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Grace Passô leva ao palco montagem fragmentada sobre negritude

Com algumas cenas melhores do que outras, "Preto" passa a sensação de várias peças dentro de uma só

Por Renata Magalhães
Atualizado em 2 fev 2018, 11h31 - Publicado em 2 fev 2018, 11h30
Preto
Renata Sorrah e Grace Passô: um bom encontro entre sobressaltos (Nana Moares/Divulgação)

Grace Passô leva ao palco montagem fragmentada sobre negritudeGrace Passô leva ao palco montagem fragmentada sobre negritudeGrace Passô leva ao palco montagem fragmentada sobre negritude Preto. A ousadia para tratar de temas pungentes, como identidade e protagonismo feminino, caracteriza Vaga Carne (2016) e Mata Teu Pai (2017), espetáculos com texto de Grace Passô. Em Preto, empreitada ainda mais desafiadora, ela divide a autoria com o diretor Marcio Abreu e a atriz Nadja Naira. Os temas atacados, desta vez, são autoimagem, negritude e racismo. É o que se depreende de uma montagem fragmentada, com algumas partes sublimes, mas que não se conectam durante a sessão. Também no elenco, Grace canta lindamente. Em pelo menos outros dois momentos, cativa a atenção do público ao contracenar com Renata Sorrah, remetendo à encenação histórica de As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, com a própria Sorrah e Fernanda Montenegro, na década de 80. Um pas de deux masculino de tirar o fôlego, coroado pela presença de um objeto de cena surpreendente, e a contundente fala final de Cássia Damasceno são outros trunfos teatrais testemunhados pela plateia. Ao final, no entanto, perdura a vaga impressão de que se assistiu a várias peças dentro de uma só — os acertos já citados são entremeados de situações ininteligíveis, como aquela em que Nadja Naira corre nua e manchada de sangue pelo palco —, sem a devida liga a uni-las (90min). 14 anos. CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quarta a domingo, 19h30. R$ 20,00. Até 11 de março.

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