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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Como entender o resultado da minha mamografia

Fez a sua mamografia e não sabe o que é categoria BI-RADS®? Cara leitora ou leitor, a ida ao consultório do radiologista para realizar a mamografia e a abertura do seu laudo pode gerar ansiedade. A mama é de grande valor para a mulher e qualquer achado no exame pode causar impacto. O esclarecimento da […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 18h30 - Publicado em 30 out 2014, 16h45

Fez a sua mamografia e não sabe o que é categoria BI-RADS®?

Cara leitora ou leitor, a ida ao consultório do radiologista para realizar a mamografia e a abertura do seu laudo pode gerar ansiedade. A mama é de grande valor para a mulher e qualquer achado no exame pode causar impacto. O esclarecimento da leitura usada pelo radiologista, que interpreta a sua mamografia, pode evitar possíveis transtornos.

Hoje vamos esclarecer a classificação da sua mamografia.

1. O que é o BI-RADS®?

A interpretação radiológica do exame da mama usa um sistema de classificação desenvolvido pelo Colégio Americano de Radiologia e adotado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, denominado tutorial BI-RADS® ou Breast Imaging and Reporting Data System. Ele consiste em um sistema padronizado de laudos e registros de dados de imagem da mama (como é uma marca registrada, utilizamos o ®).

A primeira edição do sistema de interpretação BI-RADS® foi concebida apenas para a mamografia em 1993. Desde então, foram publicadas mais cinco edições, a última em 2013, que incluem tanto a ultrassonografia e a ressonância. Por conta das modificações constantes, para adaptar-se ao surgimento de novos conhecimentos nas doenças da mama e `as necessidades clínicas, costumamos dizer que o BI-RADS® é um documento vivo.

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2. Qual a finalidade de usar este sistema de classificação radiológica na mamografia ?

A finalidade principal deste sistema de interpretação é uniformizar a terminologia utilizada nos laudos radiológicos mamários. Ou seja, uma descrição padronizada e clara dos achados do seu exame facilita a compreensão do significado do achado radiológico, melhorando a comunicação entre radiologistas e clínicos, como seu ginecologista ou mastologista.

Além disso, o tutorial BI-RADS® criou categorias para classificar os achados do exame da mama. Eles devem ser classificados em setes categorias, com recomendações que direcionarão condutas. Você deve estar pensando quais são elas. Falaremos mais a frente, mas podemos adiantar que são 7, da classe 0 a 6.

Outra utilidade do BI-RADS® é a possibilidade de controle de qualidade dos dados provenientes do exame radiológico, proporcionando um sistema de auditoria interna de qualidade. Isto pode parecer complicado, mas é muito importante para todas as mulheres. Com este controle, o serviço de radiologia pode verificar a qualidade dos laudos emitidos, sendo feito da seguinte forma: faz-se uma revisão dos resultados do diagnóstico radiológico prévio ( a categoria BI-RADS® do achado radiológico ), correlacionando-se com resultados de biópsia da mama ou acompanhamento das lesões.

3. Como é feita a descrição dos achados do meu laudo mamográfico?

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A organização do laudo radiológico, neste caso da mamografia, segue um padrão proposto pelo tutorial BI-RADS®, sendo conciso e organizado. Vamos tentar descrever os parâmetros principais para você. Eles são:

A. Aspectos técnicos e informações clínicas.

Aqui o mais importante para você, leitor, é compreender a importância das suas informações clínicas, pois elas podem influenciar a interpretação do exame. Elas são a idade, história de cirurgia e biópsia (para cirurgia – informar qual tipo de cirurgia, como redução da mama, implantes ou reconstrução; – para biópsia – levar para o seu exame o histopatológico e informar a data do procedimento ), data da última menstruação, uso de hormônio (anticoncepcional e reposição hormonal), e a sua história familiar e pessoal de câncer, especialmente de mama e de ovário (informar sobre casos de neoplasia, especialmente na mãe, irmã, tia, filha e pai).

Além disso, você deve informar se apresenta alguma alteração clínica, como por exemplo, nódulo palpável e saída de líquido espontâneo pela papila (mamilo).

B. Interpretação do exame

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Aqui o radiologista, após ter acesso aos dados informados por você, irá descrever os principais achados observados na mamografia utilizando termos  padronizados para cada tipo de lesão, além de realizar a comparação com os exames anteriores.

É muito importante a comparação com seus exames anteriores. A comparação é utilizada para determinar se o que foi identificado no exame é um achado novo ou se houve alteração em um achado já existente. Como a mudança pode ser sutil, o radiologista analisa as suas três últimas mamografias, caso seja necessário. Por outro lado, a alteração observada pode estar apenas um pouco mais evidente por conta da técnica diferente (exames realizados em aparelhos diferentes) e se seus exames anteriores mostrarem estabilidade, procedimentos adicionais podem ser evitados.

Como você pode ver, a comparação entre as mamografias só lhe traz benefício. Nossa dica é que quando receber a mamografia guarde em uma pasta separada com seus exames de mama. As três mamografias anteriores geralmente são suficientes e devem ser sempre levadas para seu próximo exame.

C. Impressão diagnóstica (categoria) e recomendação  

Após a análise e interpretação dos achados da mamografia, além da comparação com seus exames anteriores, o radiologista faz a sua impressão final, onde é descrita a categorização dos achados.

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Existem sete categorias pelo sistema interpretação do BI-RADS® (0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6) e cada um implica em uma recomendação de conduta (quadro 1). Vamos tentar esclarecer os pontos mais importantes.

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Categoria 0

Se seu exame tem esta categoria, significa que o radiologista pediu uma avaliação adicional com outro exame, para caracterizar melhor um achado da mamografia. Ela é mais utilizada quando a mamografia identifica um nódulo. Tanto o cisto quanto um nódulo sólido podem ter esta apresentação e a ultrassonografia consegue diferenciar os dois achados.

Nódulo na mama direita. Categoria BI-RADS® 0.

Nódulo na mama direita. Categoria BI-RADS® 0.

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Categoria 1

A mamografia será incluída nesta categoria quando não há nenhum achado, sendo portanto um exame negativo. A possibilidade de benignidade é de 100%.

Categoria BI-RADS® 1.

Categoria BI-RADS® 1.

Habitualmente a recomendação para esta categoria é, para mulheres acima de 40 anos e com risco padrão de câncer de mama, manter o rastreio com mamografia de rotina anual.

Categoria 2

A categoria 2 da mamografia inclui achados que são tipicamente benignos, mas que devem ser mencionados, tais como cistos, alterações pós-cirúrgicas ou relacionadas ao tratamento prévio e implantes. A possibilidade de benignidade também é de 100%.

Alteração pós-mamoplastia bilateral (implantes). Categoria BI-RADS® 2.

Alteração pós-mamoplastia bilateral (implantes). Categoria BI-RADS® 2.

Habitualmente a recomendação para esta categoria é, para mulheres acima de 40 anos e com risco padrão de câncer de mama, manter o rastreio com mamografia de rotina anual.

Categoria 3

O radiologista utiliza esta categoria quando é identificada na mamografia uma lesão com alta probabilidade de benignidade, ou seja, igual ou maior que 98 % de chance de benignidade. Entretanto, a alteração precisa passar por um período de observação, que se inicia em 6 meses, depois anual, variando o acompanhamento por 2 a 3 anos (alguns grupos indicam o acompanhamento por 2 anos e outros até completar 3 anos). O primeiro controle mamográfico, de 6 meses, pode ser unilateral, ou seja, apenas da mama com o achado.

O objetivo do período de observação nesta categoria é assegurar a estabilidade do achado. Após a comprovação da estabilidade por um período maior que 2 a 3 anos, o radiologista reclassifica esse exame para a categoria das lesões benignas, 2.

Categoria 4

A mamografia com esta categoria inclui os achados suspeitos, que são  lesões que não possuem características morfológicas típicas da neoplasia mamária, mas têm probabilidade de serem malignas. Geralmente estas lesões devem ser investigadas com algum tipo de biópsia da mama, na ausência de contraindicação clínica.

Segundo a literatura, cerca de 70% das lesões terão resultado benigno e desta forma podem ser investigadas com biópsia percutânea, sem procedimento cirúrgico. Como você pode ver, o resultado da biópsia pode ser benigno ou maligno e deve sempre ser analisado pelo radiologista e seu médico assistente.

Entretanto, esta categoria representa um grupo muito heterogêneo de patologias, onde a probabilidade de malignidade varia entre 2 a 95%. Desta forma, esta categoria foi subdividida em três subcategorias, 4 a, 4b e 4c, dependendo da probabilidade de malignidade do achado da mamografia. A categoria 4a inclui um achado com baixa probabilidade de malignidade, 4b grau intermediário e 4c suspeição moderada de neoplasia. Importante ressaltar, que independente da subdivisão da categoria 4, todas as lesões descritas devem ser biopsiadas.

Categoria 5

O radiologista utiliza esta categoria para um achado altamente suspeito e que possui alta probabilidade de ser neoplasia, devendo ser investigado com biópsia, na ausência de contraindicação clínica. Nestes casos, espera-se que o resultado da biópsia seja positivo, pois a possibilidade de malignidade é maior que 95%.

Categoria 6

Uma mamografia com esta categoria é utilizada quando a paciente tem diagnóstico já comprovado de neoplasia da mama, mas que ainda não foi submetida à terapêutica definitiva. Por exemplo, quando a paciente repete o seu exame para avaliar se houve resposta ao tratamento com quimioterapia, antes da cirurgia definitiva (quimioterapia neoadjuvante).

4. Comentários finais

Cara leitor ou leitora, sabemos que assim como o BI-RADS® é um documento vivo, ainda temos muitos detalhes sobre os exames de mama para compartilhar com você. Hoje esclarecemos como a mamografia é interpretada e como se realiza a classificação das lesões (categoria BI-RADS® ).

Esperamos que na sua próxima ida ao consultório do radiologista possa utilizar estas dicas e que elas lhe tragam mais tranquilidade. Caso tenha alguma dúvida, sinta-se a vontade de entrar em contato conosco.

Alice Brandão.

dr

 

 

 

 

Dados da autora

Médica radiologista especialista em imagem da mulher
Autora dos livros: Ressonância Magnética da pelve – Aplicações em Ginecologia e Obstetrícia (2002), Ressonância da Mama (2010) e Atlas de endometriose profunda com correlação com laparoscopia (2014).
Membro do Colégio Brasileiro de Radiologia
Atuando nas Clínicas: Felippe mattoso – Fleury e IRM Ressonância Magnética

Fontes de referência

1. Brandão A Ressonância da Mama, 1ª Edição – Revinter 2010.

2. Aguilar V, Baub S, Maranhão N. Mama. Diagnóstico por imagem. Revinter 2008.

3. Urban L, Brandão A, Kestelman F, Oliveira A. Visão crítica do BI-RADS®: mamografia, ultrassonografia e ressonância, escrito para o Programa de atualização em radiologia e diagnostico por imagem (PRORAD). Artmed/Panamericana e Colégio Brasileiro de Radiologia, 2012.

 

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