Cariocas do ano: Amora Mautner é destaque na categoria televisão
A diretora rompeu barreiras dentro dos estúdios e imprimiu seu estilo provocativo em sucessos como a novela Verdade Secretas 2
Foi na novela O Cravo e A Rosa (2000) que Amora Mautner, então com 24 anos, passou por uma espécie de teste diante de um dos maiores nomes da TV brasileira. Ela havia acabado de ser promovida quando Walter Avancini (1935-2001) lhe cedeu algumas cenas do núcleo principal.
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Depois de um dia de trabalho, Amora seguiu direto para a ilha de edição e o encontrou assistindo ao material bruto. No final de duas horas, um dos mais inovadores diretores da televisão aprovou o resultado.
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Para Amora, aquele reconhecimento foi a confirmação de que fazia sentido trilhar o caminho que se abria em um universo ainda tão masculino. “Hoje existem muitas diretoras mulheres, mas naquela época éramos só eu e a Denise Saraceni na Rede Globo”, lembra. “E eu era jovem e loura, o que só potencializava o preconceito.”
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De lá para cá, Amora, 46 anos, coleciona bem-sucedidos projetos, como Cordel Encantado (2011), Avenida Brasil (2012), Joia Rara (2013), A Dona do Pedaço (2019) e, agora, no ar pela Globoplay, Verdades Secretas 2, novela que já registra mais de 30 milhões de horas assistidas. “Gosto do ator-criador. Tenho prazer em dirigir atores e trocar com eles”, diz.
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“Hoje existem muitas diretoras mulheres, mas naquela época não. Eu ainda era jovem e loura, o que só potencializava o preconceito.”
Alguns anos antes de seu encontro profissional com Avancini, a diretora percebeu que sem repertório não iria longe. Virou uma estudiosa disciplinada e autodidata antes dos 20 anos.
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Terminou um namoro para poder assistir a sete filmes clássicos por semana. Desde então, vê e revê seus cineastas prediletos, entre eles David Lean, Robert Bresson, Elia Kazan, John Cassavetes e Alfred Hitchcock.
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“Sou obsessiva com o estudo”, fala Amora, que nos últimos anos tem se dedicado também à neurociência e à física quântica. Filha do tropicalista Jorge Mautner e da historiadora Ruth Mendes, teve formação cultural sólida — foi obrigada, por exemplo, a ler Nietzsche aos 15 anos.
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A maior influência para se tornar diretora, porém, veio do cineasta Arnaldo Jabor, pai de sua amiga de infância, Carolina Jabor: “Com 9 anos, ele nos botou para ver Napoleão (épico francês do cinema mudo, de 1927), do Abel Gance”, recorda a inquieta diretora, que já tem uma lista respeitável de trabalhos pela frente.
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Em 2022, ela se dedica a uma novela com Walcyr Carrasco, projetos de séries, um deles com a atriz Maria Ribeiro, e começa a pensar em seu primeiro filme, com produção de Rodrigo Teixeira. Amora ainda vai dar muito que ver e falar.