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Por Juarez Becoza, repórter de gastronomia popular e caçador de botequins
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Sabor, diversão e história no fim de semana da cachaça

De hoje até domingo, Dia Mundial da Cachaça, algumas razões para celebrar a caninha e conhecer os fortes vínculos da bebida com o Rio de Janeiro

Por Beco do Becoza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 set 2020, 14h21

Por cair este ano num domingo, o Dia Nacional da Cachaça reserva um fim de semana cheio de boas lembranças para os fãs cariocas e fluminenses da branquinha (que também pode ser marronzinha, ou amarelinha, dependendo da madeira e do tempo de envelhecimento…) Uma boa oportunidade para celebrar a história riquíssima, saborosa e muito divertida do genuíno “spirit” brasileiro. É que amanhã, dia 12, o Rio comemora 143 anos de fundação do primeiro engenho industrial de cana-de-açúcar e aguardente da América do Sul: o Engenho Central de Quissamã, no Norte Fluminense, cujas origens remontam os primeiros alambiques do Brasil, lá no século 16. E hoje, dia 11, faz dez anos de vida a Cachaça 7 Engenhos, que tem tudo a ver com a história do Engenho Central e atualmente é uma das pingas mais identificadas com o Rio de Janeiro: foi a cachaça oficial das comemorações pelos 450 anos da cidade e das Olimpíadas do Rio.

Pra entender melhor essa história, caro leitor, serve uma marvada no copo pequeno e senta, que eu explico:

(Berg Silva/Divulgação)

Em 1877, o Engenho Central de Quissamã, no Norte Fluminense, concentrou pela primeira vez a produção de grandes fazendas da região, cujos donos eram descendentes dos primeiros produtores de cachaça do Brasil, que viviam no Rio por volta do ano de 1600. Reza a história que eram sete famílias que plantavam cana e produziam a bebida numa grande ilha localizada no fundo da Baía da Guanabara. Por influência deles, na época a ilha ganhou a alcunha de Ilha dos 7 Engenhos. Mais de 400 anos depois, o local passaria a ser conhecido como… Ilha do Governador.

Os anais da história registram também que algumas dessas famílias tiveram influência nos esforços da Coroa Portuguesa para expulsar os franceses do Rio de Janeiro, em 1565. Por isso ganharam como prêmio sesmarias (grandes porções de terra) no Norte Fluminense, para onde cerca de um século  depois expandiriam seus negócios.

Foram essas famílias também que, em 1660, ajudaram a constituir a famosa Revolta da Cachaça, quando produtores de cana se sublevaram contra o então governador da Guanabara, Salvador Correia de Sá, depois que ele proibiu a produção da bebida na área da Baía da Guanabara. Era uma tentativa da Coroa de reduzir a concorrência com o vinho português que chegava por ali, em navios vindos diretos de Lisboa. A revolta foi abafada justamente no dia 13 de setembro, razão pela qual a data é, hoje, o Dia Nacional da Cachaça.

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(Berg Silva/Divulgação)

Já em 1877, os 7 Engenhos da Ilha do Governador – agora do Norte Fluminense – uniram forças na construção do Engenho Central de Quissamã, um verdadeiro complexo produtivo e de transporte que contou com a presença do Imperador D. Pedro II em pessoa na inauguração. E é um dos descendentes dessa dinastia que hoje comanda a cachaçaria 7 Engenhos. Mais do que um simples produtor, o empresário Haroldo Carneiro da Silva é um apaixonado pelo passado e pelo futuro da bebida. Quando não está pesquisando a história da cachaça em sua fazenda bicentenária encravada num canavial em Quissamã, Haroldo está no Rio promovendo a vocação da bebida para a coquetelaria. E já convenceu muitos restaurantes estrelados – além de bares famosos que espelham o espírito carioca – a adotarem sua cachaça em drinques e coquetéis sofisticados. Entre eles o Bar do David, o Bracarense, o Lasai, o Oro, o Mee e o Cipriani.

Haroldo Carneiro da Silva ao lado de David Bispo: o Bar do David é um dos entusiastas da cachaça na cidade. (Berg Silva/Divulgação)

Para celebrar o aniversário da marca, Haroldo chamou o fotógrafo Berg Silva para fazer um ensaio com a bebida e as casas que adotaram seus drinques. São as fotos que ilustram este texto. Das casas do Copacabana Palace ao Bar do David no Chapéu Mangueira, passando pelo Bracarense, a 7 Engenhos contribui para o lento processo de educação e convencimento da população a respeito da qualidade da cachaça, depois de séculos de preconceito e rejeição. Um trabalho que vai indo muito bem obrigado, e que conta com descobertas inusitadas. Como, por exemplo, a tese de que a caipirinha se popularizou no Rio em 1918, em plena pandemia da Gripe Espanhola, como forma de expandir o consumo de vitamina C e aumentar a imunidade ao vírus na população. Verdade? Há controvérsias. Mas sem dúvida alguma são histórias boas de ouvir e contar sentado numa mesa de bar, tomando uma uca purinha. Especialmente neste fim de semana.

A Cachaça 7 Engenhos pode ser encontrada em cerca de 20 bares e restaurantes da cidade, em três versões: Branca, envelhecida em Carvalho e envelhecida em Cerejeira. Em alguns locais, como o Copacabana Palace, é possível achar o blend especial feito para a comemoração dos 450 anos da cidade.

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Abaixo, três grandes bares para se beber cachaça no Dia da Cachaça:

Galeto Sat´s (Botafogo e Copacabana): Dono de uma das maiores cartas de cachaça do Brasil, fruto das expedições dos seus donos, Sérgio e Elaine Rabello, pelos rincões do Brasil atrás de rótulos regionais da melhor qualidade (@galetosats)

Academia da Cachaça (Leblon e Barra): O bar pioneiro na valorização da cachaça no Rio, oferece uma carta gigantesca desde 1985, sempre renovado pela consultoria de grandes mestres da coquetelaria, como Deise Novakoski (@academiadacachaça)

Noo Cachaçaria (Praça da Bandeira): Especializada em cachaças especiais e caipirinhas criativas e batidas com sabores diferentes. A de maracujá, mel e pimenta é um delírio (@noocachaçaria)

 

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