Onde comer acarajé, o mais novo patrimônio histórico e cultural do Rio
Presente na paisagem carioca desde o período da escravidão, o bolinho de feijão-fradinho frito no dendê pode ser encontrado da Zona Sul à Zona Norte
Embora a receita seja baiana, o acarajé está presente há muito tempo na paisagem do Rio, tendo grande importância, sobretudo para a população negra local. No período da escravidão, as baianas que vendiam o bolinho e outras delícias de sua terra pelas ruas da cidade utilizavam o lucro obtido para comprar sua alforria e as de outros companheiros escravizados.
Pois agora o bolinho de feijão-fradinho, cebola e sal, frito no óleo de dendê, finalmente teve sua importância para o Rio conhecida: esta semana, a receita se tornou patrimônio de valor histórico e cultural do estado, por meio da Lei 10.157/23.
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Em iorubá, “àkàrà” significa “bola de fogo”, o que se refere ao modo de preparo (é só pensar nos bolinhos imersos no dendê quente) e “je” significa “comer”. Ou seja: “comer bola de fogo”. Comida sagrada do candomblé, ele é oferecido os orixás Xangô e Iansã, entre outras figuras importantes da religião. Mas muita gente não adepta dessa fé já foi seduzida pelo aroma perfumado da receita, que pode ser encontrada em diversos cantos do Rio.
O Acarajé da Naná, disponível aos sábados, das 9h às 17h, na Cobal do Humaitá (Rua Voluntários da Pátria, 446), segue a tradição. Ele é feito e vendido há 22 anos no local pela baiana Naise Gomes, a Naná, e seus ajudantes, todos vestidos a caráter, de branco, em uma banca com diversas delícias da terra da cozinheira. O acarajé pode vir na versão grande, por R$ 20,00, ou míni, com dez unidades e os recheios servidos separadamente, por R$ 70,00.
Aberto há cinco anos, o Afro Gourmet (Rua Barão do Bom Retiro, 2316, Grajaú) é resultado das viagens da chef e sócia Dandara Batista, que foi a alguns países do Continente Mãe conhecer de perto a gastronomia local. O resultado é um cardápio que combina cozinha ancestral africana com toques brasileiros. Por lá, a porção de miniacarajés (R$ 20,00, com dois) chega à mesa com vatapá, caruru e camarão.
Localizada desde 2017 na Pequena África, onde as primeiras baianas de acarajé fizeram história, a Casa Omolokum (Rua Tia Ciata, 51, Saúde), comandada pela chef Leila Leão, é dedicada à comida de terreiro, com um orixá homenageado a cada semana. O acarajé, recheado de vatapá, caruru, camarão e saladinha de tomate, sai por R$ 25,00 a unidade). O restaurante abre às 13h para almoço, mas os bolinhos só são vendidos a partir das 15h, de sexta a domingo.
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Baiana de Canavieiras, há mais de trinta anos radicada no Rio, a chef Isis Rangel, que ficou famosa à frente do saudoso Siri Mole, pilota desde 2018 o Sabores de Gabriela (Rua Maria Angélica, 197, Jardim Botânico), que reverencia a comida de sua terra. Um dos carros-chefes da casa é justamente o acarajé, que vem com camarão, vatapá, caruru e saladinha, na versão individual (R$ 33,00), ou míni (R$ 66,00, a porção com quatro).
Filha de Oyá (ou Iansã), a chef Andressa Cabral leva para o cardápio do Yayá Comidaria Pop Brasileira (Rua Gustavo Sampaio, 361, Leme), do qual é sócia, o resultado do encontro entre sua vivência pessoal e sua pesquisa sobre a herança africana na gastronomia brasileira. E é claro que o acarajé, comida de Iansã, não poderia ficar de fora.
No Yayá, aberto em 2021, ele está presente na versão míni, na porção com seis unidades do bolinho (R$ 49,00), servidas com vatapá, caruru, camarões defumados e saladinha; ou na Patota de Cosme (R$ 29,00), inspirada na comida dos erês e nas festas de Ibeji, em que o miniacarajé vem com vatapá, caruru, omolokum (receita à base de feijão-fradinho) e acaçá (à base de milho branco).
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