionar o famoso Baile Charme, que há 31 anos é realizado embaixo do Viaduto Negrão de Lima, via que conecta os três lados do bairro.

A história do espaço, reconhecido como um centro de concentração popular e de difusão da cultura negra, começa em maio de 1990, quando um grupo de amigos entusiastas do samba decidiu organizar o bloco Pagodão de Madureira na parte inferior do Viaduto. 

Em 19 de maio do mesmo ano, no auge do movimento hip-hop na cidade, surge o Baile Charme do Viaduto de Madureira, que passou a reunir os melhores DJs da cena black carioca e a atrair diversos frequentadores para a animada pista de dança.

Ao longo da sua história, diversas atrações nacionais e internacionais passaram pelo local, como Keith Sweat, Chingy, Montell Jordan, Negra Li, Nina Black, Sampa Crew, Sandra de Sá, Racionais MCs, entre outros.

O evento também serviu de inspiração em 2012 para o autor Manoel Carlos na novela Avenida Brasil, uma das produções de maior audiência da TV Globo. Na trama, o Baile do Divino faz referência aos famosos passinhos de dança do Baile Charme. 

Em 2013, o Viaduto de Madureira foi declarado como um bem cultural de natureza imaterial do Rio.

Rua Carvalho de Souza s/nº – Madureira. https://viadutodemadureira.com.br/2016/

Casa do Jongo

Foto mostra dois idosos negros com roupas brancas dançando o ritmo jongo
Casa do Jongo: espaço difunde e preserva a tradição (© Andre Luiz Gonçalves Rodrigues//Divulgação)

Conhecido também como caxambu, o jongo é considerado o ritmo pai do samba carioca e foi reconhecido em 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O gênero chegou no país junto aos negros de origem bantu, trazidos como escravos para trabalhar nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior do Rio, de Minas Genais e São Paulo. Negros recém-alforriados que migraram desta região acabaram se instalando no Morro da Serrinha, em Madureira, onde passaram a difundir o jongo.

Para manter viva essa tradição, há cerca de 50 anos foi criado o Grupo Cultural Jongo da Serrinha, movimento protagonizado por Vovó Maria Joana Rezadeira, seu filho Mestre Darcy, Vovó Teresa, Djanira, Tia Maria da Grota e Tia Eulália, que atua como ONG em 2003.

Em 2013, a prefeitura cedeu espaço para a criação da atual Casa do Jongo, que conta com cursos, oficinas, atividades gratuitas para creches e escolas da Serrinha, além de espaço para exposições, ambiente para rezas e terreiro de jongo e capoeira. Além disso, o Jongo da Serrinha possui um Centro de Memória virtual com registros que remontam as origens do ritmo.

Rua Silas de Oliveira, 101. (21) 3457-4176. https://jongodaserrinha.org/

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Kaza 123

Kaza 123
Kaza 123: casa é point de cultura e gastronomia (Bruno Ryfer/Veja Rio)

Aberto em agosto de 2020 em Vila Isabel, na Zona Norte, o espaço foi idealizado como uma forma de exaltar a cultura negra, integrando este rico mapa de pontos de resistência da cidade. Criada por uma equipe totalmente preta, o trio formado pelo ator e escritor Rodrigo França, a designer e chef de cozinha Maria Julia Ferreira e a atriz e ex-atleta do vôlei Lica Oliveira, a Kaza 123 traz uma mistura de culinária, moda e literatura – tudo voltado ao protagonismo negro.

A decoração homenageia grandes personalidades como Martin Luther King, Chica da Silva, Cartola, entre outras. No cardápio, o carro-chefe é o angu, prato que remete à ancestralidade do povo negro, e conta com versões como angu à baiana, com frutos do mar e vegano.

O espaço também abriga a livraria Kitabu, com obras de origem afro-brasileira, afro-americana e caribenha. Além disso, conta com um estande de roupas feitas com tecidos africanos da marca carioca Complexo B e acessórios exclusivos da Andreia Brasis.

Rua Visconde de Abaeté, 123 – Vila Isabel. Qua. a dom., 12h/00h. @kaza___

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