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Sete perguntas para Regina Casé

No filme Três Verões, de Sandra Kogut, ela encarna mais um tipo popular. "Rodei muito pelo Brasil e conheci mulheres das quais roubei palavras e gestos"

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 9 mar 2020, 10h46 - Publicado em 6 mar 2020, 12h20

Sucesso em Amor de Mãe, como a protagonista Dona Lurdes, Regina Casé vai encarnar mais uma personagem popular. Desta vez, ela é Madá, serviçal com pinta de patroa, no longa Três Verões, dirigido pela cineasta Sandra Kogut. Com dois pés na realidade, o filme, com estreia prevista para 19 de março, mostra o desmantelamento de uma família rica depois de escândalos de corrupção. Exibido em festivais internacionais, o trabalho rendeu a Regina, em novembro passado, o prêmio de melhor atriz no 56º Antalya Golden Orange Film Festival, na Turquia. Sobre a nova produção, ela conversou com VEJA RIO.

Como é estar em cartaz nos cinemas e no horário nobre da TV numa época em que a cultura vem sofrendo tantos ataques e cortes? Sinto que estou no lugar certo, na hora certa. Em 2019, montei uma peça (o monólogo Recital da Onça) depois de anos, justamente no momento mais difícil para levantar um projeto teatral. Estou estreando agora um filme em um período em que o cinema está recebendo bem menos incentivos. A dramaturgia, para mim, é o único lugar possível para estar neste exato momento.

Você já pode se considerar especialista em interpretar mulheres simples. Isso a incomoda? Pelo contrário, eu me orgulho muito desses papéis. E existem muitas razões para isso. A primeira delas é eu nunca ter feito plástica (risos). Hoje em dia é difícil achar alguém para interpretar uma cangaceira ou uma empregada doméstica, por exemplo. Como muitas atrizes fizeram intervenções estéticas, fica claro que elas têm grana. Em segundo lugar, já rodei muito pelo Brasil e conheci muitas mulheres que me inspiraram.

Qual a diferença entre a Dona Lurdes, de Amor de Mãe, e a Madá, sua personagem no longa Três Verões? A Madá é uma personagem que eu conheço bem. É muito segura e, apesar de ser empregada, é ela quem comanda tudo. Por ser carioca, ela é diferente das mulheres que venho interpretando, em geral mais tímidas. Ela é muito esperta, desenrolada, empreendedora, sonha em abrir o próprio negócio. Se tivesse mais oportunidades, alcançaria feitos incríveis, como tantas outras mulheres que conhecemos na vida real.

O filme fala sobre a corrupção vista pelos olhos dos empregados de pessoas que foram presas durante os escândalos que abalaram o país. Foi isso que a motivou a fazer o filme? Na verdade, a minha principal motivação foi trabalhar com a Sandra Kogut (cineasta). Estávamos nos devendo mais essa parceria. Fizemos um curta juntas, em 1995, e não sabíamos se a próxima empreitada seria no teatro ou no cinema. O assunto do filme acabou se impondo e nos apaixonamos por ele. Então rolou.

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Após um hiato de dezoito anos, você está de volta às novelas e é uma das principais responsáveis pelo sucesso de Amor de Mãe. Como é lidar com essa responsabilidade? Eu nem penso nisso. Essa novela é um trabalho visceral. Às vezes eu decoro o texto, mas, no momento em que ponho os óculos, a bolsa atravessada e a toalhinha da Lurdes, eu emprego expressões que nem lembrava que sabia.

Podemos esperar mais participações em novelas após esse sucesso estrondoso? Se depender das redes sociais, acho que sim. Os comentários que mais leio são “Como você ficou tanto tempo longe da TV?”. Também fiquei longe do teatro e do cinema, mas, infelizmente, pouca gente no Brasil tem acesso a esses meios. A novela é o lugar em que a maioria da população confere o nosso trabalho. Acho muito importante fazer novela e ter a oportunidade de burilar um trabalho ao longo de um ano.

Qual é o papel que você ainda não fez, mas sonha em interpretar? Todo mundo brinca que agora eu tenho de fazer uma ricaça e, quem sabe, muito má. Vai ser um bom contraponto depois da Lurdes e da Madá.

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