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Imagens do Rio vão de cartões postais a livros didáticos da rede municipal

Do por do sol do Arpoador ao Quilombo Sacopã, passando pela horta comunitária de Manguinhos, fotos da cidade têm muito a ensinar aos cariocas

Por Paula Autran
Atualizado em 9 mar 2022, 18h31 - Publicado em 9 mar 2022, 11h30

Mais do que ilustrar redes sociais ou álbuns antigos, imagens do Rio têm muito a ensinar. Tanto que agora passaram a estampar livros didáticos da rede pública de ensino do Rio. As cenas em destaque vão além das dos cartões postais do Rio – como a do Arpoador, citado na página 105 do material destinado ao 3º ano do ensino básico, que remete a um hábito bem carioca: “alguns moradores e visitantes da cidade costumam aplaudir o pôr do sol na praia do Arpoador. O sol se põe por trás do Morro Dois Irmãos e da Pedra da Gávea, formando uma paisagem digna de palmas!”. Entraram no currículo das crianças de todas as idades lugares não menos emblemáticos e cheios de significados, como o Morro da Mangueira, o Piscinão de Madureira, o Quilombo Sacopã, na Lagoa.

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O conteúdo foi elaborado por professores da rede para que todos os estudantes fiquem na mesma página – indo além do que acontece entre o Pão de Açúcar e o Corcovado. Isso inclui desde os matriculados nas creches, passando pela pré escola e pelos do 1º ao 9º ano, até os da Educação de Jovens e Adultos (EJA), contando ainda com os que fazem parte dos projetos Carioca I e II e Travessia. Assim, as crianças podem reconhecer seus espaços nos livros em que estudam, além de ter vontade de conhecer o que ainda não conhecem.

“Esse Rio de Janeiro limitado aos cenários de Manoel Carlos acaba fazendo com que nossos alunos se sintam estrangeiros em sua própria cidade, sem se reconhecer aqui. O Rio é para muito além de seus famosos pontos turísticos, e nossos alunos também estão muito além desse recorte. Então, tivemos o cuidado de retratar lugares, narrativas e identidades múltiplas, que normalmente não são vistas e nem representadas em materiais pedagógicos”, diz o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha.

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Segundo ele, a ideia é trazer as diversas referências que dão vida à nossa cidade, com toda sua complexidade e pluralidade, para trazer identificação entre o aluno e a realidade que ele conhece. “A premissa é que haja uma noção de pertencimento para um aprendizado mais criativo, crítico e personalizado“, explica o secretário: “Então, a gente fala da Praia de Copacabana sim, mas também do Quilombo Camorim, do Encantado, do Campo de Santana, dos Arcos da Lapa, do Parque Madureira…”

Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação
Renan Ferreirinha: “Esse material serve de apoio para que os professores possam, em sala de aula, estimular a compreensão do real valor histórico desses lugares”. (João Pires/Divulgação)

Além dos quilombos, locais como a Pedra do Sal e o Museu Afrodigital sublinham aspectos da cultura negra a serem discutidos em sala de aula. Na página 86 de um dos livros destinado aos estudantes do 4º ano figura o mural “Todos Somos Um (Etnias)”, do grafiteiro Eduardo Kobra. ” No Brasil, temos mais de 500 obras de Kobra, incluindo o mural “Todos Somos Um (Etnias)”, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro (RJ). Com mais de 3 mil metros quadrados, a produção tornou-se o maior grafite já realizado no planeta e foi oficializado em agosto de 2016, pelo Guinness Book, o livro dos recordes. A obra é inspirada na união transmitida pelos cinco anéis olímpicos, por isso estão representados cinco símbolos, um de cada continente. A obra levou dois meses para ficar pronta”, informa a publicação.

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De acordo com Ferreirinha, o objetivo deste enfoque é “reconstruir os imaginários sobre o processo de fundação da cidade“: “Esse é um movimento de reparação histórica urgente. É grande o desafio de descolonizar a narrativa histórica brasileira, ou seja, deixar de contar a história do país somente pelo prisma europeu. Esse material é um primeiro passo nesse sentido, e serve de apoio para que os professores possam, em sala de aula, estimular a compreensão do real valor histórico desses lugares. É um começo”.

Entre pontos marcantes da cidade, como o Maracanã, os Arcos da Lapa e o Teatro Municipal, estão outros menos conhecidos que merecem destaque, como a Horta Comunitária de Manguinhos, a maior do gênero na América Latina. “Desde 2013, a área de cultivo ocupa um espaço que antes era ocioso e emprega 21 moradores da região. A produção mensal da colheita da horta costuma ficar em torno de duas toneladas de alimentos”, apresenta um dos livros do 3º ano, na página 46.

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“Pensar a cidade e suas peculiaridades como território educativo é ver a educação e a escola pública sob uma concepção abrangente, como acreditamos que deve ser. Os grafites do Kobra e outros artistas são intervenções urbanas que nos fazem refletir sobre os problemas sociais que enfrentamos e os sonhos que desejamos. São parte do nosso dia-a-dia e precisam ser representados”, resume Ferreirinha.

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