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Covid-19: profissionais de saúde têm medo e exaustão, diz Fiocruz

Segundo estudo inédito da instituição, 45,5% têm mais de um emprego e 43,2% se sentem desprotegidos no ambiente de trabalho

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 mar 2021, 12h49
Profissionais de saúde: exaustão e medo
Profissionais de saúde: exaustão e medo (Angelo Esslinger/Pixabay/Reprodução)
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Há pouco mais de um ano na linha de frente do combate à Covid-19, os profissionais de saúde brasileiros estão esgotados, não só pela proximidade com os altos números de diagnósticos e mortes de pacientes, colegas e familiares, mas pelas alterações que a pandemia trouxe à vida profissional e ao bem-estar pessoal de cada um dos 95% dos trabalhadores do ramo. É o que revela a pesquisa inédita Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19, realizada pela Fiocruz em todo o território nacional com 16 000 representantes dessa turma.

Os dados apontam ainda que quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais, e 45% deles necessitam de mais de um emprego para sobreviver.

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Entre os aspectos avaliados acerca das condições de trabalho dos profissionais de saúde desde o início da pandemia estão ambiente e a jornada de trabalho, o vínculo com a instituição, a vida do profissional na pré-pandemia e as consequências do atual processo de trabalho envolvendo aspectos físicos, emocionais e psíquicos. Para 43,2% há uma desproteção no ambiente de trabalho e o principal motivo, para 23% deles, está relacionado à falta, à escassez e à inadequação do uso de EPIs. 

“Após um ano de caos sanitário, a pesquisa retrata a realidade daqueles profissionais que atuam na linha de frente, marcados pela dor, sofrimento e tristeza, com fortes sinais de esgotamento físico e mental. Trabalham em ambientes de forma extenuante, sobrecarregados para compensar o elevado absenteísmo. O medo da contaminação e da morte iminente acompanham seu dia a dia, em gestões marcadas pelo risco de confisco da cidadania do trabalhador (perdas dos direitos trabalhistas, terceirizações, desemprego, perda de renda, salários baixos, gastos extras com compras de EPIs, transporte alternativo e alimentação)”, detalha a coordenadora do estudo, Maria Helena Machado.

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Quase 70% dos profissionais da saúde discordam dos posicionamentos das autoridades sanitárias durante a pandemia, os considerando inconsistentes e não esclarecedores. Para mais de 90%, as falsas notícias (fake news) são um verdadeiro obstáculo no combate ao novo coronavírus. No atendimento, 76% relataram que o paciente tinha algum tipo de crença referente às fake news, como a adoção de medicamentos ineficazes para prevenção e tratamento, por exemplo.

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A falta de apoio institucional foi constatada por 60% dos entrevistados, que alegam ainda falta de reconhecimento por parte da população usuária (somente 25% se sentem mais valorizados). “O estudo evidencia que 40% deles sofreram algum tipo de violência em seu ambiente de trabalho. Além disso, são vítimas de discriminação na própria vizinhança (33,7%) e no trajeto trabalho/casa (27,6%). Em outras palavras, as pessoas consideram que o trabalhador transporta o vírus, e, portanto, ele é um risco”, explica Maria Helena Machado.

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