Moda entre jovens, uso de cigarros eletrônicos é condenado pela Fiocruz
Instituição faz campanha e abaixo-assinado contra o uso e a liberação do produto no mercado nacional pela Anvisa
Conhecidos também como vaper, pod, e-cigarrete, entre outros nomes, os cigarros eletrônicos ganharam popularidade nos últimos anos, principalmente entre o público mais jovem. Nesta segunda (11), o produto virou alvo de uma campanha do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) para alertar sobre os riscos da possível liberação dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) no país, além de um abaixo-assinado virtual contra a medida.
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Desde agosto de 2009, os cigarros eletrônicos possuem a venda, importação e propaganda proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda assim, de acordo com dados da BAT Brasil, maior empresa de tabaco do Brasil, atualmente são 2 milhões de consumidores dos dispositivos para fumar no país.
Nesta segunda (11), a Anvisa começou a receber informações técnicas e científicas sobre o produto, que servirão para embasar futuras decisões sobre o uso e a comercialização dos cigarros eletrônicos. A agência reunirá dados sobre os dispositivos eletrônicos para fumar até 11 de maio.
A pesquisadora do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da ENSP/Fiocruz, Silvana Rubano Turci, ressalta a pressão que a Anvisa sofreu nos últimos anos pela indústria do tabaco para a liberação do DEFs. Segundo a cientista, apesar dos fabricantes afirmarem que os cigarros eletrônicos geram menos prejuízos à saúde dos usuários, como uma alternativa aos tradicionais, os produtos também possuem alto risco à saúde e geram dependência.
“Não podemos admitir que mais um produto tóxico chegue ao mercado. É nossa obrigação, como órgão de ciência, mostrar que esses dispositivos eletrônicos não trarão benefício algum e também representam um risco para a saúde das pessoas”, afirma Silvana Turci.
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Outro ponto crítico para a pesquisadora é a nova roupagem do cigarro eletrônico, que atrai principalmente os jovens e adolescentes, com seu design diferenciado e várias opções de odores e sabores – como de frutas, ervas e até mesmo de doces.
“Na verdade, trata-se de um produto muito parecido com o cigarro tradicional, mas com uma roupagem nova para que as pessoas se sintam diferenciadas ao utilizar. É apenas mais uma estratégia de marketing da indústria”, alerta.
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Com a liberação dos dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil, os cientistas temem a facilitação do acesso ao produto e o aumento dos usuários, causando prejuízos na saúde dos indivíduos.
Entre os riscos deste cigarro listados pela Fiocruz, está a variedade de elementos químicos perigosos nele, como nanopartículas de metal do próprio dispositivo, o propilenoglico (que ao ser aquecido se transforma em uma substância cancerígena), e a nicotina em si. Há ainda o risco de explosão do produto, como já ocorreu em março deste ano com um músico de 45 anos em Brasília.
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Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de maio de 2021, também revela que o uso do produto pode aumentar em três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e em quatro vezes o risco de uso regular do cigarro.