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O adeus a Jô Soares, carioca, nascido na Zona Norte e tricolor de coração

Causa da morte ainda não foi divulgada; o velório e o enterro serão reservados apenas à família e amigos, e a data e local não foram informados

Por Da Redação
5 ago 2022, 12h59

Carioca nascido em 1938 num hospital no Rio Comprido, na Zona Norte, José Eugênio Soares, o Jô Soares, morreu na madrugada desta sexta (5) no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde estava internado desde o fim de julho. O ator, escritor, humorista, diretor e apresentador de televisão tinha 84 anos, muitos deles vividos na cidade natal, determinante em sua formação. Lugares como o Maracanã, o Centro e a Zona Sul estão em suas memórias, compartilhadas com o público em sua autobiografia. No volume 1 de “O livro de Jô: uma autobiografia desautorizada”, lançado em 2017, com o jornalista Matinas Suzuki Jr, ele conta um pouco desta trajetória, até o começo do sucesso, na década de 60.

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“Quando eu tinha 5 anos, adorava ficar sentadinho na mureta defronte de casa. Um flash marcante que guardo desse tempo é o de Getúlio passando, em carro aberto, pela nossa rua”, relembra o tricolor de coração, que vivia com os pais, o empresário Orlando Soares e a dona de casa Mercedes Leal Soares, em uma casa na Rua Farani, próxima ao Palácio Guanabara, onde Getúlio Vargas morava com a família, em Laranjeiras. O comediante estudou no Colégio Mallet Soares, em Copacabana, sendo depois transferido para o Colégio São Bento, no Centro.

Jô contava que o humor era de família, já que o pai, segundo ele, era especialista na observação e ter boas sacadas. Já a mãe tinha um humor explícito, de contar piadas e boas histórias. “Costumo dizer que meus pais me mimaram mas não me estragaram. Fizeram a coisa na medida certa”, dizia ele, filho único, que aos 12 anos foi estudar na Suíça, onde ficou até os 17. Aos 18 anos, em 1957, na piscina do Copacabana Palace, quando apresentava alguns números para amigos, um homem o chamou e perguntou quais eram seus planos para o futuro. Ele disse que planejava uma carreira na diplomacia e estudava para prestar o vestibular do Instituto Rio Branco. “Você pode estudar o que quiser agora, mas o que vai acabar fazendo de fato na vida é trabalhar no teatro”, disse o homem, que era o autor, ator e diretor Silveira Sampaio, uma das maiores influências da carreira de Jô. A piscina do hotel foi definida por Jô Soares como um dos seus “primeiros palcos”. “Descobri que todos poderiam amar um homem gordo”, contou Jô. O tradicional Café Lamas, no Flamengo, fundado em 1874, também aparece em suas memórias, já que além de frequentado pela família também é citado em algumas de suas obras. “Frequentado por boêmios, artistas, intelectuais, políticos, jornalistas e até por umas poucas ovelhas negras do clero, o Lamas também servia de precioso manancial de informações”, afirma em “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”, lançado em 2005.

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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, destacou em postagem nas redes sociais a importância de Jô Soares para a cidade e para o país. Paes foi um dos entrevistados do humorista no Programa do Jô, que ele comandou na Globo. “Perdemos hoje um ator de primeira, um comediante afiado, um entrevistador elegante que arrancava tudo de seus entrevistados. Acima de tudo, perdemos um apaixonado pelo Brasil que buscou usar sua arte para ajudar nas mudanças que tanto precisamos. Obrigado por tudo Jô Soares”, escreveu. O governador Cláudio Castro também lamentou em mensagem postada nas redes sociais: “O país perdeu hoje um dos mais brilhantes humoristas de sua história, com requintada inteligência, personalidade e capacidade de improviso. Jô Soares jamais será esquecido por quem assistiu a um de seus personagens ou repetiu um de seus bordões. Meus sinceros sentimentos à família deste brasileiro, que também se destacou no mundo das artes como diretor e escritor”, disse o governador.

O time do coração também homenageou Jô Soares. “O Fluminense lamenta profundamente a morte do apresentador, humorista, ator e escritor Jô Soares, um dos principais nomes do cenário cultural brasileiro e Tricolor de coração. Desejamos muita força aos amigos e familiares”, postou o clube nas redes sociais. A paixão pelo futebol também foi usada em seus trabalhos, como o Zé da Galera, um dos personagens que interpretou em Viva o Gordo. Ele ligava de um orelhão para Telê Santana, então técnico da seleção brasileira, e criticava as escolhas do time. “Bota ponta na seleção!”, ficou marcado como um bordão.

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O Hipódromo da Gávea também ficou na história de Jô Soares. Desde criança ele ia ao Grande Prêmio Brasil usando meio fraque, colete, gravata, lenço na lapela e cartola. Mais velho, levava o filho único, Rafael, nascido do casamento com a primeira mulher, Therezinha Millet Austregésilo. “Sempre me emociono ao pensar no Hipódromo da Gávea, porque esse se tornou um dos locais que meu filho, Rafael, que era autista, sentia mais prazer em visitar. Passei várias tardes com ele olhando os cavalos no prado”, disse Jô Soares em sua autobiografia. Rafael morreu em 2014.

A causa da morte de Jô Soares ainda não foi divulgada. O velório e o enterro de Jô serão reservados apenas à família e amigos. A data e o local ainda não foram informados.

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