Espetáculos teatrais para assistir na última semana de novembro

Entre os destaques, Esperando Godot, clássico de Samuel Beckett, a última peça dirigida pelo mestre José Celso Martinez Corrêa

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 29 nov 2024, 12h06 - Publicado em 25 nov 2024, 19h18
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Suzy Brasil: estreia de novo espetáculo misturando humor, dança e lipsync (Jeff Balbino/Divulgação)
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Por incrível que pareça, estamos prestes a entrar no último mês do ano – voou, não? – e, antes que as noites sejam tomadas por confraternizações com diferentes grupinhos, é tempo de ir ao teatro. Aliás, sempre é tempo de ir ao teatro. Confira os destaques em cartaz nas ribaltas cariocas.

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QComédia.

Misturando stand-up, dança, cenas e talk shows, Suzy Brasil estreia o espetáculo, celebrando a diversidade e a inclusão, com diversos convidados. Idealizado por Jaffer Soares e Marcelo Souza, intérprete da hilária personagem que estrela a performance, QComédia vai contar com a participação especial da atriz Maria Clara Gueiros. O elenco inclui Galba Gogoia, Rafa Brits, Rômulo Bellotti e Kibba. Um dos destaques é a esquete Cenas de Orgulho, que reúne o elenco e convidados em narrativas do cotidiano. Já o quadro Confronto das Bees traz drags competindo em desafios, dividindo-se em duas partes: uma competição de talentos e, na sequência, uma eletrizante performance de lipsync.

Teatro Clara Nunes. Shopping da Gávea – terceiro piso. Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea. Ter. (26), 20h. Ingressos a partir de R$ 40,00 (meia, balcão), pela Sympla.

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Esperando Godot.

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Esperando Godot: testemunho do fim de uma época, do declínio de uma sociedade, do esgotamento da possibilidade de ação humana (Jennifer Glass/Divulgação)

Última peça dirigida por José Celso Martinez Corrêa (1937-2023), o clássico de Samuel Beckett conta com Alexandre Borges, Marcelo Drummond e atores do Teatro Oficina no elenco. Zé Celso transformou a montagem numa obra urgente, potente e atualíssima, com a incorporação de temas e personagens que contracenam com a vida no Brasil de hoje. O trabalho marca também o reencontro do ator Alexandre Borges com o Teatro Oficina, após 30 anos. Estragão (Drummond) e Vladimir (Borges) são dois palhaços vagabundos que se encontram no fim do mundo, na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, embora não saibam quem ou o que é, a dupla se encontra com as personagens que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias inquietantes que podem determinar a perpetuação da inércia ou a libertação total da paralisia numa reviravolta absurda. Mas afinal, até quando Esperar Godot?

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Teatro Carlos Gomes. Praça Tiradentes, s/nº, Centro. Qui. e sex., 19h. Sáb. e dom., 17h. Ingressos a partir de R$ 40,00 (meia) pela Riocultura. Até 8 de dezembro.

É o Amor.

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Aline Wirley e Igor Rickli: casal estrela musical sobre a diversidade (./Divulgação)

Estrelado pelo casal Aline Wirley e Igor Rickli, o musical mescla romance, música e humor com uma abordagem única sobre o afeto e as relações familiares, numa homenagem à diversidade cultural. O texto é de Pedro Brício. A montagem encerra a programação especial do mês da Consciência Negra do Teatro I Love PRIO.

Teatro I Love PRIO. Jockey Club Brasileiro. Avenida Bartolomeu Mitre, 1110, Leblon. Sex. (29) e sáb. (30), 20h. Dom (1º), 19h. Ingressos a partir de R$ 40,00 (meia), pela Sympla

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Ideias Para Adiar o Fim do Mundo.

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Yumo Apurinã: ator rondoniense estrela o espetáculo baseado na obra de Ailton Krenak (Andrea Rocha/Divulgação)

Num planeta em crise, um indígena nascido numa aldeia, em Rondônia, investiga as raízes de seu povo apagadas pela colonização. A peça é inspirada nas obras de Ailton Krenak, que pela primeira vez ganham o palco. Falas, o pensamento e a trajetória do líder indígena Ailton Krenak, imortalizado pelo seu protesto na Constituinte de 1987, alinhavam a performance, que investiga as raízes da colonização que, como aponta Krenak, segue em curso, produzindo extermínio, etnocídio, devastação ambiental, expropriação de terras e tragédia climática, por meio de tiro, fogo, bíblia, soja, boi, estrada e cimento.

Futuros – Arte e Tecnologia. Qui. a dom., 20h. Ingressos a partir de R$ 30,00 (meia) pela Sympla. Até 22 de dezembro.

Memórias de Terra e Água.

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Memórias de Terra e Água: espetáculo é inspirado em contos de Mia Couto (Bruno Vinelli/Divulgação)

André Morais, multiartista paraibano, concebeu o espetáculo que explora no palco a dramaturgia cênica unida à linguagem musical. Acompanhado do músico Viktor Makeba, o ator evoca a ancestralidade e a prosa poética do escritor moçambicano Mia Couto, construindo uma ponte entre África, Brasil e o universo íntimo do artista. A dramaturgia, escrita pelo artista a partir dos contos do autor africano, tem uma ligação emocional com a memória de seu pai, homem de ascendência africana, morto há 8 anos. Essas histórias formam a ideia de uma única jornada, a do ser humano frente ao mistério de estar vivo. São abordados conceitos como finitude, desejo, ímpeto de vida e morte. A direção é de Lúcia Serpa.

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Mezanino do Sesc Copacabana. Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Qui. a dom., 20h30. Ingressos a partir de R$ 7,50 (para associados do Sesc) Até 15 de dezembro.

Gabriela – O Musical.

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Gabriela – O Musical: Sarah Aysha e Allan Baluwt encarnam a protagonista e Nacib, respectivamente (./Divulgação)

Produzido pelo Ceftem, o musical é uma adaptação do clássico de Jorge Amado, dirigido por João Fonseca e Nellor Marrese. Na Ilhéus da década de 1920, a história acompanha Gabriela, uma jovem que, ao chegar na cidade, transforma a vida local com sua beleza, espontaneidade e liberdade. A obra explora as transformações de Ilhéus entre tradição e modernidade, em um espetáculo que se conecta com temas atuais, como a liberdade feminina e a luta pelos direitos das mulheres. O elenco é formado por 24 artistas que entoam músicas originais de Tony Lucchesi e João Fonseca e clássicos da MPB.

Teatro Dulcina. Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro. Sex. e sáb., 19h. Dom., 18h. Ingressos a partir de R$ 40,00 (meia) pela Sympla. Até 8 de dezembro. 

O Dia Em Que Vão Embora.

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Atores do Fim: criação coletiva após formatura na CAL (Murillo Medeiros/Divulgação)
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O grupo Atores do Fim reúne artistas recém-formados pela Casa das Artes de Laranjeiras e leva aos palcos sua peça de estreia, com dramaturgia de Lara Bereta e direção de João Gofman. Explorando a metalinguagem, o espetáculo busca diluir fronteiras entre o real e o ficcional, já que os textos são extremamente pessoais. A personagem principal, Autora, tenta escrever uma peça navegando pelas memórias de cenas que ela mesma escreveu, mas que nunca terminou. No meio do caminho, em uma noite estranha, ela é confrontada pelo seu passado e pelo luto, através de personagens simbióticos, espelhos dos seus sentimentos, que organizam uma festa surpresa indesejada. Em cena, Bruno Jugend, Eduardo Soares, Júlia Nepomuceno, Lara Bereta, Marcela Garcia, Pedro Tabet, Raphael Montenegro e Rebeca Souza.

Sede da Cia dos Atores. Rua Manoel Carneiro, 12, Lapa. Sex. e sáb., 20h. Dom., 19h. Ingressos a partir de R$ 25,00 (meia), pela Sympla.

O Rei do Rock – O Musical.

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O Rei do Rock: o ator Beto Sargentelli encarna Elvis Presley no palco (Beto Sargentelli/Divulgação)

Após uma temporada de sucesso em terras paulistanas, o espetáculo chegou ao Rio a preços populares, com ingresso a 5 reais (a inteira). Idealizado, escrito, produzido e estrelado por Beto Sargentelli, a montagem nasceu da paixão do ator e cantor pelo ícone mundial Elvis Presley. A pesquisa durou sete anos. A história é permeada por todos momentos fundamentais da história de Elvis Presley, desde sua primeira gravação aos 18 anos, quando ainda era um jovem tímido de Tupelo, no Mississippi, até o auge de sua fama e o triste fim de sua vida, aos 42 anos. Cada etapa da trajetória do ídolo é representada com sensibilidade e rigor histórico, sem deixar de lado o impacto cultural que o cantor teve no mundo da música e na sociedade como um todo.

Teatro João Caetano. Praça Tiradentes, s/n, Centro. Sex., 19h. Sáb. e dom., 17h. Ingressos a partir de R$ 2,50 (meia) pelo site da Funarj. Até 8 de dezembro.

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Céu de Agora.

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Grupo Pedras: experiência itinerante pelo Parque Glória Maria (./Divulgação)

O novo experimento cênico do Grupo Pedras de Teatro ocupa o Parque Glória Maria, em Santa Teresa. A direção e a concepção são de Marina Bezze, que tenta transpor a astrologia para a cena. O espetáculo acontece de forma itinerante, por todo o parque, convidado o público a mergulhar nesse mundo místico e no céu de cada dia, que nunca se repete. O elenco é formado por Anah Paula Secco, Camila de Aquino, Diogo Magalhães, Fábio Freitas, Georgiana Góes, Helena Stewart, João Lucas Romero, Tyaro Maia e Vanessa Pascale, que representam o sol, a lua, Marte, Mercúrio, Saturno, Vênus, Plutão, Netuno e Urano.

Parque Glória Maria. Rua Murtinho Nobre, 169, Santa Teresa. Qua. e qui., 19h. Até 5 de dezembro. Ingressos a partir de R$ 40,00, pelo site da prefeitura

Aqueles Que Deixam Omelas.

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Aqueles Que Deixam Omelas: fábula estrelada por João Pedro Zappa apresenta paradoxos: beleza e sofrimento, liberdade e opressão, justiça e injustiça, dor e prazer (Maria Estephania/Divulgação)

É possível criar um mundo verdadeiramente justo? O que fazer quando cada movimento com esse objetivo parece gerar novas e desconhecidas injustiças? Esses questionamentos guiam o solo narrativo baseado no conto homônimo da renomada autora americana Ursula K Le Guin (1929-2018), nunca publicado no Brasil. Com direção de João Maia P e atuação de João Pedro Zappa, a montagem é construída a partir do encontro do espectador com o narrador, um viajante solitário. Desde que deixou Omelas, ele percorre o mundo contando a história desse lugar de nome exótico, desconhecido por todos.

Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – Sala Preta. Rua Visconde de Silva, ao lado do n° 292, Humaitá. Sex. e sáb., 19h. Dom., 18h. Ingressos a partir de R$ 20,00 (meia) pelo site da prefeitura ou na bilheteria. Até 15 de dezembro. 

Solidão de Caio F. 

Solidão de Caio F
Solidão de Caio F.: Hilton Vasconcellos e Rick Yates dão vida a contos do escritor gaúcho (Felipe O Neil/Divulgação)

A busca pelo amor verdadeiro nas grandes metrópoles e a poesia extraída da dor de se sentir só permeiam os textos do jornalista, dramaturgo e escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), que deixou uma extensa obra, composta por contos, romances, novelas e peças teatrais. O espetáculo une dois contos do autor sobre o tema (Uma Praiazinha de Areia Bem Clara, Ali, na Beira do Sanga e Dama da Noite), além de cartas escritas entre 1987 e 1990. Com direção de Alexandre Mello e texto de Hilton Vasconcellos, a peça evoca imagens de uma época de homofobia explícita por conta da desinformação sobre a aids e da grande dor existencial desta geração que viveu o golpe militar e a decadência das artes e da cultura no país. Em cena, um único homem, o escritor, desdobra-se em dois personagens, que estão em um mesmo ambiente, mas não se encontram, por pertencerem a contos diferentes. Os atores Hilton Vasconcellos e Rick Yates são cérebro e coração do autor, num mesmo espaço-tempo, contracenando indiretamente.

Ateliê Alexandre Mello. Rua Alice, 1658/201, Laranjeiras. Sex. e sáb., 20h30. Dom., 19h30. A casa abre 30 minutos antes das sessões e o bar funciona antes e depois do espetáculo. Ingressos a partir de R$ 25,00 (meia), pela Sympla. Até 22 de dezembro. 

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