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Aos vestibulandos, com carinho: as dicas valiosas para encarar o Enem

Cariocas com ótimo desempenho na prova, que volta a ser aplicada em novembro, dão sugestões de como enfrentar a mais angustiante etapa da vida estudantil

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
16 set 2022, 06h00

Nenhum momento da vida escolar provoca tanta ansiedade e tensão quanto a maratona (esse é o termo adotado em colégios e cursinhos — e não é exagero) que é o ano de preparação para o tão temido Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Não sem razão. Trata-se do principal passaporte de ingresso para as universidades públicas e privadas do país, com aceitação até em instituições de Portugal, e a competição é disputadíssima.

Após tantas incertezas no esticado período pandêmico, que chacoalhou a rotina dos aspirantes ao ensino superior, o tradicional exame volta a ser aplicado em todo o país nos dias 13 e 20 de novembro de 2022. E o Rio de Janeiro é a segunda capital brasileira com o maior número de inscritos, 101 834, atrás apenas de São Paulo.

Organizar o tempo, programar o que priorizar na hora de estudar, resolver provas anteriores, assistir a videoaulas e tirar um tempo para cuidar da saúde física e mental são algumas das estratégias amplamente usadas pelos agora veteranos que obtiveram sucesso em 2021. Uma boa leva saiu do Colégio e Curso AZ, com cinco unidades no Rio, que aprovou 28 alunos no dificílimo curso de medicina e 370 no total, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O programa federal seleciona, a partir da nota no Enem, a turma habilitada a ingressar nos cursos oferecidos.

Na rede Pensi, com 21 endereços no estado — onde, aliás, estudou o aspirante a engenheiro elétrico Victor Marques, de 19 —, foram 724 os bem-­sucedidos na peneira do Sisu. Esses e outros jovens que venceram, com todo o mérito, tão duro rito de passagem dão preciosas dicas a quem está na contagem regressiva para a grande prova.

Ana Clara Pereira
(./Divulgação)

Ana Clara Pereira
24 anos, ex-aluna do Apis (pré-vestibular social do AZ), 1º lugar em engenharia química na UFRJ

“Desde que decidi ingressar numa universidade, passei para mais de dez. Mas acabei não engrenando ainda, porque o que quero mesmo é medicina. Ainda assim, obter o primeiro lugar em engenharia química serviu como excelente motivação para seguir em frente. Moro em uma comunidade em Paciência, na Zona Oeste, e só de deslocamento gastava cinco horas em três conduções no traslado de ida e volta da Barra. Era tempo mais que suficiente para assistir a vídeos no YouTube com valiosas dicas para o exame e anotava as que mais me interessavam. O canal Ferretto Matemática, por exemplo, me ajudou demais, uma vez que tinha dificuldade na matéria. Já o Curso Aprovação 360° me deu uma luz sobre o método de estudo. Embora caríssimo, o Foco Medicina Vestibular tem bons alunos que dão suas sugestões em vídeos gratuitos através de entrevistas. Recomendo.”

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Cristiano Duarte
(./Arquivo pessoal)

Cristiano Duarte
19 anos, ex- aluno do Elite de Campo Grande, 6º lugar em medicina na Unirio, cursando Unesp, em Botucatu

“Era considerado um dos melhores estudantes da Escola Naval, o ensino superior da Marinha, e todos achavam que eu seguiria a carreira. Porém, em um treinamento militar, rompi um ligamento no pé, desenvolvi uma infecção severa, fiquei internado e, nesse meio-tempo, perdi meu tio e meu avô em decorrência da Covid-19. Foi então que percebi na pele quanto a medicina precisa de bons profissionais. E quis enveredar por esse caminho. Fui para o Elite, com bolsa integral. Apesar de ter me dedicado com constância — a disciplina é essencial —, minha válvula de escape era cuidar da saúde. Acordar cedo para correr e fazer musculação foi um dos meus segredos. Tenho certeza que havia gente que sabia mais o conteúdo do exame que eu e não conseguiu chegar até aqui. A questão é que minha cabeça estava boa. Você vai ter de abrir mão de muitas coisas nesse percurso, mas vale a pena.”

Gabriella Pignataro
(./Divulgação)

Gabriella Pignataro
19 anos, ex-aluna do Colégio e Curso AZ, 1º lugar em medicina na Unirio, no 1º período de medicina da UFRJ

“Apesar de ter conseguido a vaga em medicina, nunca fui aquele estereótipo de quem ultrapassava os limites razoáveis. As pessoas tendem a propagar que, se você não estudar ao menos nove, dez horas por dia, não vai passar. Na verdade, não é o tempo o fator determinante para o sucesso, mas a qualidade do estudo. Não adianta começar o ano com muito gás, senão você vai sofrer de exaustão logo no primeiro semestre. O ideal é estipular pequenas metas. A longo prazo, as irreais frustram mais do que beneficiam. À parte as aulas, estudava de quatro a cinco horas por dia, dependendo da disposição. É preciso ter técnica e planejamento, saber como vai resolver a prova, inclusive a ordem das questões. Para mim, começar com o mais difícil acabava me tranquilizando. O Enem envolve muito treino.”

Victor Marques
(Leo Lemos/Divulgação)

Victor Marques
19 anos, ex-aluno do Pensi, 1º lugar na engenharia elétrica na UFF

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“Sou procrastinador, admito, mas tenho tentado melhorar. Com a pandemia, tive de ser autônomo, sem ter ao lado um professor para me cobrar ou vigiar. Desenvolver um senso de disciplina e responsabilidade foi crucial, assim como manter o foco. Ter um lugar adequado e organizado, uma mesa limpa para estudar é essencial. Ferramentas como o Google Agenda e o Tarefas me ajudaram muito. É uma maratona, não adianta acelerar só nos últimos 100 metros, muito menos deixar a ansiedade o consumir. Para descomprimir, treinava jiu-jítsu com meu pai, jogava xadrez pelo Google Meet com os amigos e criei uma horta e uma composteira. Me permitia esse contato com a natureza, algo que prezo e que contribuía para tirar um pouco a cabeça da prova.”

Tiago Santos
(PH/Divulgação)

Tiago Santos
18 anos, ex-aluno do pH, 9º lugar em ciências econômicas na UFRJ

“Além de me basear no peso que cada matéria teria para o curso de economia, o que me direcionou muito nos estudos, lia livros com críticas e alegorias à sociedade e pensava como encaixá-los na redação. Devorei 1984, de George Orwell, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, e O Sol É para Todos, de Harper Lee. Isso me ajudou a criar um bom repertório de referências, que contam pontos valiosos na redação. Optei por me preparar mais com material impresso — no computador, me distraía com maior facilidade. Tentava ser um aluno ativo, levando questões aos professores mesmo antes de a matéria ser dada. Nos fins de semana, fazia simulados, mas não deixava de ir à academia para me cuidar e socializar. Séries de comédia também foram importantes para relaxar. No final, deu tudo certo.”

Matheus Marques
(Mopi/Divulgação)

Matheus Marques
18 anos, ex-aluno do Mopi, 2º lugar no Cefet

“O Enem é uma prova de resistência. Enquanto me preparava, adotei o “método Pomodoro” — 25 minutos estudando ininterruptamente com um breve descanso de cinco minutos. A cada duas ou três repetições de ciclo, eu aumentava um pouco o intervalo. Isso me fazia render melhor. Acabei incorporando a técnica também na prova. Quando percebia que estava sem foco, dava uma pausa, fazia um lanche, caminhava até o banheiro. Sim, estar cara a cara com aquele bloco cheio de questões é tenso. Bate um desespero inicial. Quanto mais preparado você estiver, mais confortável vai se sentir, já que terá familiaridade com aquele conteúdo. No exame mesmo, eu procurava mesclar as áreas: resolvia uma parte da prova, como linguagens, e pulava para outra área, uma boa tática para evitar o cansaço.”

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Maria Eduarda Franco Arnaud
(./Arquivo pessoal)

Maria Eduarda Franco Arnaud
18 anos, ex-aluna da Escola Eleva, 10º lugar em direito da UFRJ

“Passei em direito, mas decidi também tentar ciências políticas na Sciences Po, em Paris, onde ingressei com bolsa parcial e acabo de começar as aulas. Minha melhor amiga queria cursar medicina, e compartilhávamos anotações, estudávamos juntas. Isso contribuiu muito, sobretudo porque queríamos cursos distintos, então nos empenhamos em matérias variadas, para as quais, sozinha, talvez não desse a devida atenção. Uma sólida base de matemática simples leva-o longe no exame. Fazer e refazer redação é outra tática indispensável, assim como estar atento ao que acontece no mundo. Cada vez mais o Enem se torna uma prova atual. Por isso, consumia fontes diversas de informação. Faz toda a diferença.”

Guilherme Soares
(./Arquivo pessoal)

Guilherme Soares
18 anos, ex-aluno do Pensi, 1º lugar em engenharia química na UFF

“A regra básica é criar uma rotina de estudos. Antes do ano de preparação para o Enem, eu era do tipo que só estudava na véspera da prova. Mudei, e essa foi uma grande virada. Por vezes me tachavam de maluco, porque chegava da aula, tirava uma soneca à tarde e retomava os estudos entre 17h e 22h30. Assim sentia menos sono e, olha que curioso, a luz artificial me ajudava. Às vezes, até simulava um ambiente noturno para me concentrar e estudar. Há que priorizar os conteúdos que mais caem e dos quais você mais precisa para o seu curso, olhando sempre as ementas, mas sem deixar de dar atenção às demais matérias. Na reta final, é importante não passar do limite, como aconteceu comigo. É vital controlar o psicológico e manter a autoconfiança.”

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