Carlos Scliar, da Reflexão à Criação
Traços simples, que impressionam pela geometria perfeita e pela abundância de detalhes, sobressaem nas obras desta alentada exposição dedicada a Carlos Scliar (1920-2001). A mostra apresenta um panorama de mais de seis décadas de trabalho do renomado artista plástico, das primeiras produções, na década de 40, à icônica série comemorativa Descobrimento do Brasil, passando por gravuras gaúchas das décadas de 50 e 60. É possível perceber a evolução técnica de Scliar ao longo do tempo, em uma carreira inspirada por nomes como Lasar Segall (1891-1957) e Candido Portinari (1903-1962), dois dos mestres com quem estudou. Suas pinceladas conferem caráter dimensional a algumas obras, nas quais elementos parecem saltar dos quadros. Enquanto alguns de seus contemporâneos buscavam o contexto histórico, Scliar optou por retratar naturezas-mortas e a beleza de objetos simples. Bules, velas, taças, jarros, cestas de frutas e outros artigos singelos, que poderiam ser facilmente encontrados em uma mesa de jantar, enfeitam a grande maioria dos quadros, que não eram pintados em telas convencionais, mas em tapumes de madeira forrados de jornal. No acervo, selecionado sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, entram ainda obras de serigrafia e desenhos em nanquim.