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As donas da Casa(cor): Patricias, Mayer e Quentel, e o 32ª ano da mostra

Evento de arquitetura que nasceu no Rio e já exibiu quase 1 400 ambientes para mais de 1 milhão de visitantes está de volta ao casarão Brando Barbosa

Por Renata Magalhães
18 ago 2023, 07h00
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  • Foi nos corredores da redação do extinto Jornal do Brasil, nos anos de 1980, que se consolidou a amizade entre Patricia Mayer, na época editora do caderno de decoração, e Patricia Quentel, escalada para reformular o projeto gráfico do periódico. Entre um cafezinho e outro, a jornalista e a designer falaram sobre algo que ambas notavam — faltavam boas imagens dos projetos de arquitetura para ilustrar as reportagens, uma lacuna no mercado. “Começamos então a organizar o portfólio de diversos profissionais num tempo em que não existiam redes sociais para ajudar, o que nos fez reconhecidas no meio”, conta Patricia Mayer, que brinca: “A gente fazia o Instagram de trinta anos atrás”. Assim começou uma parceria que acaba de completar 35 anos e deu origem à maior e mais completa mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas.

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    Hoje, a Casacor está presente em dezessete estados e chega à 32ª edição carioca, ocupando, até 15 de outubro, o icônico casarão Brando Barbosa (veja detalhes abaixo). Ao longo de todos esses anos foram criados quase 1 400 ambientes, que atraíram, só no Rio, um público superior a 1 milhão de visitantes. E há fôlego para muito mais. “Desde a primeira edição, em 1991, buscamos uma curadoria cuidadosa, que equilibra nomes consolidados com gente promissora”, afirma Patricia Quentel, ressaltando que a “indústria do morar bem” movimentou 90 bilhões de reais no Brasil em 2022. Em um dos novos ambientes da casa, a dupla (ou “As Patricias”, como são conhecidas) fez um prazeroso passeio pelas tendências que embalaram a Casacor nessas mais de três décadas e continuam em voga até hoje.

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    “Com a abertura do país para o mercado externo no governo de Fernando Collor, em 1990, as empresas puderam importar o design italiano por preço mais acessível. Esse mobiliário entra em cena, trazendo leveza em comparação ao que era mais comum por aqui — maciças peças vindas dos Estados Unidos, com design mais óbvio e pesado. Os exemplares da Itália, em alta até hoje, contêm características muito próprias: são chiques, ousados no desenho e feitos com uma variedade de materiais que descortinaram caminho para uma nova estética”, Patricia Quentel (PQ).

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    Bossa carioca
    (André Nazareth/Divulgação)

    Bossa carioca

    “Na edição de 1992, na Rua São Clemente, em Botafogo, Geraldo Lamego montou uma sala que traduziu perfeitamente o jeito de morar do Rio, até hoje em voga: estofados claros, tecidos leves, mistura de estilos e, claro, muita descontração sem perder a elegância. Foi o princípio do que ficaria conhecido como ‘o DNA carioca’, antenado, mas livre das amarras das ondas do momento. Esta é uma cidade onde as pessoas não têm medo de ousar e isso fica evidente, ano após ano, na Casacor”, Patricia Mayer (PM).

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    Conforto moderno

    “Hoje, os projetos tendem a empregar a tecnologia a favor do conforto. A automação da casa é um caminho natural no mundo atual. Uma das precursoras disso foi a Joy Garrido, que trouxe, lá atrás, em 1993, o home-theater para a mostra. Poucos anos depois, testemunhamos a invasão das telas, até porque os fornecedores viam a Casacor como uma vitrine para apresentar seus produtos de última geração”, PQ.

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    O coração da casa
    (André Nazareth/Divulgação)

    O coração da casa

    “A cozinha era um ambiente fechado, pouco frequentado, e nenhum arquiteto queria assumir esse espaço na Casacor. Até que ela se tornou um lugar para confraternizar durante o preparo das refeições. Em 1995, no Largo do Boticário, as cozinhas planejadas foram o grande destaque. Primeiro, eram personalizadas, e daí foram se modernizando, até virarem a extensão da sala. Hoje, há um meio-termo, com a opção de divisões que podem ser usadas em momentos específicos”, PM.

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    Fazendo arte
    (André Nazareth/Divulgação)

    Fazendo arte

    “Até o fim da década de 90, as artes plásticas eram escolhidas de modo a ornar com as cores do mobiliário. Isso foi mudando e se ampliando. A cidade, que já foi capital federal, tem em sua raiz a valorização cultural. Levar às casas arte popular ou uma peça de antiquário não necessariamente significa gastar muito: as soluções mais criativas muitas vezes nascem justamente da falta de capital”, PQ.

    Fez-se a luz

    “Por muitas décadas, as casas tinham um ponto focal para a iluminação, com a tradição dos lustres. A partir dos anos 2000, houve uma descentralização: a luz passou a ser pensada e planejada para o conforto. Desde então, inúmeras ferramentas surgiram para ajudar, como o dimmer e a automação, tão em alta nos dias de hoje. Temos grandes nomes atuando nessa seara, como o Maneco Quinderé, que veio do teatro e consegue trazer toda a dramaticidade para a sua luminotecnia”, PM.

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    Tudo nosso
    (André Nazareth/Divulgação)

    Tudo nosso

    “Quando a economia voltou a deixar os importados caros, foi a vez dos olhos se voltarem para o design brasileiro. É claro que isso era comum desde a década de 60, com Sergio Rodrigues e José Zanine Caldas, mas ficava circunscrito a um grupo. Foi em meados dos anos 2000 que virou chique ter uma cadeira de um designer nacional, um móvel que transmitisse memória afetiva. Assim surgiu o boom das peças assinadas, caracterizadas por materiais como madeira e palhinha, valorizadas até hoje”, PM.

    Cortinas abertas
    Curiosidades da 32ª edição da Casacor Rio

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    Casacor Rio
    (André Nazareth/Divulgação)

    > Pelo terceiro ano consecutivo, a mostra ocupa a bela Residência Brando Barbosa, no Jardim Botânico.

    > O casarão ganhou ares de hotel boutique, com lobby, piano-bar, joalheria, bar de drinques, cozinha gourmet, além de salas de estar e suítes.

    > São 43 ambientes, pensados por 65 nomes da arquitetura, do design de interiores e do paisagismo.

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    > Paula Neder, Mauricio Nobrega, Gisele Taranto, Erick Figueira de Mello, Marcia Muller, David Bastos e Patricia Marinho estão no rol dos consagrados.

    > Entre as novas tendências, o público verá muita madeira e o vermelho em destaque.

    Rua Lopes Quintas, 497, Jardim Botânico. Terça a sábado, 12h às 21h; domingos, 10h às 20h. R$ 90,00. Até 15 de outubro.

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