Miguel Pinto Guimarães lança livro de entrevistas; ou melhor, conversas
Arquiteto bateu papo com 44 personalidades de várias áreas, como Gilberto Gil, FHC, Sonia Guajajara, Regina Casé, Pedro Malan, Vik Muniz e Luciano Huck
O que você tem feito durante o isolamento social? O arquiteto Miguel Pinto Guimarães optou por usar o tempo em casa para continuar exercitando um de seus esportes favoritos: socializar, trocar ideias e bater papo com os amigos – gente como Luciano Huck, Gilberto Gil, Antonio Prata, Vik Muniz. Impedido de continuar a encontrá-los pessoalmente, Miguel, consciente de quão interessantes são essas conversas, decidiu democratizá-las e passou a fazer lives no Instagram.
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“São papos deliciosos e eu vi que outras pessoas também poderiam gostar”, diz. As entrevistas, algumas com humor, outras com um tom mais analítico, têm um ponto em comum: a informalidade. É papo de gente sem pé atrás, que esteve ali, na frente da tela do computador, para falar com Miguel sobre assuntos que muitas vezes fogem da sua área de atuação. Elas se deixaram levar, e o resultado pode ser conferido em “Quarenta e quatro em quarentena” (Intrínseca), um registro de tudo o que foi debatido de meados de março ao início outubro entre o arquiteto e seus convidados. Por telefone, Miguel concedeu a seguinte entrevista a VEJA RIO:
Pode-se dizer que se trata de um livro de entrevistas? Eu acho que mais do que entrevistas, são conversas. É uma troca, eu também dou as minhas opiniões, as minhas impressões. Não sou um jornalista, que tem que ficar isento enquanto entrevista. O papo com o Gregorio Duvivier e o Antonio Prata, por exemplo, foi mais ou menos como se a gente estivesse tomando um chope. Somos amigos há muito tempo. Com o Vik (Muniz) também. A gente sempre teve altos papos, nos conhecemos há séculos. Não são entrevistas formais mas têm muita informação, me preparei bastante antes de cada uma.
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Você conversou com 44 pessoas influentes de várias áreas, nem todas suas amigas. Ficou inseguro em algum momento, com alguém? Os economistas não me deixam relaxado porque eu não tenho tanto conhecimento desta área, então tentei buscar também assuntos que fossem além da economia. O Gustavo Franco, por exemplo, falou muito sobre Shakespeare, por quem ele é louco, apaixonado. Com o Francisco Bosco eu fiquei tenso porque ele é inteligente demais, faz muitas citações, fala de vários filósofos. Com ele eu realmente não consegui relaxar em momento algum.
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Os papos não são entrevistas mas têm uma pegada jornalística, não? Tem muito assuntos quentes. Com o André Trigueiro, por exemplo, eu conversei logo depois da morte do Sirkis, que ele conhecia há muito tempo; a Flavia Oliveira e o Pitanga falaram sobre racismo estrutural no auge das manifestações pela morte de George Floyd. Todos os papos passam pela pandemia, mas tentei levar fatos e interesses ligados ao assunto dos entrevistados. E procurei também falar sobre questões que não são de suas áreas específicas de atuação.
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O Luciano Huck conversou contigo em abril, e você perguntou sobre uma possível candidatura dele a presidente, assunto que voltou com força agora. Sim. E eu acho que, no momento da entrevista, ele não pensava em ser candidato. Hoje em dia, lendo as notícias sobre isso, eu já acho que é uma possibilidade real.
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Todas as pessoas com quem você pretendia conversar estão no livro? Consegui todos os que eu quis, menos um: a Luiza Trajano (empresária, dona do Magazine Luiza). Tentei uma conversa com ela, mandei e-mail mas não obtive resposta. Adoraria ter feito.