Bebê Rena do Brasil: Débora Falabella é perseguida por fã há 10 anos
Mulher tentou invadir camarim de peça da atriz e chegou a aparecer na porta do condomínio dela, tentando entrar; a artista tem medida protetiva contra ela
Sucesso na Netflix com a impressionante história (real) de um comediante que é perseguido por uma mulher, a série Bebê Rena tem uma versão brasileira da vida real: Débora Falabella revelou que passa pelo mesmo problema há mais de dez anos.
“É algo de que evito falar. Porque tem a minha história e a história dela, que, com certeza, tem problemas. Estão cuidando para que seja da forma melhor possível, tanto para mim quanto para ela”, disse a atriz ao jornal O Globo.
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“A gente viu essa série agora, Bebê Rena. Mas ali realmente ele deu muita…. Ele conversou… É essa relação de fã… É ruim para mim, que tenho sido… Tem uma perseguição atrás por um trabalho que faço e pelo qual essa pessoa chega até a mim. Eu sei que tem um problema”, analisou ela.
A stalker é uma moradora do Recife, em Pernambuco, hoje com 40 anos, e chegou a ir ao endereço da atriz, em São Paulo, de carro, com malas. Lá, pediu na portaria para entrar, mas não foi recebida. No mesmo dia, no início da noite, a mulher voltou ao local, encontrou uma funcionária de Débora passeando com um cachorro e disse a ela que mantinha “encontros telepáticos” com a atriz, além de gritar seu nome.
Esse episódio, que aconteceu em julho de 2022, motivou a atriz a fazer uma representação contra a mulher, pelo crime de perseguição (ou stalking), que é considerado crime desde 2021 e cuja pena vai de seis meses a dois anos. Mas a mulher havia começado a perseguir a atriz muito tempo antes.
Tudo começou em 2013, no Rio de Janeiro, quando ela entrou no mesmo elevador que a artista e pediu uma foto. Depois disso, enviou diversos presentes ao camarim da atriz, como uma toalha branca, objetos e uma carta com teor íntimo e invasivo.
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Em 2015, ela tentou acessar o camarim do Sesc Copacabana, onde Débora estava em cartaz com uma peça, mas foi retirada à força pelos seguranças. A atriz registrou o caso na delegacia pelo delito de ameaça (stalking ainda não era crime no Brasil), mas não continuou com o processo.
Em 2018, a stalker apareceu na primeira fila de uma peça que Débora estava apresentando em São Paulo e saiu logo após a atriz entrar em cena.
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Em 2022, ela criou um grupo no Instagram com Débora e uma de suas irmãs, a também atriz Cynthia Falabella, para enviar diversas mensagens. Em um dos textos, diz ter uma ligação telepática com a artista e manter relações sexuais com ela dessa forma. No mesmo ano, apareceu na porta do condomínio da artista e tentou entrar, mas foi impedida.
Em dezembro, ela descobriu que Débora estava hospedada em uma pousada na Bahia e foi até o local tentar encontrá-la. Ao voltar a São Paulo, a atriz recebeu o livro Romeu e Julieta (romance de Shakespeare em que os dois protagonistas são apaixonados e morrem), enviado pela stalker, com a mensagem: “Para o meu Romeu, com muito amor”.
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Somente depois disso a Justiça de São Paulo concedeu uma medida protetiva à atriz, estabelecendo que a perseguidora não poderia entrar em contato com Débora e deveria manter uma distância mínima de 500 metros dela, sob pena de prisão. Em junho do ano passado, o Ministério Público ofereceu denúncia, que foi recebida pela Justiça, o que tornou a suspeita ré pela prática de perseguição contra a atriz.
No entanto, em setembro do ano passado, a mulher descumpriu a medida protetiva, ao entrar em contato com Débora tanto pelo Instagram como pelo WhatsApp. Por isso, um mandado de prisão preventiva foi expedido em outubro.
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Em março deste ano, a stalker foi presa pela Polícia Civil de Pernambuco. Segundo o G1, a prisão ocorreu numa clínica psiquiátrica em Camaragibe, no Grande Recife, e a suspeita foi levada à Colônia Penal Feminina do Recife, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste da capital.
A mulher solicitou a revogação da prisão e alegou transtornos mentais (esquizofrenia e bipolaridade), porém a Justiça negou o pedido e reiterou a necessidade de realização de um exame psiquiátrico. No fim daquele mês, ela foi submetida a uma perícia psiquiátrica, sendo diagnosticada com esquizofrenia.
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Após a divulgação do laudo pericial que a considerou inimputável (incapaz de compreender a ilicitude de seus atos), a prisão preventiva da mulher foi revogada, mas ela ainda deve cumprir todas as medidas cautelares de afastamento da atriz, sob pena de internação provisória.
Na trama de Bebê Rena, que é baseado em uma história verídica acontecida com seu autor e protagonista, o comediante escocês Richard Gadd, conta a história de Donny Dunn (Gadd), que se divide entre seus shows de humor e o trabalho em um bar em Londres.
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Um dia, ele oferece um chá para uma cliente, Martha (Jessica Gunning), e os dois conversam. A partir daí, começa a perseguição. Donny, no entanto, tem algumas atitudes confusas em relação à mulher. Apesar de se sentir incomodado, ele a acompanha até em casa e até leva a stalker em um café. A série alega, em um flashback, que esse comportamento é devido a uma história traumática vivida pelo comediante.
Gadd afirma ter sido perseguido durante quatro anos, durante os quais teria recebido 41 071 emails, 350 horas de mensagens de voz, 744 tweets, 46 mensagens no Facebook e 106 páginas de cartas. Ao jornal The Guardian, ele contou que a polícia não acreditou nele em sua primeira tentativa de denúncia.
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Em entrevista ao The Times, Richard disse que, no início, seus colegas de trabalho acharam que ele tinha uma admiradora. “Então, ela começou a invadir minha vida, me seguindo, aparecendo nos meus shows, esperando do lado de fora da minha casa”, descreveu.
Fiona Harvey, mulher que diz ter inspirado a Martha da série, está processando a Netflix, produtora da obra. Ela acusa a empresa de difamação, violência emocional, negligência e violação de direito, e pede uma indenização de pelo menos 170 milhões de dólares (cerca de 893,9 milhões de reais).
A mulher nega ter perseguido ou agredido o comediante. Também nega ter sido condenada e presa, como acontece com a personagem da produção. Porém, não há nenhuma confirmação oficial de que a personagem da série seja baseada em Fiona. Nem a Netflix nem Gadd falaram sobre isso.